A professora do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Ana Maria Pereira, falou sobre alguns malefícios do excesso de trabalho e a relação que devemos ter com ele. Confira:

"Cortar a sequência é importante", explica psicóloga sobre excesso de trabalho


A professora do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Ana Maria Pereira, falou sobre alguns malefícios do excesso de trabalho e a relação que devemos ter com ele. Confira:

GeraçãoE - Há sentido em ser workaholic atualmente?
GeraçãoE - Há sentido em ser workaholic atualmente?
Ana Maria Pereira - Esse conceito muda rápido. Workaholic antes era quem ficava muito tempo ocupado com o trabalho e não tinha espaço na rotina para outras coisas. Hoje, há pessoas que trabalham muito mas conseguem dispor a atenção para outras coisas enquanto trabalham. E os espaços das empresas têm mudado para prover isso também. Além do mais, desestressa, porque ajuda a pessoa a não criar um vínculo de relação doente com o trabalho.
GE - Como o trabalho em excesso afeta psicologicamente?
Ana - Há diferentes naturezas de trabalho, uns mais físicos, outros mais intelectuais. Qualidade de vida está muito atrelada ao trabalho, porque este está cercado por uma série de aspectos para tu construíres tua qualidade. Nem sempre uma quantidade ou demanda muito intensa de trabalho significa que seja algo estressante, depende muito do que você está fazendo e qual a sua ligação emocional com isso. Se a gente faz o que gosta, dá um sentido para aquilo, o estresse é facilmente operado. Porque gera desgaste físico, mas não gera desgaste emocional. Há várias síndromes de trabalho. Uma delas é a Síndrome do Trabalho Vazio. Este sim é muito desgastante, embora às vezes tenha até uma carga horária menor. E também tem gente que fica doente com mais de uma semana de férias, por exemplo. O tempo de lazer é fundamental, não só nas férias. Poder ter momentos de descontração, pequenas viagens, atividade física, o que for. Ter um funcionamento que quebre a sequência permanente de trabalho, que ofereça as pausas. Isso faz com que teu cérebro te ajude a não entrar onde tu fiques o tempo inteiro envolvido com uma coisa só. Cortar a sequencia é importante.
GE - Como você explica isso?
Ana - Quando tu entras numa relação doente com o trabalho é porque tu abriste mão de outras coisas na vida para se envolver quase totalmente com ele. O trabalho é muito importante e tem um peso grande. Mas a gente precisa ter clareza que ele dá condições que vão favorecer que tu faças outras coisas na vida, além de trabalhar. O fim próprio do trabalho não é trabalhar, é ter satisfação.

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