O dólar passou ontem pela terceira sessão consecutiva de perdas ante o real, sob influência do exterior e do cenário político brasileiro. Os desdobramentos da Operação Lava Jato reforçaram a percepção de que a presidente Dilma Rousseff pode perder o mandato, o que é bem visto pelo mercado. O dólar à vista cedeu 1,35%, aos R$ 3,890, na menor cotação desde 29 de dezembro.
Profissionais do mercado disseram que a aparente discrepância entre o que ocorria no Brasil e em outras praças era resultado direto do noticiário político. A notícia de que executivos da Andrade Gutierrez relataram, em delação premiada, pagamentos diretos a empresa contratada pela campanha de Dilma Rousseff em 2010 era citada nas mesas. A leitura era de que, mesmo que não sirva de motivo direto para a perda de mandato, a delação complica a situação de Dilma tanto no Congresso quanto no TSE.
Surgiram ainda notícias de que a Odebrecht teria feito pagamentos no Brasil a uma empresa da enteada do publicitário João Santana, marqueteiro das campanhas de Dilma. Os repasses, entre 2013 e 2014, seriam de R$ 134 mil.
Estas informações sustentaram o dólar em baixa no Brasil ao longo da manhã e também à tarde, em meio à avaliação de que elas enfraquecem Dilma e, no limite, podem provocar uma mudança na presidência. E com um novo governo, avaliam os players, o Brasil tem mais chances de se recuperar.
A Bovespa fechou o terceiro pregão consecutivo em alta, em um dia com noticiário corporativo forte, vaivém dos preços do petróleo e expectativa quanto ao cenário político. O Ibovespa encerrou a sessão com valorização de 1,75% aos 44.893 pontos, o maior nível de 2016 e o maior desde meados de dezembro do ano passado. O giro financeiro foi de R$ 7,77 bilhões. A alta generalizada das blue chips fomentou a alta, sendo que o desempenho da Vale foi o mais forte.