As vendas de veículos (entre carros, utilitários leves, caminhões e ônibus) encerraram o ano passado com queda de 23,9%, maior retração percentual do mercado brasileiro desde 1987. Segundo fontes do setor automotivo, as montadoras comercializaram 2,191 milhões de unidades entre janeiro e dezembro de 2015 contra 2,880 milhões de 2014.
Com o recuo de 2015, o setor automotivo acumula três anos consecutivos de queda nas vendas - somando perda de 32,5% - depois de um ciclo de nove anos de alta. Na quinta-feira, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgará os dados oficiais relativos à produção de veículos no ano passado.
Durante o ano, mais de 400 revendas de carros fecharam as portas e 26 mil empregados foram demitidos, segundo dados da Fenabrave. A entidade estima ainda que os cortes podem atingir 40 mil funcionários até a metade deste ano.
Ontem, o presidente da Nissan, Carlos Ghosn, disse que as vendas de carro no Brasil devem cair mais do que os 5% previstos pela Anfavea. Segundo o executivo, que esteve no Rio de Janeiro para o lançamento do modelo Kicks, um SUV (utilitário esportivo) que será produzido na fábrica da empresa em Resende, a estimativa da Anfavea é até otimista, diante da queda nas vendas em 2015, que deve chegar a 25%.
"Não posso dizer que 2015 foi um grande ano. Se em 2016 o mercado contrair 5% já será uma boa notícia", disse.
O presidente da montadora, que é uma das patrocinadoras da Olimpíada de 2016, disse esperar quedas também em 2017. "Seria uma surpresa se o mercado voltasse a crescer neste ano, e esperamos o mesmo para 2017."
Apesar do mau momento, a Nissan está investindo no lançamento de um novo modelo de SUV ou crossover, como são conhecidos os carros utilitários esportivos, que são mais altos que os de passeio e com design inspirado nos automóveis offroad. Esses modelos, contudo, são usados principalmente na cidade.
O modelo Kicks foi lançado nesta segunda-feira, mas a empresa não revelou datas para início da fabricação no Brasil, bem como valores iniciais.
O Kicks será testado inicialmente no Brasil para mais adiante ser oferecido em todos os mercados da Nissan no mundo. De acordo com Ghosn, o carro começará a ser comercializado "em breve".
Para isso, a Nissan irá investir, a partir deste ano, R$ 750 milhões em sua fábrica em Resende, no Sul fluminense. Serão contratadas também 600 pessoas para a nova linha de produção.
O carro terá um índice de nacionalização (peças nacionais) de 70% e será o terceiro modelo da montadora feito no País, ao lado de March e Versa.
O presidente da Nissan Brasil, Francois Dossa, afirmou que, a despeito do mercado em queda, não haverá demissões neste ano. A empresa colocou 279 funcionários em lay-off, espécie de férias coletivas, em meados de 2015, que já voltaram aos seus postos. Atualmente a fábrica tem 1.500 empregados.