Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Turismo

- Publicada em 17 de Janeiro de 2016 às 21:57

Poluição desaponta turistas em Florianópolis

 FLORIANÃ?POLIS, SC, 07.01.2016: CLIMA-SC - Turistas, principalmente argentinos, aproveitam a praia de Canasvieiras, no norte da ilha de Florianópolis, nesta quinta-feira (7). (Foto: Rafaela Martins/Mafalda Press/Folhapress)

FLORIANÃ?POLIS, SC, 07.01.2016: CLIMA-SC - Turistas, principalmente argentinos, aproveitam a praia de Canasvieiras, no norte da ilha de Florianópolis, nesta quinta-feira (7). (Foto: Rafaela Martins/Mafalda Press/Folhapress)


RAFAELA MARTINS/ MAFALDA PRESS/FOLHAPRESS/JC
Preocupado com a repercussão da quantidade de pontos com águas impróprias para banho nas praias de Florianópolis, o trade de turismo do Litoral de Santa Catarina está com a missão de pressionar prefeituras para que promovam melhorias no saneamento básico estadual. Após 35 de 75 pontos monitorados pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma) apresentarem grande volume de coliformes fecais (a maioria localizada em praias do Norte da Ilha) na semana passada, quando também ocorreram diversos casos de contato com uma virose e outros por intoxicação alimentar em Canasvieiras, o alerta é geral. Turistas estão assustados e desapontados, enquanto a população está revoltada. Este tipo de notícia "preocupa muito" toda a rede hoteleira, bem como as demais 53 atividades comerciais que vivem do turismo na cidade, destaca o presidente da Federação dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de Santa Catarina (Fhoresc), Estanislau Brezolin.
Preocupado com a repercussão da quantidade de pontos com águas impróprias para banho nas praias de Florianópolis, o trade de turismo do Litoral de Santa Catarina está com a missão de pressionar prefeituras para que promovam melhorias no saneamento básico estadual. Após 35 de 75 pontos monitorados pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma) apresentarem grande volume de coliformes fecais (a maioria localizada em praias do Norte da Ilha) na semana passada, quando também ocorreram diversos casos de contato com uma virose e outros por intoxicação alimentar em Canasvieiras, o alerta é geral. Turistas estão assustados e desapontados, enquanto a população está revoltada. Este tipo de notícia "preocupa muito" toda a rede hoteleira, bem como as demais 53 atividades comerciais que vivem do turismo na cidade, destaca o presidente da Federação dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de Santa Catarina (Fhoresc), Estanislau Brezolin.
Em vista dos casos de intoxicação alimentar (muito comuns no verão, devido ao calor), não é possível afirmar que todas as pessoas que procuraram atendimento médico apresentando sintomas de diarreia e vômitos foram infectadas nas praias, pondera o dirigente da Fhoresc. Por outro lado, a Diretoria de Vigilância Epidemológica (Dive) de Santa Catarina realizou uma amostragem que comprovou que 70% dos infectados frequentaram praias do Norte da Ilha de Florianópolis. Após a penúltima medição da Fatma, quando foram registrados 29 novos pontos poluídos no estado, empresários do turismo se reuniram com a prefeitura do município e com a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) - na segunda-feira passada -, solicitando ações urgentes para evitar novas tragédias. O resultado foi a construção de uma barragem de areia improvisada para conter as águas do Rio do Brás - que desemboca no mar de Canasvieiras, onde oito pontos estavam impróprios para banho na ocasião - a fim de impedir mais descarga de dejetos extravasados pela estação elevatória da Casan.
Até a madrugada de sexta-feira, dia 15, a barreira serviu para colaborar com a melhoria da balneabilidade de seis pontos da praia de Canasvieiras. No entanto, bastou chover para as águas do rio (junto com a maré alta) ultrapassarem a barragem e voltarem a chegar no mar, levando junto dejetos, fezes de animais, entre outros componentes de lixo. Análises da Fatma também mostraram presença excessiva de fósforo e óleo, entre outros componentes no esgoto que é jogado no Brás e no rio Papaquara. Mas apesar dos níveis alarmantes de poluição, empresários e gestores do governo de Florianópolis tentam conter os ânimos, buscando solucionar o problema em curto prazo, bem como divulgar as regiões onde as praias não estão prejudicadas.
"O que está ocorrendo é muito alarde de parte da população que ignora os verdadeiros agentes do problema. Não houve cancelamento de reservas de passagens aéreas ou de quartos de hotéis. E garantimos que iremos continuar cobrando do governo ações efetivas, bem como divulgação das melhorias em cada local", afirma o presidente do Conselho Municipal de Turismo de Florianópolis e do Floripa e Região Convention & Visitours Bureau, Marco Aurélio Floriani. Ela cita as reuniões do projeto Operação Presença (que envolve a Casan, a Fatma e outros órgãos com ações direcionadas ao veraneio ou com serviços ligados ao turismo) para tratar de deficiências, a exemplo da distribuição de água e de energia elétrica (que, até o ano passado, eram ineficientes). "Ambos problemas já foram solucionados. Agora, nosso foco é pressionar para melhorar a fiscalização de ligações irregulares de esgoto", comenta.

Esgoto clandestino é principal motivo para falta de balneabilidade

Segundo o diretor de proteção dos ecossistemas da Fatma, Márcio Luiz Alves, o motivo da não balneabilidade de algumas praias é a quantidade significativa (mais de 60%) de residências e comércio que usam esgoto clandestino na região, além do aumento da população, por conta da chegada de muitos turistas. "O maior problema está no mau tratamento dos reservatórios, das estações de tratamento dos resíduos da Casan", dispara Brezolin. Ele considera que uma solução seria instalar um emissário submarino, com um canal que levasse a água do esgoto direto para a correnteza. "Enquanto isso não ocorre, além de inúmeras ligações irregulares, também as estações da Casan permanecem jogando esgoto in natura direto nos rios Papaquara e do Braz", lamenta.
Outros pontos críticos de Florianópolis, com histórico de poluição, atingem as praias dos Ingleses e a Lagoa da Conceição, ambas prejudicadas pelos dejetos que chegam pelo rio Capivari. De acordo com a Resolução nº 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), para uma praia ser considerada própria para banho, o índice de coliformes fecais no material coletado deve ser inferior a 1.000 NMP/100 ml. A secretária de Turismo de Florianópolis, Zena Becker, afirma que, desde 2013, existe na cidade o programa Se Liga Na Rede, que fiscaliza as residências e comércios quanto às ligações de esgoto e caixas de gordura. "Desde o início da iniciativa, foram efetuadas 47.249 inspeções ou vistorias em toda a cidade."
Somente no Norte da ilha, a rede hoteleira conta com 30 mil leitos. No verão, a taxa de ocupação é alta, mas ainda assim atende a 25% do volume de turistas que passam as férias na cidade. "Os demais 80% ficam alojados em apartamentos alugados, casas de amigos e parentes, campings, entre outros", afirma Brezolin.

Outros estados também sofrem com o problema

O caso de Florianópolis não é isolado no Brasil. No ano passado, a Bahia registrou poluição em 14 praias no final do verão e em outras 24 em julho, todas apontadas como impróprias para o banho. Também Maceió contou com alto número de destinos (80% das praias) poluídos, em vista da chegada de esgoto não tratado ao mar. No Rio Grande do Sul, onde, no passado, já ocorreram casos de dejetos no mar, a Secretaria Estadual do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a Fepam e a Corsan, têm parceria para manter a balneabilidade sob controle.
O mais recente Relatório de Balneabilidade, divulgado pela Fepam no dia 15, aponta que as praias Recanto das Mulatas, em Barra do Ribeiro; Carlos Larger, em Candelária; Alegria e Florida, em Guaíba; balneário Nova Palma, em Nova Palma; Santa Vitória, em Rio Pardo; balneário do Passo Verde, em Santa Maria; e praia do Encontro, em São Jerônimo, estão impróprias para banho. Na região hidrográfica do Uruguai, acontece o mesmo na praia das Areias Brancas (Rosário do Sul) e no Balneário Distrito Ernesto Alves (Santiago). Já no Litoral Médio e Sul, apenas a praia da Barrinha, em São Lourenço do Sul, está imprópria.