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Opinião

- Publicada em 04 de Janeiro de 2016 às 18:58

Vida longa ao livro

O segmento cultural mais marcante de 2015 foi a literatura. E não me refiro às estatísticas. Não sei se aumentou ou diminuiu as vendas ou a produção de livros ou, ainda, a quantidade de leitores. Não, não são os números que interessam aqui, e sim os fatos.
O segmento cultural mais marcante de 2015 foi a literatura. E não me refiro às estatísticas. Não sei se aumentou ou diminuiu as vendas ou a produção de livros ou, ainda, a quantidade de leitores. Não, não são os números que interessam aqui, e sim os fatos.
E teve um que deu à literatura grande destaque neste ano. O lançamento do livro Submissão, de Michel Houellebecq, que desencadeou os atentados terroristas em Paris, comprovou o quanto o livro ainda pode ser influente.
Nenhuma peça de arte impulsionou consequências tão gigantescas quanto o romance de Houellebecq. A abordagem do escritor francês ao islamismo e sua divulgação no jornal satírico Charlie Hebdo incomodou profundamente os fundamentalistas. Quem pagou foram os jornalistas e cidadãos franceses. Infelizmente, o livro influenciou para o mau. Mas aí o problema não é do livro e sim do extremismo religioso. O livro apenas estava ali para cumprir seu papel de estimular a reflexão.
Também há de se reconhecer: Houellebecq problematiza a questão da dominação islâmica, mas sua crítica principal é sobre o modelo desgastado da sociedade ocidental contemporânea. Não seria o caso, portanto, de tamanha ira dos radicais.
O Charlie Hebdo até poderia estar fustigando o islã, o que ainda não justifica qualquer reação violenta. A capa do periódico na data dos atentados satirizava mais o escritor francês do que a religião de Maomé. De qualquer forma, a divulgação foi o estopim dos ataques terroristas.
Poderia alguém argumentar, então, que o jornal teve mais influência que o livro como suporte para o desencadeamento do episódio. Tanto faz. O que importa é que foi um impresso. Estamos na era digital. O acontecimento poderia ter sido impulsionado por um vídeo no Youtube, um texto no Facebook, um filme no cinema ou até uma única frase no Twitter. Não. O que teve poder para mexer com as ideias das pessoas foi velho impresso.
É a maior prova de que o livro e o jornal terão vida longa. Por isso, o lançamento do romance Submissão foi o maior fato cultural de 2015.
Jornalista
 
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