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Economia

- Publicada em 12 de Fevereiro de 2016 às 15:35

Laboratório desenvolve base para superímãs

 Didímio metálico (Nd e Pr) produzido a partir do óxido da CBMM - Crédito IPT Divulgação

Didímio metálico (Nd e Pr) produzido a partir do óxido da CBMM - Crédito IPT Divulgação


IPT /DIVULGAÇÃO/JC
Guilherme Daroit
Dos rejeitos da mineração, pode estar surgindo, no Brasil, um novo nicho de mercado com potencial global. Matéria-prima para superímãs com diversas aplicações, principalmente em motores e turbinas eólicas, o didímio metálico acaba de ser obtido pela primeira vez no País. A conquista é de um projeto de pesquisa em parceria da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), órgão do governo paulista, que vê, na novidade, a possibilidade de tornar o Brasil uma alternativa em um mercado dominado pela China.
Dos rejeitos da mineração, pode estar surgindo, no Brasil, um novo nicho de mercado com potencial global. Matéria-prima para superímãs com diversas aplicações, principalmente em motores e turbinas eólicas, o didímio metálico acaba de ser obtido pela primeira vez no País. A conquista é de um projeto de pesquisa em parceria da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), órgão do governo paulista, que vê, na novidade, a possibilidade de tornar o Brasil uma alternativa em um mercado dominado pela China.
"Há um potencial grande de fornecimento no mercado nacional e, também, de poder se colocar como importante player para o mercado mundial", argumenta o pesquisador do IPT e coordenador do projeto, João Batista Ferreira Neto. O cientista credita a possibilidade às incertezas quanto ao fornecimento do material pelos chineses, responsáveis por mais de 90% da produção mundial. Em 2010, o país asiático colocou barreiras para a exportação, o que fez dispararem os preços do produto até a intervenção da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2014. "Mas é algo que pode acontecer de novo, e regiões dependentes, como Japão, Estados Unidos e Europa, estão de olho, procurando alternativas", agrega.
O didímio é, na verdade, uma mistura dos elementos praseodímio (Pr) e neodímio (Nd), e foi obtido a partir do óxido extraído pela CBMM de sua mina de nióbio em Araxá (MG). A empresa montou uma planta-piloto de concentração e, depois, separação de seus rejeitos para isolar o didímio. Depois, o IPT criou e testou duas rotas diferentes para a redução do óxido em metal, ambas com sucesso, até conseguir obter os primeiros 100 gramas do produto em solo brasileiro. "O próximo passo agora é a obtenção da liga de didímio com ferro e boro que, depois de alguns processos, é o que dará origem ao ímã propriamente dito, e que temos capacitação para fazer", projeta Ferreira Neto, que também articula um projeto, posterior, que complete toda a cadeia de produção.
Um dos principais atrativos econômicos para a iniciativa é que estes superímãs são essenciais para turbinas de geração de energia eólica por terem uma performance de fluxo magnético incomparável aos outros ímãs, segundo o pesquisador. São consumidos cerca de
600 kg de didímio por cada MW eólico - a capacidade instalada no Brasil hoje é de cerca de 8,2 mil MW, com mais 3,5 mil MW em instalação, e a tendência é de que esses números só cresçam, tanto nacional quanto internacionalmente. Outras aplicações são na indústria eletrônica, como em discos rígidos, e para motores veiculares que precisam de alto desempenho com pequenos volumes, como os de carros elétricos.
Embora a obtenção tenha partido de uma mina de nióbio, Ferreira Neto comenta que o didímio pode ser extraído também de outras fontes, como minas de fosfato, por exemplo, que também possuem as chamadas "terras raras" (terras com os elementos da família dos Lantanídeos, como o Nd e o Pr). Elas são encontradas em locais como a região amazônica e em Catalão (GO). O Brasil é o segunda maior reserva dessas terras, com 22 milhões de toneladas, atrás apenas da China, com 55 milhões de toneladas.
Ao todo, o projeto, que começou em 2014 e tem previsão de término para junho, recebeu investimentos de R$ 9,5 milhões, divididos entre CBMM, IPT e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Sete pesquisadores, além de técnicos, estão envolvidos na iniciativa.
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