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Indústria

- Publicada em 22 de Fevereiro de 2016 às 21:57

Projetos gaúchos de borracha estão ameaçados

 BRASKEM EVENTO DE INAUGURAÇÃO DE SUA PLANTA DE BUTADIENO (MATÉRIA-PRIMA PARA PRODUÇÃO DE BORRACHAS, ESPECIALMENTE DE PNEUS), UNIDADE QUE EXIGIU INVESTIMENTOS DE R$ 300 MILHÕES. COM A PRESENÇA DO GOVERNADOR, TARSO GENRO, E DO PRESIDENTE DA BRASKEM, CARLOS FADIGAS

BRASKEM EVENTO DE INAUGURAÇÃO DE SUA PLANTA DE BUTADIENO (MATÉRIA-PRIMA PARA PRODUÇÃO DE BORRACHAS, ESPECIALMENTE DE PNEUS), UNIDADE QUE EXIGIU INVESTIMENTOS DE R$ 300 MILHÕES. COM A PRESENÇA DO GOVERNADOR, TARSO GENRO, E DO PRESIDENTE DA BRASKEM, CARLOS FADIGAS


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Uma questão que está sendo tratada dentro da Câmara de Comércio Exterior (Camex) impacta diretamente companhias (Lanxess e Synthos) que pretendem desenvolver projetos ligados ao segmento de borracha sintética no polo petroquímico de Triunfo. A expectativa é que, na próxima semana, seja analisada uma ação quanto à possível prática de dumping nesse setor.
Uma questão que está sendo tratada dentro da Câmara de Comércio Exterior (Camex) impacta diretamente companhias (Lanxess e Synthos) que pretendem desenvolver projetos ligados ao segmento de borracha sintética no polo petroquímico de Triunfo. A expectativa é que, na próxima semana, seja analisada uma ação quanto à possível prática de dumping nesse setor.
A Lanxess, que já possui produção de borracha sintética no Brasil (uma das plantas está no Estado), protocolou no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) pedido de investigação de dumping contra produtores de borracha sintética que exportam para o Brasil. Considera-se dumping a comercialização no mercado nacional de um produto com preço abaixo do verificado no país de origem do artigo, causando danos à indústria local.
Zbigniew Warmuz, diretor da Synthos, quando visitou o Rio Grande do Sul no ano passado, admitiu que o assunto refletia nos planos do grupo polonês. A empresa quer instalar uma fábrica de produção de borracha sintética (polibutadieno), com capacidade para 80 mil a 90 mil toneladas ao ano, no polo petroquímico gaúcho. O investimento previsto para o empreendimento é na ordem de R$ 640 milhões. Contudo, além de ter ainda que fechar um contrato de fornecimento de matéria-prima (butadieno), Warmuz adiantou que, antes da estrutura ficar pronta, a Synthos pretende formar um mercado através da importação de borracha. Depois, essas importações seriam substituídas pela produção local. Mas, a ideia terá dificuldades para ser materializada se forem tomadas medidas antidumping.
Se ações antidumping podem ser ruins para as intenções do grupo polonês, caso não sejam impostas proteções quanto à borracha que vem de fora, a Lanxess pode rever a atualização tecnológica da sua planta em Triunfo. Recentemente, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) concedeu Licença de Instalação, válida até junho de 2017, para a modernização da unidade de produção de borracha da empresa.
A Lanxess desenvolve um estudo de viabilidade para aplicar um design flexível a sua planta de borracha de estireno-butadieno em emulsão (ESBR). A unidade será voltada para a fabricação de borracha de polibutadieno para suprir as indústrias brasileira e latino-americana de pneus de alta performance. Porém, através de nota, a companhia afirma que "cabe ressaltar que devido à recente decisão da Camex em suspender as medidas antidumping contra os produtores europeus de borracha sintética, a Lanxess, como produtora nacional, está analisando o impacto da medida sobre seus projetos estratégicos". O comunicado continua: "a prática de dumping é condenada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e, no caso das importações de borracha ESBR da Europa, o Mdic - detectou margens de dumping de até 36%".

Companhia anunciou mudança tecnológica em 2013, mas investimento ainda não foi concluído

 DIRETOR DA MAXIQUIM, OTÁVIO CARVALHO.   MATÉRIA SOBRE TECNOLOGIA NO SETOR PETROQUÍMICO.

DIRETOR DA MAXIQUIM, OTÁVIO CARVALHO. MATÉRIA SOBRE TECNOLOGIA NO SETOR PETROQUÍMICO.


ANA PAULA APRATO/ARQUIVO/JC
Apesar de não ter sido concretizada ainda, a meta de modernizar o complexo da Lanxess foi revelada pela empresa em março de 2013. Na época, o investimento na troca da tecnologia era estimado em ¤ 80 milhões. Inicialmente, a perspectiva era que as modificações fossem finalizadas em 2014.
No entanto, posteriormente, a previsão da conclusão ficou para 2016. A decisão foi justificada como uma adaptação ao cenário do mercado (a companhia esperava pela imposição de exigências governamentais quanto à qualidade dos pneus brasileiros). Como a Lanxess produzirá material usado na fabricação de pneus de maior valor agregado, a iniciativa beneficiaria a empresa. Entretanto, já na ocasião, a concorrência com os artigos importados era apontada como outro problema a ser enfrentado.
Com exceção da nota enviada pela Lanxess, as empresas não estão comentando o debate em torno do suposto dumping. O procurador da Synthos no Brasil, Maurênio Stortti, afirma que somente os dirigentes do grupo que ficam na Polônia podem fazer qualquer pronunciamento sobre o assunto. Uma fonte que acompanha a questão reitera que a modificação na planta da Lanxess em Triunfo visa produzir um tipo de borracha que tem sido importada pelo Brasil. "Assim, a dúvida da empresa é justamente se o investimento na modernização será viabilizado se comparado com o custo da importação dessa borracha", diz a fonte.
O diretor da consultoria Maxi Quim Otávio Carvalho acrescenta que, normalmente, um empreendedor petroquímico almeja vender a maior parte da sua produção no mercado doméstico. "Com uma medida antidumping retirada, muda-se o panorama e faz todo o sentido rediscutir os números para ver se a atratividade do projeto está mantida", frisa. Carvalho opina que o fornecimento de matéria-prima, no caso o butadieno, é fundamental para atrair investimentos no segmento de borracha. Quanto a esse quesito, o Estado estaria bem servido. "A planta de Triunfo (da Braskem) é uma das poucas oportunidades de oferta de butadieno no mundo", diz Carvalho.
Em 2012, a Braskem inaugurou uma planta de butadieno com capacidade para 103 mil toneladas anuais. O aporte na unidade foi de R$ 300 milhões. A empresa já possuía outra fábrica no polo gaúcho com capacidade para 106 mil toneladas anuais. Grande parte do butadieno da Braskem é exportada, mas o objetivo é que, havendo demanda, a produção comece a ser deslocada para o mercado interno.