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Economia

- Publicada em 20 de Janeiro de 2016 às 22:37

Opinião econômica: 10 milhões

Antônio Delfim Netto foi ministro, embaixador e deputado federal

Antônio Delfim Netto foi ministro, embaixador e deputado federal


VALTER CAMPANATO/abr/jc
O IBGE divulgou na sexta-feira, dia 15, os resultados do nível de emprego e desemprego apurados pela PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios) no trimestre agosto-setembro-outubro de 2015. O número de pessoas com mais de 14 anos que estavam ocupadas na semana de referência era de 92,31 milhões e o de pessoas que podiam e queriam trabalhar e estavam ativamente procurando emprego (desempregadas) era de 9,07 milhões.
O IBGE divulgou na sexta-feira, dia 15, os resultados do nível de emprego e desemprego apurados pela PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios) no trimestre agosto-setembro-outubro de 2015. O número de pessoas com mais de 14 anos que estavam ocupadas na semana de referência era de 92,31 milhões e o de pessoas que podiam e queriam trabalhar e estavam ativamente procurando emprego (desempregadas) era de 9,07 milhões.
A força de trabalho era de 101,38 milhões de pessoas. Logo, a taxa de desemprego (9,07/101,38) era de 9%. Quando se compara essa taxa com a média dos períodos homólogos de 2012-2014 para evitar os efeitos estacionais chega-se a um aumento de 34%. Em números absolutos, os desempregados passaram de 6,6 milhões (estável entre 2012-2014), para 9,1 milhões em 2015, um aumento de 2,5 milhões em só um ano!
Entre o 3º trimestre de 2010 e o seu homólogo de 2014 (o primeiro quadriênio de Dilma), o PIB cresceu 7,8% (1,9% ao ano) e a taxa de desemprego nos mesmos trimestres variou muito pouco (2012 = 7,1%; 2013 = 6,9% e 2014 = 6,8%), talvez ligeiramente acima do suficiente para garantir uma acomodação das necessárias mudanças do mercado de trabalho impostas pela própria dinâmica do crescimento.
É preciso lembrar que os resultados de 2011 (o primeiro do governo Dilma) foram muito bons. O PIB cresceu 3,9% praticamente a média de 2009 (-0,1%), ano da crise mundial, e de 2010 (7,5%), ano da recuperação espetacular. A inflação foi ao teto da meta, 6,5%, mas a política fiscal foi virtuosa: o déficit fiscal de 2,5%; superávit primário de 2,9% e estabilização da dívida bruta (53%), tudo em relação ao PIB.
A partir de 2012 com o forte ativismo econômico do governo, baseado no crescente apoio das pesquisas de opinião, a situação desandou, o que mostra que elas não são, necessariamente, boa sugestão para o longo prazo. Entre o 3º trimestre de 2012 e seu homólogo de 2015, o PIB caiu 2,9% (pouco menos de 1% ao ano) o que, levando-se em conta o crescimento da população, revela que estamos em retração há quatro anos.
A massa de rendimento real cresceu 3,1% ao ano entre o 3º trimestre de 2012 e o de 2014, mas caiu 1,2% em 2015. O rápido crescimento da taxa de desemprego desde o final de 2014 parece indicar que os empresários perderam a esperança na recuperação. Estão desacorçoados pelas promessas econômicas não cumpridas e pelas trombadas políticas.
Não há mais tempo econômico nem político. Se Dilma não assumir o seu protagonismo, mostrar que sabe o que tem que ser feito e fazê-lo, é muito provável que em maio o IBGE anuncie que já tínhamos 10 milhões de desempregados em janeiro, o que é, qualitativamente muito maior do que 9,9!
Economista, ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura
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