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Agronegócios

- Publicada em 22 de Janeiro de 2016 às 16:43

Cesa quer leiloar primeiras unidades até junho


Já tem data para começar o desmembramento da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa). Patinho feio da administração estadual, com R$ 519,2 milhões de prejuízos acumulados até 2014, a estatal ensaia os primeiros passos para o que chama de uma "transição": na prática, a venda das unidades deficitárias, e até mesmo das consideradas viáveis, caso haja pretendente. As primeiras na lista, as unidades de Júlio de Castilhos, Santa Rosa e Nova Prata, com valor somado de R$ 21 milhões, devem ser leiloadas ainda no primeiro semestre. Cooperativas e empresários do ramo seriam os interessados.
Já tem data para começar o desmembramento da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa). Patinho feio da administração estadual, com R$ 519,2 milhões de prejuízos acumulados até 2014, a estatal ensaia os primeiros passos para o que chama de uma "transição": na prática, a venda das unidades deficitárias, e até mesmo das consideradas viáveis, caso haja pretendente. As primeiras na lista, as unidades de Júlio de Castilhos, Santa Rosa e Nova Prata, com valor somado de
R$ 21 milhões, devem ser leiloadas ainda no primeiro semestre. Cooperativas e empresários do ramo seriam os interessados.
Segundo o secretário da Agricultura, Pecuária e Irrigação, Ernani Polo, a venda total da Cesa, em um único pacote, não faz parte do planejamento do governo por ser considerada "muito improvável", ainda mais em um cenário econômico desfavorável. A possibilidade legal para isso, porém, está prestes a ser aberta. Em dezembro, a Assembleia Legislativa aprovou, por 38 votos a 16, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 243 que retira a Cesa da lista de estatais cuja extinção ou venda necessitariam de plebiscito. O projeto precisa de uma nova votação no plenário e da sanção do Executivo para se tornar efetiva, mas não deve modificar os planos.
O objetivo seria propiciar maior segurança jurídica na venda de unidade por unidade, o que, na verdade, já era permitido. "Agora, todos os ajustes que queremos, poderemos fazer individualmente", diz o diretor-presidente da Cesa, Carlos Vanderley "Mano" Kercher, que classifica o planejamento como uma "transição de diminuição". "Não é venda nem diminuição total. Continuaremos o serviço até que apareçam parceiros que sigam com a armazenagem, sem prejuízo às regiões", defende.
Embora declarem sua preferência pela continuidade do serviço mesmo com as privatizações, os mandatários não descartam possíveis compradores interessados apenas no terreno, por exemplo. "A prioridade é buscar encontrar interessados com o objetivo de continuar com a armazenagem, mas o processo licitatório será aberto e de livre finalidade do comprador", justifica Polo. A situação é mais provável no caso das cinco unidades inativas, que, pelo abandono, dificilmente dariam retorno aos investimentos necessários para a retomada da atividade.
Kercher ainda lembra que, com o passar dos anos, algumas das sucursais acabaram engolidas pela expansão urbana. Nestes casos, além da pressão da valorização dos terrenos, há ainda questões ambientais que tendem a impossibilitar o manejo dos grãos, principalmente a secagem. "Praticamente já não há mais armazenagem nestas unidades, então, se alguém comprar para derrubar e fazer outro investimento, não trará grande prejuízo", diz Kercher. São exemplo as filiais de Erechim, Ibirubá e Palmeira das Missões.
A transição como um todo deve ser concluída até, no máximo, o fim de 2017, segundo o secretário da Agricultura. Polo, porém, relativiza a data, já que as licitações podem acabar sem lances, como ocorreu em tentativas de venda da unidade de Passo Fundo, hoje parcialmente penhorada e alvo de leilão judicial. "Precisaríamos, nesse caso, fazer novamente o procedimento, o que pode atrasar o processo", comenta.
A primeira tentativa de leilão pode ocorrer já em março, segundo Kercher. Ele prevê para os próximos 50 dias a finalização do edital das três primeiras unidades escolhidas.

Cooperativas despontam como possíveis compradoras

 BONECOS DO DIRETOR PRESIDENTE DA CESA, CARLOS VANDERLEY KERCHER

BONECOS DO DIRETOR PRESIDENTE DA CESA, CARLOS VANDERLEY KERCHER


FREDY VIEIRA/JC
Em agosto passado, a Cesa já havia aprovado um planejamento no qual havia pré-determinado 11 de suas 23 filiais como prioritárias para a venda. Além das cinco inativas há algum tempo (Caxias do Sul, Estação, Nova Prata, Passo Fundo e Santa Bárbara do Sul), também faziam parte da lista as unidades de Bagé, Cachoeira do Sul, Erechim, Palmeira das Missões, Santa Rosa e São Gabriel. "Isto não impedia que pudessem surgir interessados pelas outras unidades, como aconteceu", comenta o secretário Ernani Polo. Ele se refere ao equipamento localizado em Júlio de Castilhos, que, mesmo ainda considerado viável, "furou a fila" graças ao aparecimento de um possível comprador.
A interessada, no caso, é a Cooperativa Agropecuária Júlio de Castilhos (Cotrijuc), que atende hoje a 3,4 mil associados na região. A intenção, de acordo com o presidente da organização, Caio Vianna, vem de dois motivos: a defasagem na capacidade atual de armazenamento da cooperativa, e a proximidade da unidade da Cesa com a estrutura própria da Cotrijuc, localizadas em terrenos vizinhos. "Temos capacidade estática de 120 mil toneladas, e recebimento de 420 mil toneladas de grãos. Precisamos de mais espaço", conta Vianna. Ele aponta que a avaliação dos armazéns, em torno de R$ 6 milhões, é "razoável".
Na unidade de Nova Prata, uma das menores da estatal, o interessado seria um empresário também do ramo da armazenagem, segundo o diretor-presidente da Cesa, Carlos Vanderley "Mano" Kercher. Já a estrutura de Santa Rosa teria despertado a atenção da Cooperativa Tritícola Santa Rosa (Cotrirosa). O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), Paulo Pires, não descarta que, assim como Cotrijuc e Cotrirosa, outras entidades do tipo assumam o comando de unidades da Cesa de outras regiões. "A safra gaúcha segue crescendo e as cooperativas continuam com necessidade de armazenagem", comenta Pires.

Balanço de 2015 da companhia deve apresentar números melhores

Um dos motivos apontados em detrimento à Cesa desde o início da especulação sobre o seu destino, o "rombo" acumulado pela companhia em sua existência deve aparecer menor no seu balanço referente ao ano de 2015. Os números assustadores do exercício anterior, com prejuízo acumulado de R$ 519,2 milhões e um patrimônio líquido negativo em R$ 258,8 milhões, tendem a ser menos absurdos. "Teremos, novamente, lucro operacional, mas prejuízo no total. A tendência, porém, é de que seja menor", garante o diretor-presidente da Cesa, Carlos Vanderley "Mano" Kercher, que não estima a diferença.
Entre os motivos, ele aponta uma reavaliação patrimonial, que atualizou os valores de todas as estruturas da companhia, antes defasados. Kercher também defende que, com o apoio da Emater na medição dos estoques, o ano não registrou perdas de armazenagem, item que teria custado quase R$ 2 milhões à companhia em 2014. Medidas de economia em energia, combustível e de renegociação de contratos de vigilância também trarão algum impacto positivo. A estatal ainda articula os passos finais para a entrega da unidade de Caxias de Sul em troca da quitação de uma dívida de R$ 56 milhões com o Brde.
Ao contrário de anos anteriores, o programa de venda de milho a balcão, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), não teve grande relevância no resultado da Cesa, que alugava as unidades de Garibaldi e Estrela. "O que fizemos de outra maneira, e agora vamos esperar, é um esforço junto aos produtores, antigos clientes, para trazerem seus produtos para a Cesa", diz Kercher.