O primeiro passo para o desenvolvimento de uma vacina contra a dengue foi dado ontem, em São Paulo. A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Saúde, Marcelo Castro, assinaram um contrato com o Instituto Butantan, que prevê investimentos iniciais de R$ 100 milhões para o desenvolvimento do estudo nos próximos dois anos. No total, a quantia destinada ao estudo deve ultrapassar os R$ 300 milhões, uma vez que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) deverão aplicar, cada um, outros R$ 100 milhões.
O investimento inicial do Ministério da Saúde financiará a terceira e última fase de testes clínicos da vacina em voluntários, que já teve início ontem. No primeiro dia, dez pessoas foram imunizadas. Essa última etapa servirá para comprovar a eficácia. Para isso, dois em cada três voluntários irão receber a vacina, enquanto o restante receberá placebo, uma substância com as mesmas características da vacina, mas sem o vírus, ou seja, sem efeito. Nem a equipe médica nem os participantes saberão se receberam vacina ou placebo. O objetivo é descobrir, mais à frente, a partir de exames coletados dos voluntários, se quem tomou a vacina ficou protegido e quem tomou o placebo contraiu a doença.
"O Brasil tem fortes institutos de pesquisa, laboratórios, o Butantan, sem sombra de dúvida, é um deles e dá passo significativo no momento que estamos presenciando hoje (ontem)", afirmou Dilma ao acompanhar a assinatura do contrato. "Entre o momento atual, em que ainda não temos a vacina, e o momento em que tivermos, temos que tomar uma atitude efetiva para evitar novos casos de crianças com microcefalia, casos de dengue, chikungunya. Temos só um processo para isso, que é o extermínio dos criadouros do mosquito, do acúmulo de água limpa ou suja."
Hoje, a presidente recebe a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, no Palácio do Planalto. Margaret vem ao Brasil para acompanhar a situação da epidemia do zika vírus no Brasil. De Brasília, a diretora deve ir a Recife, uma vez que Pernambuco registra o maior número de casos de microcefalia relacionados à infecção pelo zika (182 casos de má-formação confirmados e 1.204 em investigação).
No total, o Ministério da Saúde investiga pelo menos 3.935 casos suspeitos de microcefalia possivelmente associada ao vírus. Até o dia 13 de fevereiro, 508 casos foram confirmados e 837 descartados de um total de 5.280 notificações de estados e municípios ao governo federal.