Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Opinião

- Publicada em 24 de Fevereiro de 2016 às 16:31

A lama que sujou demais a consciência do Brasil

Em meio às novas fases da Operação Lava Jato, eis que foi pedida a prisão de sete ex-executivos da empresa Samarco, cuja barragem, ao ruir ainda em novembro de 2015, deixou um rastro de lama que conspurcou Minas Gerais e o Espírito Santo. O pior, até hoje os detritos ferrosos mudam a cor de rios e chegam ao mar.
Em meio às novas fases da Operação Lava Jato, eis que foi pedida a prisão de sete ex-executivos da empresa Samarco, cuja barragem, ao ruir ainda em novembro de 2015, deixou um rastro de lama que conspurcou Minas Gerais e o Espírito Santo. O pior, até hoje os detritos ferrosos mudam a cor de rios e chegam ao mar.
Foi uma tristeza só acompanhar o avanço inexorável da lama com resíduos de metal na direção do mar. Quando tanto se lê, vê e ouve esse tipo de problema em países distantes, nós, brasileiros, suspiramos e repetimos o autêntico mantra que nos blinda contra terremotos, ciclones e maremotos.
No entanto, não cuidamos, não como deveríamos, do meio ambiente. Áreas imensas da Floresta Amazônica continuam sendo desmatadas, e a tragédia de Mariana (MG), que foi notícia no mundo inteiro, está, segundo especialistas, entre os cinco maiores desastres ambientais do mundo, atrás de Chernobyl; da Exxon Valdez, no Alasca; e da British Petroleum, no Golfo do México. Por isso, o Congresso e o Executivo têm que agir no Código de Mineração, aprimorando-o e endurecendo as exigências de operação e penalidades em caso de desvios de conduta.
A tragédia em Mariana despertou o pânico em diversas cidades que contam com a atividade mineradora. A Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais articulou um movimento para modificar a legislação e estabelecer uma distância mínima entre as barragens e os centros urbanos. De acordo com o Departamento Nacional de Exploração Mineral, o Brasil tem 658 barragens de rejeitos de mineração, das quais 218 em Minas Gerais.
Todas têm uma barragem de rejeitos. Em muitas cidades, a represa está na área urbana, e isso está criando pânico, segundo especialistas. Moradores atingidos pela água lodosa e com aspecto de ferrugem, com muita razão, continuam preocupados, por exemplo, com a barragem da mina Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O empreendimento está a cerca de 300 metros de um populoso bairro da cidade. Assim, muitas pessoas ficaram em pânico, segundo autoridades locais.
Embora técnicos digam que não há riscos de rompimento, o município e a companhia reuniram-se em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir o caso. O fato é que Minas Gerais e muitos municípios precisam da mineração e a mineração precisa dos municípios, porque é lá que está o minério.
Então, esse bom entendimento é fundamental, porque gera renda, emprego, mas o dano ambiental, o impacto sobre as cidades também é muito grande, todos nós sabemos. O Ministério Público de Minas Gerais considerou que o tratamento dado pelas autoridades à atividade minerária no estado é falho. É que há uma ênfase maior em viabilizar os empreendimentos do que em fiscalizar o cumprimento das medidas ambientais.
Aí foi a brecha legal que permitiu a tragédia de Mariana. Isso preocupa, pois mesmo sabendo que é uma atividade essencial, notam-se muitas falhas com danos provavelmente irreversíveis ao meio ambiente. O que é certo é que tanto a Samarco como as duas empresas que a controlam devem arcar com os enormes prejuízos que causaram, além da morte de 17 pessoas e mais duas até hoje desaparecidas.
E, pelo visto, a quantia não será nada pequena, pois se o dinheiro não pode trazer de volta os que morreram, pelo menos consolará os que continuam vivos, apesar da lama que mudou suas vidas. Além disso, é fundamental uma legislação rígida que evite uma nova tragédia de Mariana, onde, como é comum nestes casos, pessoas simples perderam tudo o que tinham.
 
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO