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Economia

- Publicada em 25 de Janeiro de 2016 às 22:30

Opinião Econômica: Pra frente, Brasil!

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa


Arquivo/JC
Perde o sono quem se debruça a avaliar os inúmeros problemas globais deste início de ano. Ao mau humor brasileiro somam-se avaliações bastante pessimistas sobre o comportamento da economia mundial.
Perde o sono quem se debruça a avaliar os inúmeros problemas globais deste início de ano. Ao mau humor brasileiro somam-se avaliações bastante pessimistas sobre o comportamento da economia mundial.
Para o Brasil, a má notícia, pior de todas, é o desaquecimento da China, o grande consumidor de commodities industriais e agrícolas. O crescimento da economia da China, de 6,9% em 2015, ainda é robusto quando comparado com os dos demais países emergentes ou desenvolvidos, mas está longe do conhecido "ritmo chinês" dos últimos 25 anos, quase sempre em índices de dois dígitos.
O desaquecimento da demanda chinesa derruba o preço das matérias-primas, desde o petróleo até os metais e as commodities agrícolas.
No caso do petróleo, a estratégia dos grandes produtores, que visa a inviabilizar a concorrência de outras fontes de energia, levou o preço a níveis inacreditavelmente baixos. Desde junho de 2014, em pouco mais de um ano e meio, portanto, a cotação do barril de petróleo caiu 70%, de US$ 110 para US$ 30.
Nesse cenário, as petrolíferas, entre elas a Petrobras, já adiaram quase 70 projetos de exploração ao redor do mundo, o que levou a um corte de investimentos de quase de US$ 400 bilhões no ano passado.
O efeito petróleo se espalha por todas as cadeias globais. A Europa patina, os emergentes perdem posições e só a economia americana ainda vai bem.
Além disso, há uma série de problemas geopolíticos, sendo o principal deles o grande número de imigrantes do Oriente Médio que buscam refúgio na Europa.
Nesse contexto se enquadra o Brasil, com seus velhos problemas internos - tributação elevada, juros exorbitantes, burocracia, baixa produtividade e corrupção -, agravados por crise política e polarização ideológica.
O que fazer? Como voltar a crescer e a criar empregos?
Ninguém tem fórmula mágica, mas é preciso agir. Não dá para o País aguardar sentado a melhora das condições globais.
A desvalorização do real, uma das maiores entre as moedas emergentes, já começou a ajudar as exportações. É indispensável incentivá-las ainda mais, especialmente nas áreas em que o País é competitivo, como em produtos agroindustriais. Não se pode esperar, porém, que a recuperação da economia venha apenas do impulso exportador. Até porque, segundo todas as previsões, a demanda global vai se retrair ainda mais no curto prazo com a queda do petróleo.
É obrigatório, portanto, olhar para o vasto mercado interno, com mais de 200 milhões de consumidores. Reativá-lo é possível, apesar de todo o pessimismo e das críticas injustas ao modelo adotado na crise de 2008. É obrigatório também retomar investimento em infraestrutura e construção, grandes geradores de emprego.
A receita para reaquecer o consumo interno passa pelo crédito. Às famílias endividadas e inadimplentes pode ser oferecida a renegociação dos empréstimos com juros civilizados. E às empresas combalidas, refinanciamentos para que possam levantar e andar.
Os juros civilizados são fundamentais. Na semana passada, prevaleceu o bom senso, quando o Banco Central abortou uma elevação da Selic. Um país arrasado pela recessão não pode aumentar sua taxa básica de juros, a menos que queira ser motivo de chacota global.
Por fim, o País precisa de um choque de confiança, que poderia vir da apresentação de um plano de reformas, há muito esperadas, ao Congresso.
Diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional e presidente do conselho de administração da empresa
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