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Opinião

- Publicada em 15 de Janeiro de 2016 às 17:12

A universidade e a falta de qualificação no ensino básico

Enem, Sisu, ProUni e Fies são todos ferramentas de inclusão criados pelo governo federal há menos de 10 anos, e que ainda passam por processos de adaptação. A principal delas talvez seja chegar a uma equação na qual todos os candidatos tenham realmente as mesmas condições de acesso, o que passa pela qualidade da educação básica.
Enem, Sisu, ProUni e Fies são todos ferramentas de inclusão criados pelo governo federal há menos de 10 anos, e que ainda passam por processos de adaptação. A principal delas talvez seja chegar a uma equação na qual todos os candidatos tenham realmente as mesmas condições de acesso, o que passa pela qualidade da educação básica.
O Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) trouxe oportunidades a estudantes de todas as rendas de se candidatarem, por meio da nota, a uma vaga em universidades. Um dos motivos é que a prova, aplicada em mais de 1.700 municípios, dos 5.570 existentes no Brasil, poupa o candidato de fazer vestibular em mais de uma instituição.
Com a nota do Enem, a escolha do curso é feita pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O estudante pode optar por até dois cursos, mas o ingresso depende da nota obtida. Um mesmo curso, em diferentes universidades, pode ter nota de corte diferente. Esse valor, atualizado uma vez ao dia pelo sistema, é o mínimo necessário para o acesso ao curso escolhido. Em universidades federais, o processo de inserção de pessoas com rendas mais baixas também se dá através das cotas - 50% para oriundos de escolas públicas, autodeclarados negros e indígenas.
Já o Programa Universidade para Todos (ProUni) possibilita o ingresso de alunos carentes em universidades privadas, por meio de bolsas de estudos de 50% ou 100%. Outro meio de ingresso na faculdade é pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Candidatos com renda familiar mensal bruta, por pessoa, de até dois salários-mínimos e meio podem tentar uma vaga em universidades privadas. Tanto ProUni quanto Fies exigem um mínimo de 450 na média das provas do Enem e não ter zerado a Redação.
Obviamente, é de se comemorar que mais pessoas tenham oportunidade de cursar uma faculdade, mas é de se lamentar que ingressem em um curso superior sem condições de interpretar um texto e de fazer contas simples. No Enem 2015, dos 5,7 milhões de candidatos, apenas 104 tiraram nota 1.000 na Redação - a maior pontuação.
Das quatro áreas testadas, em três a média de acertos caiu em relação a 2014 - Ciências da Natureza (de 482,2 para 478,8), Linguagens e Códigos (507,9 para 505,3) e Matemática (473,5 para 467,9). A única que aumentou foi a de Ciências Humanas, de 546,5 para 558,1. Hoje, como se vê, o principal problema da educação não está no ingresso ao Ensino Superior. A questão mais pertinente é em que condições esses jovens ingressam no sistema.
A pesquisa Projeto de Vida - O Papel da Escola na Vida dos Jovens, da Fundação Lemann, de 2015, feita com jovens que terminaram o Ensino Médio - 80% de escolas públicas -, mostra que falta a eles competências básicas em comunicação, raciocínio lógico e tecnologia. Também foi constatado que há dificuldades de interpretar o que leram, de se expressar oralmente e de construir argumentos consistentes. No campo do raciocínio lógico, os jovens não dominam conteúdos básicos da Matemática e têm dificuldades para ler planilhas e gráficos e calcular porcentagens.
Uma melhora na educação passa por melhorias na formação de professores, muitas vezes, pouco preparados para os desafios da sala de aula; por medidas para corrigir a defasagem de aprendizado dos alunos; por reestruturações curriculares; e pelo uso eficiente dos recursos públicos. Não ter uma população de fato qualificada e competitiva é um freio para o crescimento econômico, uma vez que a importância da educação no mundo atual é estratégica. É preciso que esse consenso adquira maior amplitude, de modo a fundamentar ações melhor direcionadas, com a prioridade que a educação exige.
 
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