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Polítca Monetária

- Publicada em 19 de Janeiro de 2016 às 21:40

FMI municia BC e mercado revê alta da Selic

Alexandre Tombini quebrou tradição ao se manifestar publicamente

Alexandre Tombini quebrou tradição ao se manifestar publicamente


ANTONIO CRUZ/ABR/JC
Em reação a uma nota divulgada ontem pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, na véspera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado começou a reavaliar sua posição e passou a apostar numa alta de juro de 0,25 e não de 0,50 ponto percentual na decisão de hoje. Alguns economistas chegam a prever a possibilidade de a taxa Selic ficar inalterada nos 14,25% ao ano. Quebrando uma tradição de não se manifestar publicamente às vésperas das reuniões do Copom, o BC divulgou ontem nota na qual afirma avaliar como "significativas" as revisões das projeções sobre a economia brasileira feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2016 e 2017.
Em reação a uma nota divulgada ontem pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, na véspera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado começou a reavaliar sua posição e passou a apostar numa alta de juro de 0,25 e não de 0,50 ponto percentual na decisão de hoje. Alguns economistas chegam a prever a possibilidade de a taxa Selic ficar inalterada nos 14,25% ao ano. Quebrando uma tradição de não se manifestar publicamente às vésperas das reuniões do Copom, o BC divulgou ontem nota na qual afirma avaliar como "significativas" as revisões das projeções sobre a economia brasileira feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2016 e 2017.
O mercado financeiro se sentiu traído pelo Banco Central com a divulgação da nota com comentários de Tombini a respeito das revisões feitas pelo FMI para o PIB brasileiro. Para os economistas, a autoridade monetária vinha até então, por meio de seus documentos e discursos, direcionando as expectativas do mercado para uma elevação da taxa básica em 0,5 ponto percentual, ao ressaltar seu compromisso com a trajetória de convergência da inflação para a meta central de 4,5% até 2017 e o objetivo de evitar que a inflação fechasse 2016 acima do teto de 6,5%, como ocorreu em 2015.
Mas a nota de ontem deixou a impressão de que o BC, pressionado por demais membros do governo para dar uma alta menor nos juros, ou nem aumentar, aproveitou o relatório do FMI, que não fez nada além de mostrar o que os números da atividade - e o próprio mercado - vêm atestando há meses, para corrigir a rota das expectativas. O saldo é um impacto fortíssimo na já abalada credibilidade do Banco Central.
No relatório Panorama Econômico Global, o FMI revisou a previsão para o desempenho do PIB brasileiro de -1% para -3,5% em 2016 e de 2,3% para 0% em 2017. Em seu comentário sobre as projeções, Tombini afirma ainda que "todas as informações econômicas relevantes e disponíveis até a reunião do Copom são consideradas nas decisões do colegiado".
Segundo avaliação de analistas, a nota de Tombini, um dia antes de o BC definir a nova taxa de juros, foi divulgada para corrigir as expectativas do mercado, que apontavam majoritariamente para um aumento de 0,50 ponto percentual. Logo depois da divulgação da nota, as projeções de mercado em suas operações já apontavam para a possibilidade de a taxa Selic subir de 14,25% para 14,5%. Alguns analistas apostavam, inclusive, na possibilidade de o Banco Central optar por manter a taxa no atual patamar, em vez de fazer um movimento de alta como vinha sinalizando nos últimos dias.
Ontem, já havia indícios de que o Palácio do Planalto avaliava que o BC deveria subir os juros na primeira reunião do ano do Copom, mas apostava que o órgão optaria por um aumento "mínimo", ou seja, de 0,25 ponto percentual. A avaliação foi feita por assessores presidenciais, acreditando que a piora do cenário externo e seu reflexo sobre as projeções de crescimento do País levaria o Banco Central a optar pelo menor aumento possível. A preferência do Planalto, por sinal, é por uma decisão do BC que mantenha os juros inalterados. A recessão mais profunda da economia brasileira apontada pelo FMI nesta terça-feira pode influenciar a decisão do Banco Central do Brasil sobre a taxa básica de juros.
A nota do BC está sendo interpretada pelo mercado como uma sinalização de que não deverá sancionar a expectativa do mercado de aumento da taxa básica de juros de 14,25% para 14,75% ao ano. A interpretação é a de que a autoridade monetária vai utilizar o documento do FMI como um argumento para manter os juros inalterado ou elevá-lo para 14,50% ao ano. Segundo o BC, "o Fundo atribui a fatores não econômicos as razões para esta rápida e pronunciada deterioração das previsões".
As previsões do FMI são piores que as do mercado, que prevê queda no PIB de 2,99% em 2016 e crescimento de 1% no ano seguinte, segundo a pesquisa Focus.
 

Autoridade monetária rebate e diz que pode se antecipar sobre a taxa de juros

A nota divulgada pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na véspera da decisão do Copom sobre a taxa básica de juros gerou uma série de críticas do mercado. A instituição afirma, no entanto, que não violou nenhuma regra escrita e que agiu de maneira inédita diante de um fato também inédito: a drástica revisão das projeções de crescimento do País feita pelo FMI. Por meio de sua assessoria, o BC informa que o período de silêncio que antecede as reuniões do Copom não é uma norma escrita, mas que a instituição entende que os membros do comitê não devem manter conversas privadas sobre política monetária nos dias que antecedem o encontro.
Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, classificou como "lamentável e inacreditável" a nota de Tombini. Segundo ele, não há nenhuma grande novidade nas previsões do FMI e, mesmo que houvesse, o BC não deveria se manifestar sobre elas no dia em que começa a reunião do Copom. "Fica difícil não fazer uma ligação de que o Banco Central estaria em busca de uma desculpa, um pretexto, para mudar de posição", afirmou Loyola. "Começo a duvidar que o Banco Central vai aumentar os juros. E, se aumentar, vai ser 0,25 p.p."