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Turismo

- Publicada em 24 de Janeiro de 2016 às 21:39

Viajantes trocam trabalho por hospedagem

 Turismo Maria Cecilia Bogado Gomez  na recepção do Hostel em que trabalha voluntariamente, com dois hóspedes Australianos foto arquivo pessoal

Turismo Maria Cecilia Bogado Gomez na recepção do Hostel em que trabalha voluntariamente, com dois hóspedes Australianos foto arquivo pessoal


ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Disposição para trabalhar durante uma viagem de lazer, vontade de conhecer pessoas e alguma habilidade que seja útil no dia a dia de uma hospedagem. Estas são algumas das características para que turistas de qualquer nacionalidade possam permanecer entre 30 dias e quatro meses (ou mais) residindo de graça em albergues, hostels, pousadas e hotéis. No cardápio de destinos já se soma 174 países com alguma hospedaria disposta a receber viajantes interessados em trocar trabalho voluntário por estadia. E o número de empresas que oferecem esta alternativa (mais de 2 mil) tem atendido parte da demanda de pelo menos 140 mil pessoas em todo o mundo. "Desde que criamos um sistema de intermediação entre viajantes e meios de hospedagem, já registramos mais de 60 mil pernoites baseadas em moeda de troca", comenta o co-fundador da startup Worldpackers, Eric Faria.
Disposição para trabalhar durante uma viagem de lazer, vontade de conhecer pessoas e alguma habilidade que seja útil no dia a dia de uma hospedagem. Estas são algumas das características para que turistas de qualquer nacionalidade possam permanecer entre 30 dias e quatro meses (ou mais) residindo de graça em albergues, hostels, pousadas e hotéis. No cardápio de destinos já se soma 174 países com alguma hospedaria disposta a receber viajantes interessados em trocar trabalho voluntário por estadia. E o número de empresas que oferecem esta alternativa (mais de 2 mil) tem atendido parte da demanda de pelo menos 140 mil pessoas em todo o mundo. "Desde que criamos um sistema de intermediação entre viajantes e meios de hospedagem, já registramos mais de 60 mil pernoites baseadas em moeda de troca", comenta o co-fundador da startup Worldpackers, Eric Faria.
Não importa qual é a habilidade do viajante, desde que ele tenha alguma que contribua para a "casa" que o recebe. "O trabalho voluntário pode ser realizado desde o atendimento na recepção até serviços de fotógrafo, cozinheiro, músico, eletricista, professor de yoga, entre outras mais de 30 alternativas", resume o empresário que atua desde 2014 na plataforma global de conexão entre viajantes e hoteleiros. "Eu queria viajar com pouco dinheiro e busquei uma solução na internet. Foi assim que pude conhecer São Paulo", conta a argentina Maria Cecilia Bogado (25 anos).
Desde o final de 2015, Maria trabalha voluntariamente durante três turnos da semana como recepcionista e ajudante na limpeza de um hostel localizado a poucas quadras da avenida Paulista. Conhecer novos lugares negociando a força de trabalho e recebendo em troca um quarto e café da manhã inspirou a viajante, que trabalha como designer industrial e de produto em Garupá Misiones, em seu país de origem. Além de aprender sobre gestão, empatia com clientes, e conhecer pessoas com quem debate sobre arte, turismo e outros assuntos em geral, a experiência tem enriquecido o campo profissional da argentina. "Mesmo que eu tenha trabalhado quatro meses em algo totalmente fora da minha área, voltarei com muitas ideias de produtos e serviços que se pode oferecer para beneficiar o turismo da minha região." Outra vantagem para Maria Cecilia foi a oportunidade de residir em um bairro nobre de São Paulo, sem ônus. "Para se hospedar próximo da avenida Paulista é muito caro, seria impossível de outra forma."
A economia é um dos motores que impulsionam o negócio de permuta. Enquanto um hóspede comum pagaria R$ 6 mil em média para garantir estadia (custo da diária em período de baixa temporada é de R$ 200,00 por pessoa) na Pousada Jacarandá, em Troncoso (Bahia), um voluntário desfruta do conforto do local apenas arregaçando as mangas algumas vezes por semana. "Em menos de um ano e meio, já recebemos 10 pessoas que nos ajudaram em diversos setores da pousada: desde o check-in e check-out na recepção até pintura e reforma da estrutura", comenta a proprietária, Anelice Sousa Costa. A pousada tem seis bangalôs, um jardim grande, espaço aberto, piscina, bar e restaurante.  
De acordo com o co-fundador da Worldpackers, no caso da plataforma de conectividade, o voluntário paga uma taxa para reservar a oportunidade de estadia em troca de trabalho. "Funciona de forma simples: o interessado preenche um cadastro, onde descreve suas habilidades e destinos pretendidos e através do perfil sugerimos meios de hospedagem. Se o hostel confirma que existe vaga, cobramos a taxa, que é de no máximo US$ 100,00." Mas o valor pode ser bem menor (dependendo do local, gira em torno de R$ 50,00), e ainda é possível conseguir isenção. "Neste caso, a moeda de troca é ter 20 amigos que confirmem e passem referências sobre as habilidades do candidato", explica Faria.

Experiência aproxima hóspedes e empreendedores

 Turismo Maria Cecilia Bogado Gomez  na recepção do Hostel em que trabalha voluntariamente, com dois hóspedes Australianos foto arquivo pessoal

Turismo Maria Cecilia Bogado Gomez na recepção do Hostel em que trabalha voluntariamente, com dois hóspedes Australianos foto arquivo pessoal


ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Localizada em uma das praias mais cobiçadas do Brasil, Trancoso, na Bahia, a pousada Jacarandá procura um viajante que saiba fazer reparos e trabalhe durante quatro horas por dia, com direito a dois dias de folga. "Há vagas ainda para instrutor de yoga, que trabalhe por uma hora/dia e tenha uma folga por semana", lista a proprietária, Anelice Sousa Costa. "O tipo de trabalho varia de acordo com o que vou precisando", comenta. A pousada, que tem seis bangalôs e um jardim, oferece aos voluntários o café da manhã e o chá da tarde inclusos na estadia. "O melhor de tudo é ter sempre gente diferente trabalhando conosco e estar sempre fazendo novas amizades", opina.
"A primeira viajante que trabalhou por estadia em nosso estabelecimento hoje é uma de nossas melhores amigas", concorda o sócio-proprietário do Did's Hostel (em São Paulo), Guilherme Rovai. Atualmente, quatro pessoas residem no local em sistema de permuta. "Recepção calorosa é o nosso forte", garante o empresário, que apostou na ideia quando percebeu que o turnover do negócio é alto. "Antes de entrar para a plataforma, tínhamos funcionários contratados, mas, como neste segmento não existe um plano de carreira, geralmente o pessoal fica um tempo e segue para outro lugar no mercado", comenta. Hoje, Rovai trabalha com apenas dois funcionários e aumentou o número de vagas para voluntários, que, em geral, são "mais motivados" e que acrescentam positivamente na "energia" do hostel, sinaliza. "O hóspede se sente mais à vontade, o clima muda, pois ele percebe um ambiente mais animado e familiar." Dentre os voluntários que passaram pelo Did's, grande parte é de turistas estrangeiros.