Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

JC Logística

- Publicada em 31 de Março de 2016 às 21:48

Aeronaves categoria experimental

A certificação do produto aeronáutico foi criada para estabelecer requisitos mínimos de projeto e fabricação que garantam um grau de segurança elevado na aviação. Esses requisitos são detalhados e abrangentes, de forma a assegurar que a probabilidade de falha, ou combinação de falhas, que resulte em catástrofe, seja extremamente baixa.
A certificação do produto aeronáutico foi criada para estabelecer requisitos mínimos de projeto e fabricação que garantam um grau de segurança elevado na aviação. Esses requisitos são detalhados e abrangentes, de forma a assegurar que a probabilidade de falha, ou combinação de falhas, que resulte em catástrofe, seja extremamente baixa.
O custo de certificação de um avião ou helicóptero varia grandemente com seu porte e principalmente com sua utilização. Os requisitos são organizados de forma que aeronaves menores, de uso eventual, possuam requisitos mais brandos e de comprovação menos complexa do que aeronaves maiores de uso comercial. Mesmo sendo organizada desta forma, a certificação de um avião ou helicóptero representa parte substancial de seu custo de desenvolvimento.
Existe, porém, um segmento da aviação que não está sujeito às necessidades da certificação aeronáutica. Este segmento é composto por entusiastas, pessoas que gostam e se sentem atraídas por aviões. Eles são pilotos, engenheiros, administradores, na sua maioria autodidatas, que desenvolvem aeronaves de pequeno porte, para uso pessoal em voos desportivos ou de lazer.
O órgão regulador entende que o processo de certificação inviabilizaria por completo este segmento tão importante para a aviação como um todo e, por esta razão, permite a existência da categoria de registro de aeronaves experimentais, ou seja, aeronaves que os entusiastas podem projetar, construir e voar a sua paixão.
Se tais aeronaves não têm seu projeto e produção submetidos a um processo formal de certificação, a autoridade estabelece regras claras de operação, com limitações para o sobrevoo em áreas densamente povoadas e a proibição da utilização da aeronave em atividades remuneradas. Isso é necessário, pois, embora o piloto/projetista conheça e esteja disposto a assumir os riscos de voar em seu avião, as pessoas no solo não conhecem e não podem ser expostas a este mesmo risco.
Tais aeronaves possuem frequentemente peso máximo de decolagem inferior a 650 kg e capacidade de transporte de dois passageiros, incluindo o piloto. Com motores convencionais e hélices de passo fixo, sua construção e operação são bastante simples.
No Brasil, segundo dados da Anac de março de 2016, existem pouco mais de 4.400 aeronaves registradas como experimentais, das quais 70% possuem peso máximo de decolagem igual ou inferior a 650 kg e capacidade para até dois passageiros. As aeronaves com capacidade para cinco ou menos passageiros representam 95% da frota registrada como experimental, o que demonstra o alinhamento com o espírito da regulamentação. 
Em qualquer indústria autorregulada, o usuário final está exposto a bons e maus produtos, cabendo a ele avaliar diligentemente o que está comprando. Numa análise preliminar, nota-se que, na sua grande maioria, o mercado de kits aeronáuticos e aeronaves experimentais possui fabricantes sérios que conhecem e assumem a responsabilidade pelo que produzem, mas alguns exageros acontecem. 
Hoje, encontramos kits de aeronaves com motores a reação, capacidade para mais de sete passageiros, velocidades de cruzeiro iguais ou superiores às de aeronaves certificadas, e por preços equivalentes aos de aviões certificados. Tais exageros, embora poucos, são um claro desvio à intenção da regulamentação, usando de interpretações da mesma para fugir dos custos e dos testes necessários para garantir a segurança mínima de seus produtos.
Ninguém deve duvidar da importância e do valor desse segmento da indústria. No Brasil, e em outros países do mundo, as aeronaves experimentais representam uma parcela significativa das aeronaves registradas, movimentando a economia, gerando empregos e desenvolvimento. Entretanto, para o sucesso e segurança do próprio segmento, a autoregulamentação deve funcionar. Os participantes do mercado, entusiastas, engenheiros, mecânicos e pilotos devem reforçar as regras existentes evitando a exposição de vidas a riscos desnecessários. 
Um piloto que elabora um plano de voo com uma aeronave experimental sobre uma área densamente povoada está infringindo uma regra clara dos regulamentos. Tal infração pode gerar descrédito sobre toda a indústria, trazendo custos desnecessários e inviabilizando a existência de aeronaves leves desportivas no Brasil.
Assim, a mera existência de aeronaves experimentais não representa perigo adicional à população ou à comunidade aeronáutica, desde que suas poucas regras sejam seguidas por todos, e que a própria indústria repudie os maus fabricantes, operadores e distribuidores.
Engenheiro aeronáutico e sócio-presidente da Vinci Aeronáutica
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO