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Combustíveis

- Publicada em 14 de Fevereiro de 2016 às 21:38

Alta de preços da gasolina incentiva vendas de GNV

 JC LOGISTICA  USO DE GÁS NATURAL VEICULAR. EMPRESA QUE INSTALA KITS. NA FOTO: ALEXANDRE MEDITSCH,

JC LOGISTICA USO DE GÁS NATURAL VEICULAR. EMPRESA QUE INSTALA KITS. NA FOTO: ALEXANDRE MEDITSCH,


FREDY VIEIRA/JC
Um combustível mais barato e de menor impacto ambiental, o Gás Natural Veicular (GNV) ganhou mais força no Estado nesses últimos meses com o aumento do ICMS sobre a gasolina e o etanol (de 25% para 30%) no começo do ano. Essa é a percepção de usuários e de fornecedores de equipamentos de adaptação dos automóveis e do próprio gás. O número de veículos capazes de também utilizar o combustível no Rio Grande do Sul passou de 61.111, em setembro quando foi aprovado o aumento de impostos , para 61.449 em dezembro.
Um combustível mais barato e de menor impacto ambiental, o Gás Natural Veicular (GNV) ganhou mais força no Estado nesses últimos meses com o aumento do ICMS sobre a gasolina e o etanol (de 25% para 30%) no começo do ano. Essa é a percepção de usuários e de fornecedores de equipamentos de adaptação dos automóveis e do próprio gás. O número de veículos capazes de também utilizar o combustível no Rio Grande do Sul passou de 61.111, em setembro quando foi aprovado o aumento de impostos , para 61.449 em dezembro.
Outra questão que deve favorecer a migração para o GNV é a perspectiva de mais postos comercializarem o produto. Atualmente, o Estado conta com 80 revendas de gás natural veicular, espalhadas em 28 cidades. O diretor-presidente da Sulgás, Claudemir Bragagnolo, estima em cerca de 25% o incremento que se dará desses complexos em 2016. A tendência é que a maioria dessas unidades sejam abertas em municípios que ainda não possuem essa alternativa. O presidente da estatal revela que uma das cidades com as negociações adiantadas é Soledade.
Bragagnolo enfatiza ainda o bom desempenho das vendas no Litoral Norte, que registrou um crescimento de cerca de 40% na comercialização do combustível nos meses mais recentes. Assim como os veranistas, os turistas argentinos também contribuíram para o aumento do uso do gás.
O diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Veículos e de Peças e Acessórios para Veículos no Estado (Sincopeças-RS) Alexandre Meditsch confirma que o mercado aqueceu, com destaque para dezembro e janeiro. O empresário atribui o fato ao encarecimento da gasolina, que superou a elevação do custo do GNV (a Sulgás reajustou em 6% o valor do combustível no começo deste ano).
Segundo a Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis (ANP), em janeiro, enquanto o preço médio do litro da gasolina era de R$ 3,899 nos postos, o do metro cúbico do GNV era de R$ 2,56. Em dezembro, os valores eram respectivamente R$ 3,631 e R$ 2,43. Já em Porto Alegre, no mês passado, o litro da gasolina tinha um preço médio de R$ 3,963; e o GNV, R$ 2,610. Em dezembro, na Capital, a gasolina estava custando, em média, R$ 3,669; e o GNV, R$ 2,489.
Apesar do cenário, Meditsch recorda que o segmento já foi muito mais relevante. Em 2004, eram 37 oficinas convertedoras certificadas na capital gaúcha e mais de 130 no Rio Grande do Sul. Hoje, não passam de 30 no Estado e apenas quatro em Porto Alegre, demonstrando a retração do mercado. O integrante do Sincopeças-RS argumenta que esse fenômeno se iniciou em 2005, quando o governo federal começou a dar declarações sobre a escassez de gás natural.
Meditsch cita o caso da sua própria oficina, que chegou a fazer cerca de cinco conversões por dia, posteriormente caindo para duas ou três por mês. No momento, esse número subiu para até cinco por semana. Uma preocupação do empresário é que se o mercado de GNV der um novo "salto", não haverá empresas e fornecedores para atender a essa demanda. "Agora, temos um mercado aquecido, mas não tem produto", frisa.

Metade dos táxis de Porto Alegre está adaptada para gás

 USO DE GÁS NATURAL PARA CARROS. FOTO EM POSTO DE COMBUSTÍVEIS.

USO DE GÁS NATURAL PARA CARROS. FOTO EM POSTO DE COMBUSTÍVEIS.


JONATHAN HECKLER/JC
Um dos principais consumidores do GNV são os taxistas. O fato de rodarem enormes distâncias com os veículos compensa o investimento na instalação de um kit de GNV. Da frota de táxis da Capital, composta por 3.920 carros, 2.220 estão aptos a utilizar o gás.
Apesar do número expressivo, o presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), Luiz Nozari, acredita que o combustível nunca atingirá a totalidade da frota, pois alguns automóveis que atuam em pontos de embarque de passageiros, como aeroportos e supermercados, preferem não instalar o cilindro que armazena o gás por ocupar muito espaço no porta-malas. Nesses locais, muitas vezes, o cliente leva várias bagagens. "Mas, no geral, não dá para trabalhar sem o GNV", afirma Nozari.
Se a economia é o maior atrativo, como características negativas do gás o dirigente cita a manutenção mais onerosa, o investimento no kit de GNV e o desgaste do carro em função do peso do cilindro (em torno de 70 quilos). Além disso, há a questão da necessidade de modificação do veículo. O presidente do Sintáxi lembra que a Fiat, única montadora no Brasil que fabricava veículos originais com capacidade de abastecer com o GNV, abandonou a proposta.
Nozari recomenda a solução para quem trafega mais de 100 quilômetros todo o dia. De acordo com o dirigente, o GNV possibilita rodar, no mínimo, a mesma quilometragem que a gasolina e, geralmente, até um pouco mais, tendo um custo inferior na bomba. O presidente do Sintáxi ressalta que a tarifa dos taxistas porto-alegrenses leva em consideração o preço do GNV. "Então, quem não está usando o gás na verdade está perdendo", alerta.

Redução de custos pode diminuir informalidade nas instalações

Para incentivar o setor, o diretor do Sincopeças-RS sugere a diminuição do preço do produto para o consumidor final ou incentivos como o desconto do IPVA. Medidas como essa, reforça Meditsch, contribuiriam para que saíssem da informalidade proprietários de veículos que não declararam a instalação do kit de GNV. O empresário explica que alguns motoristas praticam essa ilegalidade para escapar dos custos das vistorias.
A instalação de um kit pode variar de R$ 2,6 mil a
R$ 4 mil, dependendo do equipamento. Meditsch teme que o entusiasmo com o GNV possa ser um pouco "fogo de palha". O dirigente pondera que, devido a esse receio, as oficinas convertedoras não estão investindo na contratação de mais pessoas para atender à demanda. Contudo, o representante do Sincopeças-RS aposta que se for dada uma condição sustentável para essa atividade, haverá a criação de novos postos de trabalho. "Só que hoje todo mundo está um pouco receoso", comenta.
O presidente da Sulgás projeta que o mercado de gás natural veicular deverá continuar crescendo no Rio Grande do Sul. Um dos fatores que poderá contribuir para isso é a possibilidade de usar novas fontes de produção como o biogás (feito a partir de matéria-prima orgânica), gás natural liquefeito (GNL) e gaseificação do carvão.
Claudemir Bragagnolo salienta ainda que o segmento veicular não implica uma grande oferta para atender à demanda, como é o perfil das termelétricas, por exemplo.