O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu ontem que se mantenha a vigilância para assegurar que as potências mundiais cumpram seus compromissos no acordo nuclear recém-implementado. Em suas primeiras declarações públicas desde a revogação das sanções internacionais devido ao programa nuclear de Teerã, a autoridade máxima do país também expressou pessimismo em relação às intenções norte-americanas.
Em carta enviada ao presidente Hasan Rowhani e publicada pela mídia estatal, ele pediu ao governo que "tenha cautela até que o outro lado coloque em prática seus compromissos", em referência às potências internacionais. "Reitero a necessidade de se manter atentos sobre o engano e a traição de países arrogantes, especialmente os EUA, neste assunto e nos outros. Os comentários feitos por alguns políticos norte-americanos são suspeitos", disse.
Khamenei aludia às críticas dos republicanos, adversários do presidente Barack Obama. Eles tentam desde julho minar o acordo nuclear no Congresso por considerar que Teerã não se comprometeria a cumpri-lo. Outro motivo de preocupação é a continuidade do pacto após 2017, quando Obama deixar a Casa Branca. Diversos pré-candidatos republicanos já afirmaram que pretendem derrubar o acordo assim que assumirem.
Para Khamenei, o Irã pagou um preço muito alto para concluir o acordo. A República Islâmica se comprometeu a reduzir seu estoque de material atômico, de instalações e centrífugas destinadas ao enriquecimento de urânio.
No sábado, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou que o Irã cumpriu por completo a primeira etapa de redução do seu material nuclear. Por isso, Estados Unidos e União Europeia retiraram parte das sanções. Horas antes, Irã e EUA fizeram uma troca de prisioneiros. Dentre os norte-americanos libertados pela República Islâmica, estava o jornalista Jason Rezaian, que havia sido condenado por espionagem.
No dia seguinte, porém, os EUA anunciaram sanções sobre 11 indivíduos e empresas envolvidos no fornecimento de tecnologia usada em um teste de mísseis balísticos realizado pelo Irã em outubro. As novas punições foram condenadas por Teerã.