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operação lava jato

- Publicada em 22 de Fevereiro de 2016 às 23:39

Marqueteiro reclama de perseguição política

"Conhecendo o clima de perseguição que se vive hoje em meu país, não posso dizer que me pegou completamente de surpresa, mas ainda sim é difícil acreditar." Foi essa a primeira manifestação pública do marqueteiro João Santana sobre o mandado de prisão temporária expedido contra ele ontem.
"Conhecendo o clima de perseguição que se vive hoje em meu país, não posso dizer que me pegou completamente de surpresa, mas ainda sim é difícil acreditar." Foi essa a primeira manifestação pública do marqueteiro João Santana sobre o mandado de prisão temporária expedido contra ele ontem.
O publicitário baiano de 63 anos escreveu uma carta para pedir seu desligamento da campanha presidencial na República Dominicana, onde trabalha desde outubro para a reeleição de Danilo Medina. "Volto ao Brasil para me defender de acusações infundadas", disse o marqueteiro.
Santana vai dizer que "nenhum centavo" recebido em suas contas no exterior veio de campanhas eleitorais brasileiras. Segundo a reportagem apurou, a linha de defesa do publicitário baiano argumentará que "todos os recursos em contas do exterior provêm, exclusivamente, de campanhas feitas em países estrangeiros".
Responsável pela campanha à reeleição de Dilma Rousseff (PT) o marqueteiro tenta eximir a presidente de irregularidades e justificar os pagamentos recebidos por campanha em outros países.
Nos últimos meses, a ausência de Santana do Brasil vinha irritando o ex-presidente Lula (PT). O petista reclamava a aliados que Santana priorizava campanhas fora do Brasil no momento em que o PT e o governo da presidente Dilma enfrentavam sua crise mais aguda.
Lula chegou a pedir à cúpula do partido que encontrasse alguém para substituir, pelo menos na produção das propagandas do PT, o publicitário responsável por sua reeleição, em 2006, e pelas duas campanhas vitoriosas de Dilma em 2010 e 2014.
Desde a reeleição da presidente, Santana comandou as campanhas de Danilo Medina (República Dominicana, em 2012), José Eduardo dos Santos (Angola, 2012), Hugo Chávez/Nicolás Maduro (Venezuela, 2012) e José Domingo Arias (Panamá, 2014). Só perdeu a última.
Nos bastidores, Lula reclamava que Santana "cobrava muito caro" para quem não se dedicava integralmente ao projeto. Nas últimas inserções do PT no rádio e TV, o marqueteiro indicou um homem de sua confiança, Maurício Carvalho, para tocar as peças, enquanto fazia só a supervisão.
Aliados de Lula dizem que o publicitário foi se afastando do ex-presidente e do PT a partir do momento em que se tornou um dos principais conselheiros de Dilma. E-mails de Santana interceptados pela Polícia Federal mostram a proximidade dele aos dois, revelando que o publicitário costumava ser usado como intermediário de mensagens entre Dilma e Lula.
A PF concluiu que ele tem "evidente acesso" à presidente e que há vínculos pessoais com "membros do alto escalão" do governo e do PT. No primeiro mandato de Dilma, o marqueteiro era o único quadro não político a fazer parte do núcleo de conselheiros a quem a presidente escutava. Mas até mesmo dela Santana está mais distante.
Apesar de ter sido consultado sobre estratégias para o surto de zika e a aprovação da CPMF, as últimas gravações da presidente para TV e internet foram feitas pela Empresa Brasil de Comunicação.

Sérgio Moro decreta a prisão do presidente da Odebrecht

O juiz federal Sérgio Moro decretou a prisão temporária por cinco dias do presidente da Construtora Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o "BJ", no âmbito da Operação Acarajé, 23ª etapa da Lava Jato, deflagrada ontem. Moro acolheu representação da Polícia Federal (PF), amparada também nos arquivos de mensagens recuperadas do celular do empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso preventivamente desde 19 de junho do ano passado.
Na avaliação da PF, Silva Júnior desempenhava papel de contato político da companhia. O mandado de prisão temporária não havia sido cumprido até a conclusão desta edição porque o executivo estava no exterior.
Segundo a PF, a partir da análise de diálogos mantidos entre ele e Marcelo Odebrecht, identificados nos aparelhos Blackberry apreendidos na residência do empreiteiro, "é possível verificar que Benedicto é pessoa acionada por Marcelo para tratar de assuntos referentes ao meio político, inclusive a obtenção de apoio financeiro".
Em Curitiba, o procurador-geral da República, Carlos Fernando, disse que muitos documentos apreendidos indicam que a empresa tentava retirar seus funcionários do País.
"A Odebrecht, inclusive a pessoa de Marcelo Odebrecht, estava engajada na retirada de pessoas, funcionários e terceiros, do Brasil para ocultá-los das investigações da Lava Jato. Isso caracteriza o crime de obstrução. Nós pedimos nova prisão de Marcelo Odebrecht, o doutor (Sérgio) Moro entendeu por bem nesta fase não decretá-la, mas entendemos que há um novo crime aí de obstrução caracterizada", disse o procurador.
O empreiteiro foi transferido ontem do Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, para a Superintendência da Polícia Federal na capital paranaense a pedido da Justiça. A intenção é que Marcelo Odebrecht fique à disposição para possíveis "esclarecimentos" com base nas investigações que culminaram na Operação Acarajé.

PF entende que Lula deve ser investigado 'com parcimônia'

Um relatório da Polícia Federal na Operação Acarajé, 23ª fase da Lava Jato, diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve ser investigado pelo "possível envolvimento em práticas criminosas", mas "com parcimônia, o que não significa que as autoridades policiais devem deixar de exercer seu mister (dever) constitucional". A principal suspeita, diz a PF, se relaciona a planejamento de gastos com a construção de uma nova sede do Instituto Lula, em São Paulo, ou de outras propriedades do petista, para saber se foram bancados por recursos da Odebrecht.
O relatório é assinado pelo delegado Filipe Hille Pace, que observou: "É importante que seja mencionado que a investigação policial não se presta a buscar a condenação e a prisão de 'A' ou 'B'. (...) Se os fatos indicarem a inexistência de ilegalidades, é normal que a investigação venha a ser arquivada".
As suspeitas sobre Lula tiveram origem, segundo o delegado, nos registros encontrados pela PF em uma planilha de computador apreendida em poder de Maria Lucia Guimarães Tavares, administradora de empresas que, segundo a PF, mantém vínculo empregatício com a Odebrecht desde janeiro de 2006.
A planilha traz um campo com nomes de pessoas ligadas à empreiteira, como Luiz Antonio Mameri, diretor superintendente da Odebrecht Angola, e Benedicto Barbosa da Silva Júnior, vice-presidente de infraestrutura da Odebrecht Engenharia e Construção no Brasil, e outro campo denominado "Usos". Entre os "usos" estão a anotação "Prédio (IL)" e o número 12.422.000, provável referência a R$ 12,4 milhões. A PF aponta que "não foram encontradas menções a tal sigla" no aparelho celular periciado de Marcelo Odebrecht, mas "pode ser uma alusão ao Instituto Lula". Em nota, a instituição informou que não havia sido criada na época em que foi feita a planilha.