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Empresas & Negócios

Com a palavra

- Publicada em 28 de Março de 2016 às 19:19

Escritório Andrade Maia aposta no full service

Fundador fala que mercado exige petições cirúrgicas e sem data venia

Fundador fala que mercado exige petições cirúrgicas e sem data venia


MARCELO G. RIBEIRO/JC
O portfólio de clientes do escritório de advocacia gaúcho Andrade Maia é invejável. A receita de alguns nomes ultrapassa certamente a conta de dezenas de bilhões de reais, uma medida do que está em jogo em toda causa que a equipe entra. Estão desde as gigantes Braskem e a líder global de alimentos BRF, General Motors, e grifes do varejo - das Lojas Renner a Walmart, além de nomes que estão no olho do furacão da cena nacional, como o grupo Odebrecht, envolvido na Operação Lava Jato. Para dar conta de pesos-pesados, o sócio-fundador do escritório, o mineiro Danilo Andrade Maia, 68 anos, cita criatividade e tecnologia de solução de casos como trunfos. O resultado, observa, costuma ser estampado nas primeiras posições em rankings de publicações como a Análise Advocacia 500, uma das mais badaladas do setor jurídico no País.
O portfólio de clientes do escritório de advocacia gaúcho Andrade Maia é invejável. A receita de alguns nomes ultrapassa certamente a conta de dezenas de bilhões de reais, uma medida do que está em jogo em toda causa que a equipe entra. Estão desde as gigantes Braskem e a líder global de alimentos BRF, General Motors, e grifes do varejo - das Lojas Renner a Walmart, além de nomes que estão no olho do furacão da cena nacional, como o grupo Odebrecht, envolvido na Operação Lava Jato. Para dar conta de pesos-pesados, o sócio-fundador do escritório, o mineiro Danilo Andrade Maia, 68 anos, cita criatividade e tecnologia de solução de casos como trunfos. O resultado, observa, costuma ser estampado nas primeiras posições em rankings de publicações como a Análise Advocacia 500, uma das mais badaladas do setor jurídico no País.
JC Empresas & Negócios - Por que familiares não podem ser sócios do escritório?
Danilo Maia - Uma das regras aqui é que não se pode ter parentes entre os sócios. Tenho uma filha que é advogada, mas que preferiu atuar fora do País. A restrição permite que todos que estão na estrutura tenham possibilidade de chegar à sociedade desde que preencham alguns requisitos. Tive experiências muito ruins neste aspecto (sociedade familiar) antes de ter o escritório, pois as pessoas acabavam criando feudos. Quando fiz faculdade, todos os grandes escritórios em Porto Alegre eram familiares, e hoje não existe mais nenhum, todos quebraram. Não se transmite hereditariamente a qualidade. Levamos a profissionalização ao extremo.
Empresas & Negócios - Qual é o tamanho da estrutura para dar conta de tantos clientes?
Maia - São quase 200 advogados, além de dezenas de funcionários somente na sede, e temos mais de 150 escritórios de advocacia pelo Brasil, pois precisamos ter capacidade para desenvolver demandas altamente estruturadas, como da Operação Lava Jato (que envolve o grupo Odebrecht) e dar conta das necessidades de clientes que incluem Lojas Renner, Embratel/Claro, BRF, Braskem, General Motors. São 40 corporações. Na maior parte delas, fazemos todas as áreas - do cível, consumidor a tributário. Temos a rede de correspondentes, alguns próprios, mas produzimos tudo intelectualmente em Porto Alegre. Os escritórios cumprem os atos locais, de Norte a Sul, e seguem o que chamamos de padrão Andrade Maia. Onde tivermos processo, temos alguém. Esse é um grande diferencial frente a concorrentes. Além disso, investimos pesadamente em sistemas para digitalizar e arquivar processos, cuja armazenagem ocupa hoje sete terabytes, volume que cresce um terabyte ao ano!
Empresas & Negócios - O escritório precisa operar como uma grande empresa?
Maia - Para brigar pelo mercado nacional, precisamos criar uma estrutura pesada e capaz de oferecer aos clientes um full service, que é a possibilidade de concentrar toda a demanda em um só lugar, ganhando em custo e concentrando todas as áreas do Direito adequadas e montadas. Nossa visão sempre foi a de ter uma escala maior para virar uma operação nacional. Estar na Capital gaúcha tem a vantagem da mão de obra mais qualificada. Nascemos no Sul e nos fortalecemos para fora, no País e exterior.
Empresas & Negócios - Como é a concorrência entre escritórios?
Maia - Se não estivermos sempre atualizados e qualificados, com uma dose grande de criatividade e talento para resolver conflitos em juízo ou fora dele, o mercado busca alternativas. Muito da expertise se adquire na atuação em casos (leading case), desenvolvendo tecnologias de solução. Escritórios como o nosso podem aplicar soluções para clientes de segmentos bem diferentes. Isso é ser criativo. É a vantagem de estarmos fora (das empresas), lidando com muitos assuntos. A cada nova legislação precisamos pensar, com base no rito processual, como resolver de forma melhor ou inédita. Aqui adotamos a advocacia sem excessos, sem inventar demandas desnecessárias a clientes. Fazemos petições cirúrgicas, nas quais o grande desafio é a síntese - e sem juridiquês.
Empresas & Negócios - A cultura da judicialização pode mudar?
Maia - Temos prevista a arbitragem, mas que é ainda pouco utilizada no Brasil, talvez por receios culturais de que árbitros escolhidos possam não ter a isenção que se espera. Esses instrumentos já são largamente usados no exterior, de um terceiro que possa resolver conflitos. Na minha opinião, a sociedade não acredita nessa solução.
Empresas & Negócios - A crise afeta a demanda para os advogados?
Maia - Gera mais demanda, pois o desemprego maior, por exemplo, tem potencial para elevar o volume de ações reclamatórias trabalhistas. Mais empresas têm dificuldade para honrar compromissos, como tributos, ou buscam caminhos legais de se eximir de certas obrigações. As relações dentro da sociedade ficam mais contenciosas ou litigiosas. De outro lado, o poder de cobrar honorários também é afetado, muitos buscam outro escritório ou não corrigem os valores dos contratos. Ou seja, ter mais atividade neste momento não significa melhor resultado. A conta da crise é paga por todos.
Empresas & Negócios - O crescimento de pedidos de recuperação judicial é efeito da crise ou oportunidade?
Maia - Tenho convicção de que é instrumento de desespero do empresário, diante de alta carga tributária e outros fatores, e ele se vê sem outra alternativa. A recuperação é penosa e é buscada como solução a uma metástase da operação. Há riscos como ter a interrupção de fornecimento de insumos, o que pode impedir o negócio.