Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Empresas & Negócios

- Publicada em 15 de Março de 2016 às 15:43

Mulheres indígenas em luta

 Empresas &Negócios - Responsabilidade Social - Indígenas - índias - mulheres - crédito Marcelo Camargo ABR

Empresas &Negócios - Responsabilidade Social - Indígenas - índias - mulheres - crédito Marcelo Camargo ABR


MARCELO CAMARGO/ABR/JC
Falta de informações sobre direitos e os obstáculos linguísticos estão entre os principais entraves enfrentados pelas mulheres indígenas. Não bastassem essas dificuldades, elas também são barradas pelas próprias tradições culturais, que não permitem que tenham voz na comunidade. "Na tradição terena, por exemplo, as mulheres não podem falar muito e, se falam alto, são discriminadas pelos homens. Porém, a voz da mulher indígena é necessária e precisa ser ouvida", afirma Míriam Terena, ativista da causa indígena e funcionária da Fundação Nacional do Índio (Funai), lembrando que elas também enfrentam muito preconceito fora das aldeias.
Falta de informações sobre direitos e os obstáculos linguísticos estão entre os principais entraves enfrentados pelas mulheres indígenas. Não bastassem essas dificuldades, elas também são barradas pelas próprias tradições culturais, que não permitem que tenham voz na comunidade. "Na tradição terena, por exemplo, as mulheres não podem falar muito e, se falam alto, são discriminadas pelos homens. Porém, a voz da mulher indígena é necessária e precisa ser ouvida", afirma Míriam Terena, ativista da causa indígena e funcionária da Fundação Nacional do Índio (Funai), lembrando que elas também enfrentam muito preconceito fora das aldeias.
Míriam é uma das fundadoras do Conselho Nacional de Mulheres Indígenas, a principal tentativa de organizar as mulheres indígenas na defesa dos seus direitos, criado em 1995. Ainda adolescente, saiu da Aldeia Lagoinha, em Mato Grosso do Sul, e mudou os rumos da sua história. Quando chegou a Campo Grande, sabia pouco do mundo, porque, naquela época, a educação indígena era ruim. "Era semialfabetizada, porque, naquela época, a alfabetização indígena não era tão forte, os professores não eram tão preparados como os que vejo hoje."
De acordo com a ativista, ainda é comum que as indígenas não participam de forma ativa das decisões da comunidade em função da cultura e tradição de muitos povos. "A mulher é colocada em segundo plano, destinada a cuidar dos filhos e da família", relata. Por não conhecerem seus direitos, acabam acatando determinações como essas. Para Míriam, o acesso à informação é o ponto de partida para que as indígenas possam avançar na luta por igualdade.
O idioma é uma das maiores barreiras, já que muitas não falam português. "Elas têm certa dificuldade de se relacionar com o mundo externo, porque, dentro da comunidade, sentem-se protegidas pelos valores da sua cultura, e, ao sair, não têm esse amparo", constata Míriam, ao destacar que, aos poucos, as mulheres estão conseguindo sair das aldeias e ir para a cidade enfrentar esse outro mundo. O lado positivo, aponta ela, é que, ao conhecer sistema dos não índios, elas têm mais acesso a informações e também podem se dedicar aos estudos. "Cada vez mais mulheres querem estudar. O preconceito é muito grande. Na minha experiência pessoal e de outras indígenas que convivo, parece-me que todas passam pelas mesmas dificuldades, e as primeiras dificuldades, ao sair da aldeia, são o idioma e o preconceito por ser indígena.
"A minha trajetória não foi fácil. Mas estou sempre em contato direto com o meu povo e vejo que houve melhoras daquela época para cá", constata. Um exemplo, diz Míriam, é a educação, com professores indígenas bem treinados e com Ensino Superior. "Existe uma preocupação maior em garantir uma educação melhor e que falem bem o português."
Hoje, Míriam trabalha com três terras indígenas na inclusão das mulheres xavante, que estão enfrentando muitas dificuldades. "Quando eu converso com elas, vejo que querem saber seus direitos, mas elas são muito oprimidas, têm medo de falar e encarar os homens." Outro problema, aponta, é o acesso precário à saúde. "Neste caso, as maiores vítimas são as mulheres, que precisam de assistência especialmente nos partos", constata. Por isso, a luta é por um programa de atenção integral à saúde de mulheres e crianças indígenas. 
Criado em 1995, o Conselho Nacional de Mulheres Indígenas (Conami) busca essas articulações e atua na promoção e defesa desse grupo. "Ainda lutamos contra muito preconceito que enfrentamos diariamente, dentro e fora das comunidades indígenas, porque os homens não deixam a gente tomar a frente."
A organização social das aldeias Kaingang reserva um papel diferente para as indígenas. Genilda Kaigang, que integra o Conselho Indígena do Paraná, diz que as mulheres são parte importante na tomada de decisão dos caciques e demais líderes das aldeias. "Existe um certo machismo dentro da reserva indígena, mas, no fundo, quem decide, quem dá a última palavra, são as mulheres. Eles sempre consultam as mulheres para tomar as suas decisões. Eles estão sempre à frente dos movimentos, mas as decisões são costuradas dentro de casa, e eles consultam as mulheres", afirma. No entanto, Genilda mostra preocupação com os novos tempos, em que mais indígenas saem das aldeias para cursar a universidade, são expostos a uma nova cultura e, por vezes, sofrem preconceito de outros índios.
 
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO