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- Publicada em 11 de Fevereiro de 2016 às 22:31

Um pouco de tragédia

 livro tragédia grega

livro tragédia grega


DIVULGAÇÃO/JC
Hegel e a tragédia grega (É Realizações Editoriais, 224 páginas, R$ 44,90, tradução de Agemir Bavaresco e Danilo Vaz-Curado R.M. Costa), do jovem e destacado pesquisador canadense Martin Thibodeau, professor do Collège André-Grasset em Montreal, no Canadá, e pesquisador convidado na New School for Social Research em Nova Iorque, contempla a análise da tragédia grega em quatro momentos diversos do itinerário hegeliano.
Hegel e a tragédia grega (É Realizações Editoriais, 224 páginas, R$ 44,90, tradução de Agemir Bavaresco e Danilo Vaz-Curado R.M. Costa), do jovem e destacado pesquisador canadense Martin Thibodeau, professor do Collège André-Grasset em Montreal, no Canadá, e pesquisador convidado na New School for Social Research em Nova Iorque, contempla a análise da tragédia grega em quatro momentos diversos do itinerário hegeliano.
Por que Hegel foi conduzido durante toda a elaboração de seu sistema filosófico - de modo simultâneo a Schelling e Hölderlin - a se interrogar sobre o sentido da tragédia grega que conheceu seu apogeu no século V antes de Cristo? O presente livro se propõe a demonstrar que a pergunta hegeliana sobre as tragédias é especialmente ligada ao projeto de radicalização e de suprassunção do kantismo.
Thibodeau é especialista em filosofia alemã dos séculos XIX e XX no arco que se inicia com Kant e se desenvolve com Adorno e a teoria crítica. Na apresentação do volume, os tradutores referem que a obra de Thibodeau já nasce clássica.
Há quem diga que Hegel e a tragédia grega é uma das mais instigantes e importantes obras de filosofia contemporânea disponíveis em português. Com rigor conceitual e explicitação de difíceis questões filosóficas, como a estruturação da ação e os temas e problemas originadores da modernidade, Thibodeau marca presença na historiografia filosófica.
Com essa obra, o leitor compreenderá questões de seu tempo, como o sentido e os limites da justiça, a relação entre a ação humana e a responsabilidade do agir, a intrincada e tortuosa relação existente entre liberdade e destino no curso histórico sempre à luz da centralidade da ação trágica, tal como exposta nas diversas tragédias gregas analisadas no presente livro através da reflexão hegeliana.
Dois adágios de Hegel importam para compreender a presente obra: a necessidade de a filosofia traduzir seu tempo em conceitos e preconizar que num estado de coisas delirantes faz-se preciso forjar novos conceitos. Com esses dois conceitos, o leitor vai observar que o livro de Martin Thibodeau não é apenas uma reflexão teórica acerca de temas filosóficos. É um grande ensaio de compreensão do drama da existência humana através de suas expressões estéticas e trágicas.
Portanto, a monumental obra de Martin Thibodeau, antes acessível apenas para leitores francófonos e anglófonos, agora, pelo grande trabalho da Editora É Realizações, está disponível para os brasileiros, justamente num momento de relação importante entre a ação trágica e os destinos da política.

Acabou o pavio

Acredite, houve um tempo em que algumas pessoas tinham o famoso "pavio-curto", eram chamadas de estouradas, sangue quente, sanguíneas e não sei mais o quê. Me parece que eram algumas, não muitas. Não tinham muita paciência para aguentar conversas, desaforos e outras coisas que não gostassem nos outros. "Não levo desaforo para casa", "dou um boi para não entrar numa briga e dou uma boiada para não sair", "quem diz o que quer, ouve o que não quer" eram algumas das frases preferidas dos esquentadinhos. Hoje, são muitas, quase todas as pessoas são esquentadinhas. Todo mundo com os nervos para fora da pele. Antes, era só à flor da pele.
Hassan Rohani, presidente do Irã, foi à Itália esses dias. Os italianos, para não se estressarem e, quem sabe, fazerem negócios de bilhões de dólares com o Irã, cobriram com caixas brancas estátuas de deuses gregos, romanos e nus femininos. Rohani podia se escandalizar com os marmóreos genitais... Brillat Savarin disse que, quando a gente recebe alguém, deve fazer tudo para o convidado se sentir feliz em nossos domínios. Será que os gringos estavam certos? Interesseiros? Jeitosos? Será que se humilharam? Você decide.
Já em Paris estava marcado, dias atrás, um almoço com o Hassan e o presidente da França. Aí os iranianos disseram que não podia aparecer vinho ou outra bebida alcoólica na mesa. Dizem que os franceses são os italianos mal-humorados. Deve ser brincadeira ou estereótipo isso, mas, si non é vero, é bene trovato... Imagina, não pintar vinho em Paris, onde até uma loja do McDonalds teve que abrir uma exceção mundial e servir a bebida. Os franceses cancelaram o tal almoço abstêmio. E aí? Estavam certos? Deveriam ter tomado refri e água com os ricaços e, quem sabe, podiam tomar o vinho escondido no banheiro ou na cozinha? Para mim não ficou legal o lance. Os franceses podem ter perdido uns bussiness e os iranianos não degustaram as iguarias que os italianos ensinaram os franceses a fazer, há uns séculos atrás, quando mandaram buscar uns chefs lá na bota.
Esses dias, uma mulher xingou feio um senhor no Big Brother porque ele estava dormindo de cuecas, na cama, ao lado da dela. Pavio curto. Ou nenhum pavio. Depois os dois se desculparam, mas deu até assunto no programa da Fátima Bernardes. Ele estava ameaçando processar a esquentadinha.
Todo mundo anda falando tudo, toda hora, em todo lugar, bem alto. Aquela coisa de falar um por vez, quando um burro fala o outro abaixa as orelhas, dançou. Aquela coisa de ficar a um metro de distância das pessoas, não ficou. Falar baixo, agir delicadamente, anda meio escasso, isso. Todo mundo tem que ter "atitude", tipo assim, nova-iorquina, bem cheguei, bem trio-elétrico, patrola. Para que esperar o outro terminar de falar? Para que pensar que vingança é um prato que se come frio? Hoje, a galera quer comer o fígado do adversário bem quentinho, na horinha.

Lançamentos

 livro tragédia grega

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DIVULGAÇÃO/JC
  • Crise financeira na floresta (Geraçãozinha-Geração Editorial, 24 páginas) de Ana Paula Hornos, coach, mãe, educadora financeira e palestrante, com ilustrações de Cláudio Martins, livro de educação financeira para crianças, de forma divertida mostra a importância do trabalho, do poupar e investir e o impacto das dívidas e do consumismo. Empreendedorismo, ética e honestidade estão lá.
  • Casas importadoras de Santos e seus agentes (Ateliê Editorial, 144 páginas), de Carina Marcondes Ferreira Pedro, mestre em História pela USP, traz Santos nas três décadas finais dos anos 1800. Mostra a importância do porto, o desenvolvimento e a projeção internacional e os significados sociais das mercadorias e os padrões de consumo. A obra teve origem no mestrado da autora.
  • Imprudente (Pandorga Editora, 452 páginas, R$ 34,90), romance da norte-americana Nichole Chase, autora do best-seller do NY Times, é o segundo da Série Royal. Traz Catherine, irmã de príncipe e princesa perfeita, virginal. Os homens a perseguem. Ela só se preocupa com o futuro da nação, mas decide seduzir David, o único cara que parece não ligar para qualquer assunto da realeza. Complicado.

A propósito...

Antigamente tinha manual de boas maneiras, livro de etiqueta, normas de convívio. Bom, ainda temos algumas regras, ainda temos alguns livros, tipo os da Danuza Leão, sugerindo ao menos um pouco mais de delicadeza nos relacionamentos. Não existe sociedade sem regras, leis. Se com todas as leis que temos a coisa anda assim, imagina sem. A vida é curta, passa depressa. Somos anjos de uma asa só, precisamos dos outros para voar. Falou a Madre Teresa que, quando a gente se encontra com alguém, é bom sair do encontro melhor do que quando a gente chegou. Não perca, não encurte o seu pavio. Aumente-o. Conte até mil. Periga ser melhor para todo mundo.