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- Publicada em 28 de Janeiro de 2016 às 23:31

Reduzindo danos, fomentando o diálogo

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O uso e o comércio de drogas legais e ilegais, no Brasil e no mundo, têm sido um dos temas mais importantes da atualidade, pelos aspectos envolvidos e por motivos de ordem legal, de saúde pública, de políticas governamentais e de comportamento.
O uso e o comércio de drogas legais e ilegais, no Brasil e no mundo, têm sido um dos temas mais importantes da atualidade, pelos aspectos envolvidos e por motivos de ordem legal, de saúde pública, de políticas governamentais e de comportamento.
A coletânea de textos Quem tem medo de falar sobre drogas? Saber mais para se proteger (FGV Editora, 164 páginas), organizada por Gilberta Acselrad, mestre em Educação pelo Instituto de Estudos Avançados em Educação da Fundação Getúlio Vargas e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, busca, acima de tudo, a redução dos danos causados pelas drogas, o fomento ao diálogo e apostar em bom senso para lidar com o problema que, há décadas, aflige milhões de pessoas e dezenas de países.
A psicóloga Flávia Pfeil, mestre pela PUC-Rio; a juíza de Direito aposentada e escritora Maria Lucia Karam; o médico psiquiatra Sergio Alarcon, doutor em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz; e a assistente social Rita Cavalcante, doutora em serviço social e professora adjunta da UFRJ, são os autores dos trabalhos do livro, que versam sobre a história das drogas; os efeitos; quem, o que e por que usa?; por que é proibido; o agravamento da questão; o que pensam os usuários de drogas; o que pensam os profissionais de saúde; se há solução; o que se pode fazer e como se pode ajudar.
A obra é destinada principalmente aos jovens, mas todos os leitores podem aproveitar para refletir sobre a questão a partir das opiniões dos especialistas. O livro procura afastar o discurso hegemônico que combina desinformação, pedagogia do temor e terror, prioriza estudos científicos sobre o consumo de substâncias tóxicas e aponta progressos recentes nas ciências naturais (bioquímica e as neurociências) e as ciências sociais (antropologia, economia e direito) sobre o tema.
Entendem os autores que é preciso ver a questão sem temor, ouvindo os adolescentes, que devem ser esclarecidos, mas, claro, sem fazer qualquer apologia das drogas e, muito menos, tratar o tema só com repressão e punição, como se faz de costume, com resultados tantas vezes insatisfatórios.
No prefácio, o professor Pedro Abramovay, da FGV Direito Rio de Janeiro e diretor das Open Society Foundations, escreve: "a construção de uma política de drogas melhor, mais eficiente e mais humana passa, em primeiro lugar, pela mudança na maneira como debatemos o tema. Romper a cegueira e a censura que nos impedem de fazer as perguntas certas para buscar boas respostas é a mais urgente das missões para quem acha que nossa sociedade não lida de maneira adequada com o tema das drogas. A maior dificuldade em mudar a embocadura desse debate vem do fato de já termos duas gerações que se formaram sob a ideologia da guerra às drogas. O pensamento enviesado sobre esse tema já quase entrou no DNA político de nossa sociedade. Conseguir a abertura para que outras visões sobre o tema sejam consideradas é tarefa árdua".

Lançamentos

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  • Quando o vento sumiu - E se você pudesse escolher o final da sua história? (L&PM Editores, 260 páginas). da jovem escritora carioca Graciela Mayrink, trata de Suzan, Mateus e Renato, jovens cariocas universitários, amigos diferentes e inseparáveis, de coisas de amizade e de amor, nos caminhos e escolhas da vida.
  • Exclusão social e questões de gênero (Educs, 224 páginas), do professor e doutor caxiense Valdir Pretto, investiga um assunto de máxima relevância social e científica, especialmente para os professores que formam indivíduos, cidadãos e para os governantes que definem políticas sociais.
  • Ala Fechada (Editora Sulina, 280 páginas) edição comemorativa - 21 anos, do escritor e palestrante Caho Lopes, relata abusos em clínicas no Rio Grande do Sul e mostra como superar o vício. Lopes fez cerca de 1,8 mil palestras no Projeto Cara Limpa, primeira campanha de prevenção ao uso de drogas em escolas.

Saudade do verão

O frio, o calor, as estações, a lua e suas fases, as estrelas e as constelações, o sol e a chuva existem nos calendários de papel, na real, e, dentro de nós. Dentro de nós, essas coisas todas, muitas vezes, pintam fora das épocas e dos dias dos calendários oficiais. Nossas vidas não são tão certinhas e arrumadinhas como as notas das Quatro estações do Vivaldi.
Este verão, por exemplo, oficialmente começou dia 21 de dezembro e, se o mundo não acabar antes, termina no próximo dia 21 de março no Hemisfério Sul. No Hemisfério Norte, o verão vai de 21 de junho a 22 de setembro, se tudo correr bem. Mas, este verão, definitivamente, não está com cara de verão brasileiro. Ao menos daqueles verões de uns poucos anos atrás, quando até a pátria tirava feriazinhas e o noticiário dava uma descansadinha.
Depois das sagradas orgias natalinas, do pileque e das eternas promessas do Réveillon, aí é que realmente o verão começava, dentro e fora das nossas cabeças. Não valia o calendário. Nos primeiros dias de janeiro, a gente ainda vestia as fantasias brancas da eterna e profissional esperança brasileira, cancelava todos os compromissos possíveis, engavetava os problemas, se podia, tirava férias, pendurava as dívidas velhas e deixava envelhecer as novas, deixava entrevistas de emprego, de noivado e de casamento para depois, respirava o ar do Ano-Novo e pensava que, no Brasil, a coisa toda iria recomeçar, graças a Deus, só depois do Carnaval ou no início de março, quase no fim do verão da folhinha. Quem podia, se jogava para o Rio de Janeiro, ficava na casa de alguma tia, para curtir praia, Carnaval de rua e as maravilhas cariocas daqueles famosos e lendários anos dourados.
Nesse verão, nem no domingo de manhã o noticiário dá folga. Velhas e terríveis novidades da política e da economia e as crises de sempre não esperaram o Carnaval chegar e ficam aí estragando as praias, as serras, os churrascos das lajes, das mansões nos condomínios e das coberturas. Antes, a gente pegava um fusquinha, umas roupinhas leves, uns mantimentos, um velho caniço e um tubo de Paraqueimol e ia para Pinhal, Cidreira, Tramandaí, Imbé, Capão da Canoa ou Torres para um veraneio básico: chalé, mar, sol, inofensivas tatuíras, areia, banana, puxa-puxa, cachacinha, peixe, abacaxi, segurança, calmaria, aluguel de pangarés com direito a fotos, rede e artesanato local, sonho e rapaduras em Santo Antônio da Patrulha, controle light de velocidade dos veículos na estrada, curvas, passarinhos, árvores e pão de Glorinha na linda estrada velha. Lua, estrelas, sol, mar, nuvens, alguma chuva, lua, estrelas... O tempo, o mar e o verão não tinham pressa. O fardo de jornais era atirado do lento aviãozinho teco-teco na areia. As notícias leves de verão pousavam preguiçosas, com calma, para não atrapalhar o sossego dos veranistas, que naqueles tempos só queriam sossego, como na gostosa canção do Tim Maia.
Pois então, nesse verão do calendário 2015-2016, do jeito que as coisas estão, é só puxar a ficha dos verões anteriores - das décadas de 1950 ao ano 2000 - e pensar que o tempo, como disse o outro, é só um ponto de vista dos relógios e dos calendários.

a propósito...

Mais uma vez, a gente vai pensar, neste verão, que o melhor mês nas praias gaúchas é março e que o verão vai até 21 de março. Mas, pensando bem, os calendários escolares, os hábitos e tudo mais, determinaram que o verão termina na última semana de fevereiro e que o calendário oficial não tem nada a ver. Praias ensolaradas desertas, casas, edifícios e hotéis hospedando só a brisa de março vão estar lá. Mas... la nave va! A vida e as estações vão seguindo seu curso, sem se preocupar muito com datas, números e rótulos. Dentro de nós, o verão, o outono, o inverno e a primavera vão e vêm, como as ondas do mar, num movimento infinito, à revelia das folhinhas.