Com itens que vão do vestuário a aplicativos, empreendedores conquistam os cachorreiros

Quando a paixão pelos animais vira negócio


Com itens que vão do vestuário a aplicativos, empreendedores conquistam os cachorreiros

Quem é cachorreiro gosta de mostrar seu orgulho pelos bichinhos, seja pelas redes sociais ou nas roupas que veste. Atentos a isso, empreendedores gaúchos apostam em produtos com a temática pet.
Quem é cachorreiro gosta de mostrar seu orgulho pelos bichinhos, seja pelas redes sociais ou nas roupas que veste. Atentos a isso, empreendedores gaúchos apostam em produtos com a temática pet.
Luísa Rossi, 30 anos, criou, em 2013, a T-Mutts, uma loja virtual de roupas e acessórios para apaixonados por vira-latas. No início, a marca vendia apenas camisetas, mas, devido à procura, expandiu seu leque de produtos para moletons, vestidos, alpargatas, canecas e capas de almofadas com estampas que homenageiam os guaipecas.
Quando Luísa iniciou o negócio, junto a seus investidores, sócios e irmãos, Alexandre e Luiz Henrique, apostou com confiança. "Na época, não havia nenhum empreendimento focado nisso. E eu via um público potencial muito grande. Muitos amantes de vira-latas, assim como eu", explica.
Hoje, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil é o segundo país com maior população de animais domésticos e o terceiro com maior faturamento no setor. Soma 132,4 milhões de animais e fatura R$ 16,7 bilhões por ano.
Luísa afirma que, mesmo com o surgimento de outros negócios similares, ainda enxerga sua empresa com destaque entre a concorrência. "Nós somos a única que veste a camisa do vira-lata", aponta.
A empresa foi uma forma sustentável encontrada pela cachorreira de vincular o trabalho social - que já realizava - com a vida profissional. "Quando eu visitei a primeira Organização Não Governamental (ONG) de animais, saí de lá triste, pensando que tem muita gente levando um peso grande nas costas e que precisamos ajudar", lembra. Foi por isso que criou o Guaipecando, grupo de voluntários que realiza atividades para arrecadar fundos e rações para essas entidades.
Durante quatro anos, coordenou a iniciativa, enquanto trabalhava paralelamente na empresa de design de sua mãe. Em 2012, passou a frequentar o curso de criação da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), onde lhe despertou o desejo pelo empreendedorismo e descobriu sua vocação. "Entendi que não precisava trabalhar diretamente com o animal, o que me abriu os horizontes."
Com a T-Mutts, a empreendedora continua colaborando com projetos sociais. Ela faz doação de rações, direciona 10% de suas vendas a ONGs parceiras (identificadas por meio de cupons) e as fotos de divulgação usam como modelos os animais que estão para adoção. Luísa revela que, em 2016, o foco da empresa está em expandir os pontos de venda, através de lojas físicas. Hoje, além do site t-mutts.com.br, os produtos estão disponíveis em 14 locais da Capital, Interior e Santa Catarina.

Comidas artesanais para manter os bichinhos em forma e saudáveis

O cuidado com a alimentação também está entre as prioridades de quem ama os cãezinhos. Em Novo Hamburgo, Aline Taís da Rosa, 35 anos, se deu conta disso e lançou a PetPapá, uma indústria artesanal de comidas naturais para pets.
O negócio surgiu em 2013, quando, ao lado da mãe, Maria da Graça Ronnau, 56, Aline começou a produzir comidas caseiras para seus cachorros, porque um deles sofria de cálculo na bexiga e precisava de cuidados. Após a melhora do poodle, resolveram comercializar a produção. E, com a aposentadoria de Maria da Graça, o foco da ex-gerente de Recursos Humanos se voltou exclusivamente ao negócio.
A expansão nacional começou a ser trabalhada há três meses. Com isso, os produtos já estão disponíveis em 132 lojas, distribuídas em 15 estados, contando o Distrito Federal.
Para a Páscoa, a projeção é vender 50 mil petiscos. Além dos biscoitos, a empresa oferece refeições congeladas - estas apenas no Rio Grande do Sul. Para animais que necessitam de dieta personalizada, existe a opção de uma assinatura mensal.
Os produtos são orgânicos e sem conservantes, desenvolvidos com o apoio de um veterinário especializado em nutrição. Apesar da grande demanda, tudo é produzido artesanalmente.
"Nós vamos cortar os 50 mil biscoitinhos a mão, um de cada vez", diz Aline. Hoje, a empresa é dividida entre cinco sócios e possui apenas uma funcionária. "Todo mundo ajuda a cortar os biscoitinhos", diz.
Além do cardápio para os pets saudáveis, há receitas especiais de congelados para os que têm alguma restrição alimentar. Entre elas, uma opção com baixo teor de fósforo, para tratamento de cálculos; light, para os obesos; e com mais fibras, para os que têm diabetes.
"Recebemos muitos pedidos para cães alérgicos, e o resultado é ótimo, porque não usamos conservantes nem farinha. Muitas vezes, o animal tem alergia a esses componentes", explica Aline.
A empresa possui 50 assinaturas e vende cerca de 500 congelados apenas nas lojas físicas. A sócia explica que o crescimento ainda é limitado devido à forma de produção e revela que, com o boom das encomendas para fora do território gaúcho, o destino será partir para a expansão da fábrica.
Aline ressalta que o carinho pelos bichinhos é o estímulo do trabalho. "É muito amor envolvido. Todos os sócios são apaixonados por animais, e a gente fica muito feliz quando o cliente diz que o seu cachorro ou seu gato melhorou", conta.

O Instagram para animais de estimação criado em Porto Alegre

Para quem gosta de postar fotos de seus pets nas redes sociais, foi criada, em Porto Alegre, uma plataforma especial para isso. O Instapet, que ganhou versão Android nesta semana, após cinco meses de lançamento no sistema iOS, já contabiliza mais de 5 mil usuários.
A ideia surgiu na casa do desenvolvedor de sistemas Brunno Velasco, 40 anos, quando as filhas Yasmim, 13, e Rebeca, seis, criaram um perfil para Mel, a cachorrinha da família, no Instagram. "Como elas não tinham celular e usavam o meu, pediam toda hora para postar fotos e ver os comentários e curtidas", conta Velasco, que logo percebeu diversos outros perfis de bichinhos e muita repercussão.
O aplicativo promete ser o Instagram para pets, porém contém mais funções do que o molde inspirador. Além de publicar fotos e vídeos, a rede social permite a postagem de textos e visualização dos conteúdos mais populares fora do círculo de amizades - a fim de estimular que as pessoas se comuniquem e compartilhem postagens. A empresa também realiza promoções eventuais, com sorteios de produtos.
Seu encanto pelo mercado é tanto que o empresário tem outras duas apostas nesta área: o Mundo Pet e o Au.nuncie. O primeiro é um localizador de serviços na Capital, e o segundo é um sistema de vendas pessoais apenas de artigos para animais de estimação. Velasco, especializado em aplicativos há mais de cinco anos, enxerga a aposta em pets e dispositivos móveis como promissora. "Vale a pena ambos mercados. Eu consegui unir os dois."

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Acontece nos dias 23, 24 e 25 de abril a 4ª Feipet – Feira de Negócios para Animais de Estimação. O evento será realizado no Centro de Eventos da Fenac, em Novo Hamburgo, e já conta com mais de 50 expositores vindos de todo o Brasil. As inscrições podem ser realizadas no site www.feipet.com.br