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JC Logística

- Publicada em 03 de Março de 2016 às 22:11

OMS critica velocidade de 80 km/h nas cidades

 Freira aguarda para atravessar em faixa expressa de Brasília. Limite de 80 km por hora nas cidades é alto, diz coordenadora da OMS Margie Peden  Foto André Coelho Agência O Globo

Freira aguarda para atravessar em faixa expressa de Brasília. Limite de 80 km por hora nas cidades é alto, diz coordenadora da OMS Margie Peden Foto André Coelho Agência O Globo


ANDRÉ COELHO/AGÊNCIA O GLOBO/JC
A taxa de mortes no trânsito no Brasil é alta: 23,4 para cada 100 mil habitantes em 2013, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Está acima da média mundial e entre as mais altas da América. Mas a coordenadora de Prevenção de Lesões Não Intencionais da OMS, Margie Peden, é otimista em relação ao Brasil. Segundo ela, o País tem boas leis de trânsito e, se continuar aplicando-as, conseguirá reduzir as mortes. No entanto, ela critica limite de velocidade de 80 km por hora em muitas vias das cidades brasileiras.
A taxa de mortes no trânsito no Brasil é alta: 23,4 para cada 100 mil habitantes em 2013, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Está acima da média mundial e entre as mais altas da América. Mas a coordenadora de Prevenção de Lesões Não Intencionais da OMS, Margie Peden, é otimista em relação ao Brasil. Segundo ela, o País tem boas leis de trânsito e, se continuar aplicando-as, conseguirá reduzir as mortes. No entanto, ela critica limite de velocidade de 80 km por hora em muitas vias das cidades brasileiras.
Países de baixa renda em geral têm altas taxas de mortes no trânsito. Países de alta renda tem taxas baixas. O aumento na renda é suficiente para reduzir as mortes?
Margie Peden - Infelizmente não. É verdade que, à medida que os países se desenvolvem e se motorizam, há um aumento nas mortes e, em seguida, uma estabilização após a adoção de medidas de segurança no trânsito. Porém, em muitos países europeus, a renda continua a aumentar, assim como o número de veículos, mas o número de mortes (em alguns países) têm diminuído. Na região do Mediterrâneo Oriental (que inclui países do Oriente Médio e Norte da África), os países de alta renda têm taxas de morte muito mais altas do que nos países de baixa e média renda.
Há muitos carros no planeta?
Margie - O problema é mais de gerenciamento de trânsito. De fato, muitas cidades tem um alto número de carros enquanto nós tentamos reduzir emissões, congestionamento e outros desafios relacionados. Isso também pode ser problemático para a segurança no trânsito e outros aspectos da vida urbana. Uma mudança em direção a opções de transporte sustentáveis, como BRTs, monotrilho etc. deveria ser incluída nas estratégias de segurança.
O investimento em transporte público reduz acidentes e mortes?
Margie - Pode reduzir, mas o transporte público tem que ser seguro, de preço razoável, e acessível. Em resumo, tem de atender às necessidades de transporte do povo. Bogotá é um exemplo de cidade que conseguiu levar a população do transporte motorizado individual para o transporte público.
Nos últimos 10 anos, muitos brasileiros que não tinham dinheiro para comprar um carro finalmente puderam comprar um. Como dizer a eles, num País onde o transporte público tem sérias deficiências, que não comprem um carro ou, ao menos, não o usem todos os dias?
De acordo com a OMS, o Brasil teve 23,4 mortes no trânsito por 100 mil habitantes em 2013. É uma taxa elevada?
Margie - A taxa está acima da taxa global de 17,5 por 100 mil habitantes e também acima da taxa regional (da América) de 15,9, e entre as mais altas da região. Há países na África com taxas entre 20 e 30, mas isso é considerado alto.
O Brasil está fazendo o suficiente para reduzir essa taxa?
Margie - Embora ainda não seja evidente que o Brasil tenha feito muito progresso para reduzir as mortes no trânsito, se você olhar a legislação, você verá que há leis de segurança no trânsito em linha com as melhores práticas para a maioria dos fatores de risco. Porém, limites de velocidade em áreas urbanas ainda são de 80 km/h, o que não está de acordo com as melhores práticas.
O que o País já fez de positivo?
Margie - Nos últimos cinco anos, houve progresso em relação à velocidade, à direção sob efeito de álcool. Novos níveis de punição foram definidos para o excesso de velocidade, dependendo da gravidade da transgressão. Novos níveis de penalidade foram definidos para quem dirige após beber. A lei do cinto de segurança está de acordo com as melhores práticas, mas as taxas de uso poderiam ser melhores.
Que países reduziram as mortes no trânsito e são exemplo para o Brasil e para o mundo?
Margie - Os líderes no mundo são Austrália, Espanha, França, Suécia, Holanda, Reino Unido, no nível nacional. Porém, muito pode ser feito no nível subnacional ou municipal.
A segurança no trânsito é uma questão de lei, de aplicação da lei, ou de cultura?
Margie - Todos são importantes. Segurança no trânsito precisa ser abordada de maneira abrangente. Legislação é um primeiro passo importante, mas se não for aplicada de pouco vale. Ter boas leis que são aplicadas podem mudar o comportamento relacionado à segurança no trânsito e conduzir à uma cultura de segurança no trânsito, mas isso leva tempo.
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