A marcha de abertura do Fórum Social Mundial Temático que partiu do Largo Glênio Peres até o Largo Zumbi dos Palmares reuniu, segundo a Brigada Militar, cerca de 10 mil sindicalistas, intelectuais, políticos de diferentes campos da esquerda e militantes de diversas causas. Embora a maioria tivesse pautas em comum, houve momentos de atrito entre os diversos grupos.
Por exemplo, quando o prefeito José Fortunati (PDT) e o vice Sebastião Melo (PMDB) se juntaram à caminhada, alguns grupos protestaram contra a presença deles. Fortunati e Melo seguravam um cartaz com o logotipo do Fórum, junto com o deputado estadual Adão Villaverde (PT), o ministro do Trabalho e Previdência Social Miguel Rossetto (PT) e o ex-governador Olívio Dutra (PT), entre outros.
Em 2001, na primeira edição do Fórum Social Mundial, Fortunati era presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre e filiado ao PT; Olívio era o governador do Estado; e Rossetto, o vice governador.
Ao ser surpreendido pela presença dos gestores municipais no meio da multidão, um ativista gritou: "A cidade está jogada às traças, prefeito!". Outroadvertiu o ex-governador: "Não te mistura com essa gente, Olívio!" Por outro lado, houve pessoas que interpelaram as autoridades, sobretudo Fortunati, para tirar fotos com ele.
Embora estivesse relativamente longe dos políticos, o grupo Juntos (agremiação de jovens ligados ao P-Sol) entoava palavras de ordem criticando a gestão municipal e avisando que, se Fortunati autorizar o aumento da passagem do transporte coletivo, "a cidade vai parar".
Apesar disso, todos caminharam juntos, embora, em alguns casos, mantendo a distância entre uma aglomeração e outra. Cada central sindical que participou da passeata tinha seu próprio carro de som. Os movimentos sociais tinham baterias de escola de samba para acompanhar seus cantos.
Ativistas eram das mais variados correntes, como indígenas, sem-teto, feministas e movimento negro. Entre os temas comuns, estavam críticas ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ); e também protestos contra o ajuste fiscal promovido pelo governo federal.
Além disso, cada movimento trazia uma reivindicação específica à passeata. Por exemplo, o índio caigangue João Carlos Padilha segurava uma faixa junto com outros representantes da etnia, "pela demarcação das terras indígenas".
"A demarcação está prevista na constituição federal. Queremos apenas que a constituição seja respeitada. A questão fundiária é a que mais mata no País, porque, com a concentração de terras, as pessoas saem do campo e vêm para a cidade onde acabam marginalizados. Por isso, tem que resolver essa questão", pontuou Padilha, que participa desde a primeira edição do evento.
A presidente estadual da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Elis Regina, chamou atenção para a edição de 2016, pois, neste ano, "o Fórum traz pela primeira vez uma mesa de convergência unitária do movimento negro, reunindo entidades nacionais e internacionais".
"Trata-se de um debate entre as diversas organizações para unificar nossas principais pautas, como por exemplo, o extermínio da juventude negra, a violência contra a mulher negra e o que as cotas mudaram na vida da população negra. Queremos avaliar o que mudou na nossa vida com os avanços dos últimos anos e planejar os próximos passos daqui para frente", projetou Elis.
Veja a galeria de fotos da passeata:
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Diversidade de pautas marcou passeata de movimentos sociais
Crédito: GILMAR LUÍS/JC
Diversidade de pautas marcou passeata de movimentos sociais
Crédito: GILMAR LUÍS/JC
Diversidade de pautas marcou passeata de movimentos sociais
Crédito: GILMAR LUÍS/JC
Diversidade de pautas marcou passeata de movimentos sociais
Crédito: GILMAR LUÍS/JC
Diversidade de pautas marcou passeata de movimentos sociais
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Diversidade de pautas marcou passeata de movimentos sociais
Crédito: GILMAR LUÍS/JC
Diversidade de pautas marcou passeata de movimentos sociais
Crédito: GILMAR LUÍS/JC
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