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Crédito

- Publicada em 24 de Fevereiro de 2016 às 17:55

Juro do cartão chega a 439,5% ao ano, diz BC

 CHEQUE EXPRESSO DO BANRISUL SENDO PREENCHIDO.

CHEQUE EXPRESSO DO BANRISUL SENDO PREENCHIDO.


JOÃO MATTOS/JC
A recessão econômica bateu em cheio no mercado de crédito em janeiro. Cautelosos, os bancos emprestam menos e com taxas recordes. A concessão de novos empréstimos para famílias e empresas despencou 25%. Os juros pagos pelas pessoas físicas, com créditos livres (sem contar os financiamentos da casa própria), subiu de 63,7% ao ano para 66,1% ao ano apenas no mês passado. É a maior taxa desde quando o Banco Central (BC) passou a registrar os dados em 2011. Todas as modalidades de crédito estão mais caras.
A recessão econômica bateu em cheio no mercado de crédito em janeiro. Cautelosos, os bancos emprestam menos e com taxas recordes. A concessão de novos empréstimos para famílias e empresas despencou 25%. Os juros pagos pelas pessoas físicas, com créditos livres (sem contar os financiamentos da casa própria), subiu de 63,7% ao ano para 66,1% ao ano apenas no mês passado. É a maior taxa desde quando o Banco Central (BC) passou a registrar os dados em 2011. Todas as modalidades de crédito estão mais caras.
Os bancos tiveram um leve aumento do custo de captar dinheiro e, na hora de repassar para os clientes, cobram muito mais. Assim, as taxas de juros dispararam. Todos os tipos de empréstimos estão mais caros, até mesmo o consignado em folha de pagamento. A taxa subiu, em média, de 28,8% ao ano para 29,3% ao ano.
O brasileiro que não consegue sair do cheque especial paga 292,3% ao ano, maior percentual desde 1994. Já a taxa para quem está pendurado no rotativo do cartão de crédito subiu oito pontos percentuais, de 431,4% ao ano para 439,5% ao ano - em 12 meses, o aumento foi de 104,9 pontos percentuais. É a maior taxa desde 2011, quando o Banco Central passou a registrar os dados de cartões de crédito.
Com renda menor, o brasileiro deixou de pagar prestações do carro, boleto de compra de bens, parcelas do cartão de crédito, CDCs e até mesmo o financiamento da casa própria. O nível de calote de empréstimos habitacionais, por exemplo, subiu e passou de 2% para 2,1% em janeiro.
"A inadimplência vem crescendo gradualmente, mas em um ritmo considerado moderado quando a gente contrasta isso com a magnitude da retração da atividade econômica. É natural que, em um momento de retração, haja um grau de restrição de rolagem de dívidas", justificou o chefe do departamento econômico do BC, Túlio Maciel, que completou: "Se olhar o desemprego, o nível de inadimplência foi relativamente modesto. O crescimento de inadimplência é ruim para o sistema. O benefício aqui é o ritmo lento".
Todo esse quadro fez o volume total de crédito no País cair 0,6% em janeiro. Ao todo, há, no Brasil, R$ 3,2 trilhões em empréstimos de todos os tipos para empresas e pessoas físicas.
Segundo o BC, é comum esse volume cair no início do ano, quando circulam mais recursos na economia por causa do 13º salário. É comum também as empresas pegarem menos empréstimos na virada do ano. No entanto, todo esse processo foi ampliado pela crise econômica. "Há sazonalidade explicada pelo ciclo produtivo. Claro que adiciona-se a isso a retração da atividade econômica. Tem de ser considerada", frisou Maciel.
Com todo o cenário restritivo para o crédito, o endividamento das famílias brasileiras caiu pelo segundo mês seguido. De acordo com o levantamento do BC, a porcentagem da dívida total em relação à renda anual caiu de 45,8% para 45,6% em janeiro. Já o chamado "comprometimento da renda", ou seja, o peso da dívida no orçamento do mês, passou de 22,5% para 22,4%.
A inadimplência deve continuar a subir neste ano, em um ambiente de queda da atividade econômica e alta das taxas de juros. Segundo os dados divulgados ontem pelo BC, no mês passado, a taxa de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) das famílias chegou a 6,2%. No caso das empresas, a taxa ficou em 4,7%.

Estoque de crédito fica estável em janeiro nos bancos públicos e cai nas instituições privadas

Os bancos públicos mantiveram seus estoques de crédito estáveis em janeiro, enquanto os privados registraram queda. Segundo o Banco Central (BC), as instituições oficiais têm um saldo de R$ 1,799 bilhão. Nos bancos privados nacionais, houve recuo de 1,1% na margem, para R$ 937,335 bilhões ante previsão do BC de alta de 1% (revisada em dezembro a partir de 3%).
Já no caso dos bancos estrangeiros, houve recuo de 2,0% no ano, para R$ 462,247 bilhões. A inadimplência nas instituições públicas aumentou 0,1 ponto percentual de dezembro para janeiro, para 2,8%. No caso das instituições privadas nacionais, a taxa subiu de 4,5% para 4,7% no ano, e, nas estrangeiras, o calote aumentou, no período, de 3,5% para 3,7%.
Entre os bancos públicos, as provisões ficaram estáveis, de dezembro para janeiro, em 4,3%; nos nacionais privados, subiram de 8,4% para 8,5%; e, nos estrangeiros, passaram de 6,1% para 6,3% no mesmo período de comparação.
O estoque de crédito apresentou retração entre dezembro de 2015 e janeiro deste ano nos três setores de atividade: agropecuária, indústria e serviços. O crédito total encolheu 1,3%, para R$ 1,685 trilhões. A agropecuária caiu 1,1%; a indústria, 1,3%; e os serviços, 1,3%.
O crédito para o setor de serviços ficou em R$ 795,770 bilhões em janeiro. Nesse setor, o comércio teve queda de 3,6% (R$ 296,334 bilhões) no mês passado. Para a indústria, o crédito recuou para
R$ 821,843 bilhões. Na construção, houve baixa no mês passado, para R$ 111,454 bilhões. A indústria de transformação teve queda de 1,6%, para R$ 464,171 bilhões.
Os financiamentos do Bndes para empresas recuaram 0,1% de dezembro para janeiro, somando um total de R$ 632,810 bilhões. Em 12 meses, a expansão está em 6,4%. Em janeiro, houve avanço de 1,9% nas linhas de capital de giro (R$ 14,311 bilhões), queda de 0,1% no financiamento ao investimento (R$ 605,450 bilhões) e baixa de 1,1% nas modalidades para o setor rural (R$ 13,049 bilhões).