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Empresas & Negócios

- Publicada em 04 de Março de 2016 às 20:01

Tailândia quer vender e comprar mais

 ENTREVISTA COM O EMBAIXADOR DA TAILÂNDIA, PICHAYAPHANT CHARNBHUMIDOL, Q ESTÁ NO ESTADO PARA CONTATOS DE COOPERAÇÃO EM FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS E CENTROS DE PESQUISA.     NA FOTO: PICHAYAPHANT CHARNBHUMIDOL

ENTREVISTA COM O EMBAIXADOR DA TAILÂNDIA, PICHAYAPHANT CHARNBHUMIDOL, Q ESTÁ NO ESTADO PARA CONTATOS DE COOPERAÇÃO EM FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS E CENTROS DE PESQUISA. NA FOTO: PICHAYAPHANT CHARNBHUMIDOL


JONATHAN HECKLER/JC
Patrícia Comunello
Não é só geografia que distancia o Rio Grande do Sul e a Tailândia. As exportações também estão bem longe do que os dois lados gostariam. O fluxo foi de apenas US$ 147 milhões em 2015, menos de 1% da receita regional com o Exterior. É essa distância comercial que o embaixador do reino tailandês no Brasil, Pitchayapahnt Charnbhumidol, quer abreviar o mais rápido possível. Uma oportunidade aos produtos locais é a Comunidade Econômica do Sudeste Asiático, com 600 milhões de habitantes e onde a Tailândia quer virar o hub para acessar novos mercados e atrair investimentos. Charnbhumidol, há três anos no posto em Brasília e que esteve no Rio Grande do Sul na semana passada para um pit-stop na Expodireto e contatos com universidades, entidades comerciais e empresários, confirma ainda o interesse em grãos, couro e calçados da produção estadual. O apetite é grande também pela carne bovina. O embaixador aguarda, desde 2014, resposta do Ministério da Agricultura sobre rebanho e abates nacionais. "O Mapa pode estar muito ocupado com outros pedidos", diz o tailandês, que só não esquece a ordem da presidente Dilma Rousseff para que as pastas econômicas coloquem no mapa um destino: a Tailândia.
Não é só geografia que distancia o Rio Grande do Sul e a Tailândia. As exportações também estão bem longe do que os dois lados gostariam. O fluxo foi de apenas US$ 147 milhões em 2015, menos de 1% da receita regional com o Exterior. É essa distância comercial que o embaixador do reino tailandês no Brasil, Pitchayapahnt Charnbhumidol, quer abreviar o mais rápido possível. Uma oportunidade aos produtos locais é a Comunidade Econômica do Sudeste Asiático, com 600 milhões de habitantes e onde a Tailândia quer virar o hub para acessar novos mercados e atrair investimentos. Charnbhumidol, há três anos no posto em Brasília e que esteve no Rio Grande do Sul na semana passada para um pit-stop na Expodireto e contatos com universidades, entidades comerciais e empresários, confirma ainda o interesse em grãos, couro e calçados da produção estadual. O apetite é grande também pela carne bovina. O embaixador aguarda, desde 2014, resposta do Ministério da Agricultura sobre rebanho e abates nacionais. "O Mapa pode estar muito ocupado com outros pedidos", diz o tailandês, que só não esquece a ordem da presidente Dilma Rousseff para que as pastas econômicas coloquem no mapa um destino: a Tailândia.
JC Empresas e Negócios - Quais são as perspectivas de crescimento do comércio entre Tailândia, Brasil e o Estado?
Pitchayapahnt Charnbhumidol - A Tailândia reconhece o potencial de aumentar o comércio e investimentos com o Brasil, que pode ser a nossa principal porta de entrada na América Latina e Caribe e hoje já é o maior parceiro comercial da Tailândia na região. Do nosso lado, estamos prontos para servir de gateway para os produtos brasileiros na Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) e outros pontos no entorno. Com o Rio Grande do Sul, temos um fluxo (exportações) que atingiu US$ 12 milhões entre 2014 e 2015 e queremos aumentar, focando em áreas como hardware, autopeças e máquinas em geral. Há muito espaço para impulsionar nossas relações. A transferência de tecnologia pode ser melhorada, especialmente em grãos, couro e calçados, áreas nas quais os gaúchos têm grande potencial para exportar a Tailândia.
Empresas & Negócios - Em quais setores, a Tailândia quer ampliar as vendas aqui?
Charnbhumidol - O Rio Grande do Sul tem uma localização estratégica, com ligação natural com os vizinhos Argentina e Uruguai. Mais um acesso aos produtos tailandeses ou da Asean à região. Alimentos manufaturados podem conseguir espaço no mercado regional. Um dos nossos esforços é a promoção da cozinha tailandesa, para aumentar a fatia local, tanto de alimentos prontos como ingredientes.
Empresas & Negócios - Há negociações em andamento para abrir mais portas?
Charnbhumidol - Há muita oportunidade com o recém-estabelecimento da Comunidade Econômica da Asean, desde 1 de janeiro e que soma 600 milhões de habitantes. A Tailândia tem uma posição privilegiada na região, e ainda existem as Zonas Econômicas Especiais (ZEE) ao longo da fronteira com o Camboja, Laos e Malásia. O governo tailandês busca se firmar como sede dos Centros de Comércio Internacional (ITC, na sigla em inglês). Além disso, queremos que nossas empresas invistam mais no Brasil. A compra da Golden Food Siam, uma das líderes em aves na Tailândia, pela brasileira BRF (das marcas Sadia e Perdigão) abriu um novo capítulo. A meta é explorar meios de ampliar o comércio e incentivar os setores privados com joint ventures, fusões e aquisições, com potenciais em ramos da indústria de alimentos, seguindo o sistema do halal. Já estabelecemos, junto com o governo brasileiro, um grupo de trabalho sobre comércio e investimentos. Mas cabe ao Brasil marcar a primeira reunião, que esperamos seja o mais rapidamente possível.
Empresas & Negócios - A Tailândia vai abrir mercado à carne bovina do Brasil?
Charnbhumidol - Enviamos um pedido de informações ao Ministério da Agricultura (Mapa) em 2014 sobre as condições do rebanho, como sanidade. O Mapa pode estar ocupado com vários pedidos, pois ainda não respondeu aos questionamentos exigidos para vender à Tailândia. Pretendo solicitar uma visita de cortesia à ministra (Agricultura), Kátia Abreu, para pedir agilidade no assunto.
Empresas & Negócios - Seu país e os sócios da Asean não estão na lista dos 32 destinos prioritários do Brasil para ampliar as exportações. Isso gera dificuldades nas suas metas?
Charnbhumidol - Depende muito do ângulo que se olha. A presidente Dilma Rousseff pediu recentemente a seus principais ministros para priorizar acordos com União Europeia, Oriente Médio Oriente, Índia e Ásia, com foco na Tailândia, Filipinas e Indonésia. A presidente acredita que as exportações terão um papel importante na recuperação da economia brasileira. Além disso, Dilma exigiu maior participação dos ministros nas reuniões da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Portanto, abriu-se uma oportunidade importante para reforçarmos as relações com o Brasil.
Empresas & Negócios - Há mais negociações como a da BRF em andamento?
Charnbhumidol - Existem outras tratativas em andamento na área comercial, mas que ainda não foram finalizadas. Informaremos a vocês logo que tiverem progresso. Gostaria de ver mais empresas brasileiras investindo na Tailândia. Temos grande potencial em processamento de alimentos, peças automotivas, bio e nanotecnologia, moda, têxteis, produtos cosméticos e de spa e fitoterapia.
Empresas & Negócios - Brasil e Tailândia disputam segmentos semelhantes de mercado de produtos no mundo. Este detalhe também pode limitar o fluxo bilateral?
Charnbhumidol - Damos muita importância ao reforço das relações comerciais e aportes com o Brasil. Temos potencial econômico e pontos fortes que se complementam. Podemos trabalhar juntos e apoiar uns aos outros na promoção da cadeia dos mesmos produtos de alimentação, por exemplo, usando vantagens competitivas para promover a segurança alimentar mundial em áreas de frango, açúcar e milho. Além disso, podemos ampliar a transferência de tecnologia nestes campos com ganhos para os dois lados.
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