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Turismo

- Publicada em 28 de Fevereiro de 2016 às 22:05

Feiras agropecuárias movimentam a hotelaria

 PARQUE DA EXPODIRETO COTRIJAL 2015. DIVULGAÇÃO EXPODIRETO

PARQUE DA EXPODIRETO COTRIJAL 2015. DIVULGAÇÃO EXPODIRETO


EXPODIRETO/DIVULGAÇÃO/JC
A cada ano que passa, as exposições ligadas ao agronegócio parecem chamar mais a atenção pelo Interior. Com enfoques em diferentes produtos do campo, quase sempre acompanhados pela venda de máquinas e implementos, os eventos são garantia de sucesso de público e negócios - não só dentro dos parques, mas também fora deles, afetando o cotidiano das cidades a um raio de diversos quilômetros. Ainda que com limitações, a rede hoteleira é uma das principais beneficiadas pela situação. Em alguns casos, as reservas chegam a acabar até um ano antes das feiras.
A cada ano que passa, as exposições ligadas ao agronegócio parecem chamar mais a atenção pelo Interior. Com enfoques em diferentes produtos do campo, quase sempre acompanhados pela venda de máquinas e implementos, os eventos são garantia de sucesso de público e negócios - não só dentro dos parques, mas também fora deles, afetando o cotidiano das cidades a um raio de diversos quilômetros. Ainda que com limitações, a rede hoteleira é uma das principais beneficiadas pela situação. Em alguns casos, as reservas chegam a acabar até um ano antes das feiras.
É o que acontece, por exemplo, em Não-Me-Toque, no Noroeste, terra da Expodireto, que recebe mais de 200 mil visitantes. A população da cidade é de apenas 17 mil pessoas. "Quando termina a feira, já está tudo lotado para a Expodireto do ano que vem", brinca a secretária de desenvolvimento do município, Margarete Lauxen. A 17ª Expodireto acontece de 7 a 11 de março, com 500 expositores.
Em Rio Pardo, no vale de mesmo nome, a corrida é um pouco menor, mas nem tanto: para o período da Expoagro, realizada em março e com cerca de 80 mil visitantes, os melhores quartos já saem da lista de opções por volta de novembro. O efeito é curto, claro, se visto em relação ao ano como um todo, mas é sentido não só na duração oficial das feiras, que dificilmente passam de uma semana. "Quem vem montar os estandes chega 15 dias antes e já abastece os hotéis e restaurantes e, depois do fim, ainda permanecem mais uns cinco dias para desmontar tudo", contextualiza o secretário de indústria e comércio de Cachoeira do Sul, André Fortes. O município, na região Central, é sede a cada dois anos da Festa Nacional do Arroz (Fenarroz), também com público em torno das 80 mil pessoas.
Segundo o último balanço do setor de eventos do País, é justamente a região Sul a que mais realiza, atualmente, feiras ligados à área rural. Elas representam 8,8% do total de eventos na região, contra 8,3% no Brasil como um todo. E há, ainda, potencial para mais. "Temos ainda espaço para crescer nesse segmento, que pode ser trabalhado de acordo com o potencial de cada região", atesta a presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), Ana Cláudia Bitencourt. Além da força do agronegócio no Estado, a dirigente cita a existência de 11 parques de exposição na região Sul, segundo maior número do País, como facilitador para a captação de novos eventos.
A visão é compartilhada pelo presidente do Sindicato Intermunicipal de Hotelaria do Estado (Sindihotel), Manuel Suarez, que defende as feiras como uma saída para aumentar os recursos das localidades pelo Interior. "Quando esses eventos se realizam, a região toda se beneficia. Desde o caminho do aeroporto até o Interior, quando abastece, faz uma parada para almoçar, o turista já vai aquecendo as economias locais", brinca Suarez. Nas feiras maiores, segue Suarez, os hotéis chegam a lotar em um raio de 100 quilômetros.
Até mesmo cidades maiores e com um turismo mais consolidado, como Caxias do Sul, também celebram a situação. Mesmo que não propriamente agropecuária, a Festa da Uva, que se estende até o próximo dia 6, garante, a cada dois anos, uma ocupação de mais de 95% nos 3,3 mil leitos da cidade. "É um evento importantíssimo para nós, ainda mais em um período de baixa, como é fevereiro. Lota, principalmente, os fins de semana dos hotéis da região, ao contrário do resto do ano", comenta o presidente do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria (Segh), João Antônio Leidens. Mesmo sem os dados consolidados, o dirigente garante que a edição de 2016 do evento "superou as expectativas" quanto à presença de público, repetindo a lotação histórica para o período.

Atrações em outros períodos do ano são desafio para o setor

 PARQUE DA EXPODIRETO COTRIJAL 2015. DIVULGAÇÃO EXPODIRETO

PARQUE DA EXPODIRETO COTRIJAL 2015. DIVULGAÇÃO EXPODIRETO


EXPODIRETO/DIVULGAÇÃO/JC
Se os dias de feiras agropecuárias são o paraíso para os hotéis do Interior, o desafio fica por conta da manutenção dos negócios durante o resto do ano. Sem a grande demanda daqueles períodos, em que até os residentes saem de casa para alugá-las aos turistas sem hotel, o cenário é menos animador. A saída passa, muitas vezes, pela própria cooperação regional. "Assim como a Expoagro lota os hotéis das cidades vizinhas, o inverso também é verdadeiro. Os eventos precisam ser trabalhados de maneira regional", garante o coordenador de cultura de Rio Pardo, Cícero Garcia.
O coordenador cita eventos como a Oktorberfest e provas automobilísticas em Santa Cruz do Sul e a Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), em Venâncio Aires, como geradores de fluxo durante o ano para os hotéis de Rio Pardo. Há, ainda, outros eventos da cidade, como o Carnaval e a Festa do Peixe. "Cada município, explorando os seus potenciais, ajuda os outros", defende Garcia.
O aumento sazonal da demanda, porém, também faz com que os hotéis, muitos antes estagnados, necessitem de adequações e reformas para atender ao novo público, mais exigente. "Além do básico, como uma cama boa, um bom café da manhã, temos que observar o que o cliente valoriza, e hoje falhamos muito nestes locais principalmente em TV a cabo e internet", comenta o presidente do Sindihotel, Manuel Suarez.
O dirigente, entretanto, defende que as melhorias na qualidade das cadeias pelo Interior aconteçam com reformas nos equipamentos tradicionais, mais do que na instalação de novos hotéis. "Não há demanda anual que justifique. Estabelecimentos maiores, muitas vezes, só ficarão com quartos ociosos e terão que puxar a tarifa a níveis inviáveis, prejudicando ambos", afirma. "Temos muita defasagem, mas, ao mesmo tempo, mais hotéis novos talvez ficassem ociosos", agrega a secretária de desenvolvimento de Não-Me-Toque, Margarete Lauxen, sobre a situação.
A mandatária garante, porém, que outros eventos menores e o fluxo das indústrias metal-mecânicas do município são suficientes para a rede hoteleira, e cita a abertura do hotel Ibis Budget, em 2014, o primeiro de bandeira da cidade, como exemplo. "Graças também à Expodireto, o Íbis se instalou em Não-Me-Toque, mesmo não cumprindo o requisito mínimo de 60 mil habitantes", comenta Margarete. Além deste, há, na cidade, outros quatro equipamentos locais.