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Conjuntura Internacional

- Publicada em 13 de Janeiro de 2016 às 22:20

Analistas levantam dúvidas sobre dados da balança comercial chinesa

 WORKERS LOAD GOODS IN A PORT IN LIANYUNGANG, EAST CHINA'S JIANGSU PROVINCE ON JULY 1, 2014.  CHINESE MANUFACTURING ACTIVITY EXPANDED AT ITS FASTEST PACE THIS YEAR IN JUNE, AN OFFICIAL SURVEY SHOWED JULY 1, IN A SIGN THAT BEIJING'S ATTEMPTS TO TACKLE SLOWING GROWTH IN THE WORLD'S NUMBER TWO ECONOMY ARE GAINING TRACTION.  CHINA OUT     AFP PHOTO

WORKERS LOAD GOODS IN A PORT IN LIANYUNGANG, EAST CHINA'S JIANGSU PROVINCE ON JULY 1, 2014. CHINESE MANUFACTURING ACTIVITY EXPANDED AT ITS FASTEST PACE THIS YEAR IN JUNE, AN OFFICIAL SURVEY SHOWED JULY 1, IN A SIGN THAT BEIJING'S ATTEMPTS TO TACKLE SLOWING GROWTH IN THE WORLD'S NUMBER TWO ECONOMY ARE GAINING TRACTION. CHINA OUT AFP PHOTO


AFP/JC
Os números melhores do que o esperado sobre a balança comercial chinesa, divulgados na madrugada de ontem, levantaram dúvidas sobre os fluxos de comércio do país, disseram analistas. Segundo eles, é possível que os dados tenham sido inflados por investidores fugindo do controle de capitais, assim como pela extensão dos incentivos oferecidos por agências governamentais para impulsionar as exportações.
Os números melhores do que o esperado sobre a balança comercial chinesa, divulgados na madrugada de ontem, levantaram dúvidas sobre os fluxos de comércio do país, disseram analistas. Segundo eles, é possível que os dados tenham sido inflados por investidores fugindo do controle de capitais, assim como pela extensão dos incentivos oferecidos por agências governamentais para impulsionar as exportações.
Dados da Administração Geral de Alfândega mostram que as exportações chinesas caíram 1,4% em dezembro ante igual mês do ano anterior, após recuarem 6,8% em novembro. A redução foi bem menor do que a queda de 8% prevista por economistas consultados pelo Wall Street Journal. Já as importações recuaram 7,6% em dezembro ante um ano antes, depois de caírem 8,7% em novembro. A estimativa era de queda de 11%.
Chamou atenção, em particular, o salto de 64,5% nas importações chinesas de Hong Kong, o ritmo mais forte em três anos, disseram esses analistas. No período entre janeiro e novembro, o mesmo indicador recuou 6,2%. "Parece realmente se tratar de fuga de capitais", disse Oliver Barron, diretor de pesquisa da China do North Square Blue Oak. "O número inflou artificialmente os dados de importações totais."
Nos últimos meses, o governo tem lutado contra a fuga massiva de capitais por parte de investidores chineses, que têm olhado para o exterior em busca de retornos mais atraentes. Como resultado, as reservas de moeda internacional do país recuaram 13,3% ao final de 2015, ou cerca de US$ 500 bilhões, para um total de US$ 3,3 trilhões.
Regras de controle de capital impostas por Pequim limitam a compra de dólares pelos chineses ao equivalente a US$ 50 mil por ano.
Economistas dizem, no entanto, que acordos de comércio exterior podem estar sendo manipulados para burlar essas restrições.
Uma forma seria efetuar a compra de 1 milhão de produtos ao custo unitário de US$ 2,00 de uma empresa parceira ou subsidiária em Hong Kong. Em seguida, essas mercadorias seriam exportadas de volta, para a mesma empresa, ao custo de US$ 1,00 a unidade. Como resultado, os produtos voltaram ao lugar inicial, mas a empresa conseguiu mover US$ 1 milhão para fora do continente.
Autoridades chinesas endureceram, nos últimos meses, a supervisão para conter a saída de divisas. Em novembro, o governo prendeu 69 pessoas e abriu processo contra outras 203 por operarem um esquema que teria trazido ao país cerca de US$ 64 bilhões em transações não autorizadas, de acordo com a mídia estatal. "Reguladores têm se esforçado para encontrar as brechas no sistema", disse o economista da Reoriente Financial Markets, Steve Wang, para quem o mercado se manteve cético quanto aos dados de hoje. "Não acredito que Hong Kong tenha comprado ou vendido muito mais à China. Os números de dezembro são um enorme ponto de interrogação."
As exportações chinesas para Hong Kong também tiveram forte avanço no último mês do ano, crescendo 10,8% em dezembro ante uma queda acumulada de 8,7% no período de janeiro a novembro em relação ao mesmo período de 2014. Em relatório, analistas do Citibank afirmaram que isto pode refletir os esforços de investidores para arbitrar a diferença entre as cotações onshore e offshore do yuan. Recentemente, o spread chegou a 2%.
Outra questão que pode ter tido impacto sobre as exportações é a dos incentivos oferecidos por várias agências chinesas, que podem chegar a até 1 milhão de yuans, segundo contam alguns exportadores chineses. Muitas dessas agências, no entanto, não costumam publicar o valor das gratificações recebidas pelas empresas exportadoras, com receio de que firam regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Lu Li, dono de uma companhia que organiza embarques de bens para o exterior, disse que, nos últimos meses, alguns empresários começaram a oferecer dinheiro por recibos envolvendo grandes transações. Para ele, os documentos podem estar sendo usados como prova de que eles atingiram a meta de exportação.
Ontem, o porta-voz da Administração Geral de Alfândega, Huang Songping, afirmou que os números de dezembro são resultado, em parte, de companhias correndo para bater as metas de fim de ano.

Demanda por cobre e petróleo deve seguir alta

As perspectivas para a demanda da China por commodities neste ano são mistas, afirmaram analistas do Citi em relatório. "As importações de cobre e petróleo provavelmente continuarão fortes, enquanto as de minério de ferro provavelmente diminuirão", preveem. Dados divulgados pelo governo chinês mostraram aumento anual de 26% nas importações de cobre, 9% nas de petróleo e 11% nas de minério.
Ivan Szpakowski, analista do Citi, comentou que o crescimento das importações de petróleo em dezembro foi puxado pela queda nos preços da commodity, pela melhora na margem de refino doméstica e pela demanda por derivados. "Os dois primeiros fatores deverão prosseguir no começo de 2016, quando ainda devemos ver níveis de importação de petróleo bruto muito fortes", disse.
Com relação ao minério de ferro, o Citi prevê que a demanda chinesa vai diminuir para 942 milhões de toneladas neste ano, de 953 milhões de toneladas em 2015. "A demanda doméstica chinesa continua se contraindo e reduções no setor de siderurgia serão necessários", diz o relatório.
O Citi também comentou o piso anunciado pelo governo chinês para os preços de derivados de petróleo. Na opinião de Szpakowski, a decisão é negativa para a demanda global pela commodity. A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC, na sigla em inglês) informou que um novo mecanismo para gasolina, diesel e outros produtos impedirá ajustes nos preços quando os contratos internacionais de petróleo bruto estiverem abaixo de US$ 40 por barril.
"Embora as margens das refinarias possam melhorar com essa mudança, o impacto líquido provavelmente será negativo para a demanda tanto por petróleo bruto quanto por derivados em razão da perda da contribuição positiva da elasticidade dos preços", afirmou o analista.