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Indústria automotiva

- Publicada em 06 de Janeiro de 2016 às 22:19

Programa para renovar veículos sairá do papel

Ideia é retirar de circulação caminhões com mais de 30 anos e automóveis leves acima de 15 anos de uso

Ideia é retirar de circulação caminhões com mais de 30 anos e automóveis leves acima de 15 anos de uso


JOÃO MATTOS/JC
Em pauta desde os anos 1990, o programa de renovação da frota de veículos finalmente será implementado. O projeto, que está sendo elaborado por 19 entidades entre órgãos do governo e empresas ligadas ao mercado de veículos, deve ser aprovado ainda no mês de janeiro.
Em pauta desde os anos 1990, o programa de renovação da frota de veículos finalmente será implementado. O projeto, que está sendo elaborado por 19 entidades entre órgãos do governo e empresas ligadas ao mercado de veículos, deve ser aprovado ainda no mês de janeiro.
A informação foi divulgada ontem pela Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotivos (Fenabrave). De acordo com Alarico Assumpção, presidente da entidade, a medida pode gerar um acréscimo de até 500 mil veículos novos vendidos por ano e ajudar na recuperação do setor, que teve queda de 26,5% nas vendas no ano passado.
O foco é retirar de circulação, de forma gradativa, caminhões com mais de 30 anos de fabricação e veículos leves com mais de 15 anos. Os proprietários poderão repassá-los para as empresas participantes, que farão a reciclagem dos automóveis. Em troca, o cliente receberá uma carta de crédito para abater no valor de compra de veículos novos ou usados (com menos de 15 anos).
De acordo com dados preliminares divulgados pela Fenabrave, está sendo criado um fundo, sem recursos do governo, para garantir o crédito destinado à renovação da frota. O programa está sendo desenvolvido junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e deve ser finalizado até o fim deste mês.
Caso seja implementado, o plano buscará atenuar a esperada queda nas vendas de veículos em 2016. A Fenabrave calcula que, sem a renovação da frota, as vendas deverão cair 5,9% no segmento de carros leves na comparação com 2015.
No ano passado, foram 2,569 milhões de unidades vendidas, recuo de 26,5% em relação ao volume de 2014 (3,497 milhões), o maior tombo desde 1987. Em 2014, houve recuo de 7,15% em relação ao ano anterior. Em 2013, a queda havia sido de 0,9%, a primeira baixa em 10 anos. Por segmento, os emplacamentos de automóveis e comerciais leves somaram 2,476 milhões de unidades no ano passado, baixa de 25,5% sobre 2014. Entre caminhões, a queda foi de 47,6%, para 71,7 mil unidades. No caso dos ônibus, houve tombo de 36,5%. As baixas nas vendas ocorrem em um cenário de aumento do desemprego, restrição ao crédito e queda na confiança do consumidor.
Apesar da forte retração ao longo do ano, o setor esboçou reação nos últimos meses de 2015. Em dezembro, as vendas subiram pela segunda vez seguida, na comparação com o mês anterior. A comercialização de veículos novos alcançou 227.789 unidades em dezembro de 2015, crescimento de 16,7% em relação a novembro. Já em comparação com igual mês de 2014, houve retração de 38,4%. Os automóveis e comerciais leves, juntos, atingiram 220.656 unidades, alta de 16,6% ante novembro e queda de 37,5% sobre dezembro de 2014.
Os emplacamentos de caminhões somaram 5.577 unidades, avanço de 17,7% sobre novembro e baixa de 59,2% em relação a igual mês do ano anterior. Quanto aos ônibus, as vendas foram de 1.556 unidades em dezembro de 2015, alta de 39% ante novembro e recuo de 43,2% em comparação com dezembro de 2014.
O setor automotivo brasileiro teve seu auge em 2012, quando vendeu 3,8 milhões de unidades. À época, o mercado ainda contava com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), medida que tornou os veículos mais baratos e estimulou o consumo.
A queda nas vendas refletiu no varejo. Ao todo, 1.047 concessionárias foram fechadas em 2015. Outras 420 foram abertas, a maior parte ligada às novas montadoras que se instalaram no Brasil nos últimos dois anos. Esse desequilíbrio resultou em demissões. De acordo com a Fenabrave, 32 mil postos de trabalho foram encerrados nas lojas.
A estimativa da Fenabrave é que outras 500 unidades possam fechar caso o cenário econômico não se altere no primeiro trimestre, fato que pode levar a 18 mil novas demissões.

Para enfrentar a retração no mercado nacional, montadoras preparam novos lay-offs

Fábricas avaliam implementar a semana reduzida e programas de demissão voluntária

Fábricas avaliam implementar a semana reduzida e programas de demissão voluntária


FREDY VIEIRA/JC
A indústria automobilística brasileira inicia janeiro com novas medidas de corte de produção. Sem perspectiva de melhora no mercado, várias montadoras anunciam extensão de lay-off (suspensão temporária de contratos de trabalho), semana reduzida e Programas de Demissão Voluntária (PDV).
Na maioria das empresas, os funcionários ainda estão em férias coletivas e a retomada da produção deve ocorrer a partir da próxima semana. Na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP), o retorno ocorrerá na terça-feira, mas cerca de 1,7 mil trabalhadores entrarão em lay-off até maio. Eles vão substituir parte dos 2,3 mil operários que retomarão suas funções após cinco meses de contratos suspensos.
Na unidade da General Motors de São Caetano do Sul (SP), um grupo de 750 funcionários que deveria voltar ao trabalho nesta semana teve o lay-off prorrogado até março. Já na fábrica da montadora em Gravataí, 825 trabalhadores do terceiro turno estão no regime de lay-off desde dezembro, com previsão de retomar as atividades em maio.
Na filial de Camaçari (BA), a Ford abriu, na segunda-feira, um PDV direcionado especialmente aos cerca de 2 mil trabalhadores do terceiro turno, que será suspenso a partir de março. Já os operários da Caoa/Hyundai em Anápolis (GO) retomaram atividades na segunda-feira, após um mês de férias coletivas, mas só vão trabalhar quatro dias por semana. Não haverá expediente às sextas-feiras durante todo o mês.
Em 2015, com exceção de Honda, Hyundai, Toyota e das recém-inauguradas BMW e Jeep, do grupo Fiat, as demais montadoras, principalmente as de maior porte, adotaram medidas de corte de produção durante o ano todo. O setor opera com metade de sua capacidade produtiva instalada, que beira os 5 milhões de veículos ao ano.
Até novembro, as montadoras demitiram 13,3 mil funcionários e novos cortes são esperados. Há exceções. A Jeep vai contratar, neste mês, 160 trabalhadores para a fábrica inaugurada no ano passado em Goiana (PE), que produz o utilitário esportivo Renegade. A Nissan também anunciou que abrirá, ao longo do ano, 600 postos na unidade de Resende (RJ) para iniciar a produção do utilitário Kicks.