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Energia

- Publicada em 27 de Janeiro de 2016 às 22:40

Leilão de março abre leque para todas as alternativas de geração

Para Tolmasquim, Brasil é atraente para fornecedores de equipamentos

Para Tolmasquim, Brasil é atraente para fornecedores de equipamentos


FERNANDO FRAZÃO/ABR/JC
O leilão de compra de energia elétrica marcado para o dia 31 de março mostra uma diferença no comportamento do governo federal será o primeiro leilão de energia nova que irá negociar simultaneamente quatro produtos diferentes, com contratos nas modalidades por quantidade e por disponibilidade, todos com início de suprimento em 2021.
O leilão de compra de energia elétrica marcado para o dia 31 de março mostra uma diferença no comportamento do governo federal será o primeiro leilão de energia nova que irá negociar simultaneamente quatro produtos diferentes, com contratos nas modalidades por quantidade e por disponibilidade, todos com início de suprimento em 2021.
Será contratada energia de hidrelétricas, termelétrica a biomassa e carvão, gás natural e usinas eólicas. O leilão terá duas fases, a primeira para disputa pelo direito de participação de cada usina hidrelétrica com potência superior a 50 MW, e a segunda para disputa dos demais empreendimentos, de diversas fontes.
Os geradores de empreendimentos de geração de energia elétrica cuja energia foi comercializada em leilões anteriores, mas que ainda possuem parte da energia não contratada, poderão oferecer essa energia ao mercado regulado neste leilão. A condição é que esses empreendimentos não tenham entrado em operação até 31 de março de 2015.
Também poderão participar empreendimentos de geração que já tenham outorga de concessão licitada ou de autorização, desde que o empreendimento não tenha entrado em operação comercial em até um ano antes da data de realização do leilão.
Anteriormente, o leilão estava previsto para o dia 5 de fevereiro, mas a data foi alterada por pedidos dos interessados de ajuste de prazos para entrega de diversos documentos relacionados ao leilão, que tiveram prazo menor devido ao período de fim de ano.Neste ano, serão adicionados 10,1 mil MW de energia à matriz nacional. Mais 13,9 mil MW entrarão em operação entre janeiro de 2017 e abril de 2018. Desse total, 57% virão das hidrelétricas, por conta das operações de Belo Monte e das usinas do Rio Madeira (Jirau e Santo Antônio) e Teles Pires, todas instaladas na Amazônia.
Neste mesmo intervalo, as eólicas representarão 29% da expansão total, com 7 mil MW. A solar, que hoje ainda não aparece nos gráficos, vai chegar a 1,7 mil MW, o que significará 7% da capacidade instalada no período, mesmo volume da geração térmica.
A energia solar já foi o grande destaque do 2º Leilão de Energia de Reserva 2015, realizado em dezembro, segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. Nesse leilão, foram negociados 33 projetos de energia solar fotovoltaica, movimentando mais de R$ 4,3 bilhões.
A geração eólica teve 20 projetos vendidos, com movimentação de mais de R$ 2,4 bilhões. A potência total que será gerada durante todo o período de concessão do contrato nos dois tipos de energia será 89,03 milhões de megawatt-hora (MWh).
Para o presidente da EPE, o grande número de estados (BA, MG, PE, CE, TO, SP, RN, MA e PB), que vão contar com os projetos também representa um fator positivo principalmente na Bahia, com energia eólica, e Minas Gerais, com energia solar. "Considero esse leilão um grande sucesso por vários fatores. Além da diversificação geográfica, beneficiando vários estados, houve uma grande competição na energia solar, o que gerou deságio e deixou os preços praticados no País extremamente competitivos em relação ao mercado internacional", analisou.
Na avaliação de Tolmasquim, o Brasil fica cada vez mais atraente para os fornecedores de equipamentos diante do desempenho do leilão. "Acredito que, com essa sequência de leilões bem-sucedidos de energia solar, haverá um estímulo para a entrada de empresas de equipamentos no Brasil, com o ocorreu com a energia eólica", disse.
O 2º Leilão de Energia de Reserva 2015 teve o objetivo de atender à demanda das distribuidoras de energia elétrica. De acordo com a EPE, eles se transformarão, nos próximos três anos, em investimentos no País de cerca de R$ 6,8 bilhões. A capacidade instalada dos projetos é de 548,2 megawatts, em energia eólica, e 1.115 megawatts-pico, em energia solar; e a previsão é de começar a operação a partir de 1 de novembro de 2018, com prazo contratual de 20 anos de fornecimento.

Projeto testará produção solar em hidrelétricas

O Ministério de Minas e Energia (MME) assinou os primeiros contratos com empresas e institutos de pesquisas para dar início ao programa de geração de energia por meio de painéis solares flutuadores, que serão instalados sobre o lago de usinas hidrelétricas.
O projeto terá início com a participação das estatais Eletronorte e Chesf, que pertencem ao Grupo Eletrobras, com as primeiras plantas-piloto instaladas nos reservatórios das usinas de Sobradinho (BA) e Balbina (AM).
As entidades que participarão do projeto são Sunlution, Weg, Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da UFPE (Fade), Universidade Federal de Pernambuco (UPE), Fundação de Apoio Rio Solimões (Unisol) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Os projetos, segundo o MME, serão realizados com recursos destinados a ações de Pesquisa & Desenvolvimento pelas empresas, com a previsão de investimentos de R$ 100 milhões -
R$ 49,964 milhões da Eletronorte e R$ 49,942 milhões da Chesf - em ações previstas até janeiro de 2019, para gerar 10 megawatts de energia elétrica.
Será o primeiro estudo sobre a instalação usina solar flutuante instalada no lago de usinas hidrelétricas no Brasil. A energia gerada pelos painéis pode complementar a base hidrelétrica das usinas, aproveitando a estrutura de transmissão já instalada para escoar a energia hidrelétrica e evitando novos investimentos. O encerramento do projeto e apresentação dos resultados estão previstos para janeiro de 2019.
Localizado no rio São Francisco, na Bahia, o lago de Sobradinho é o maior do País em área alagada e o segundo maior em capacidade de armazenamento. No Amazonas, os painéis serão instalados na barragem de Balbina, hidrelétrica que gera pouquíssima energia por meio de suas turbinas, mas que também é dona de um dos maiores lagos artificiais do Brasil.
Apesar de o Brasil ser um dos países mais ensolarados do mundo, a geração de energia através de painéis fotovoltaicos sempre foi tratada como um bicho estranho pelo setor elétrico. No final do ano passado, porém, essa situação começou a mudar, quando um leilão de energia realizado pelo governo contratou, de uma só vez, 31 usinas solares. Foi a primeira vez que o governo comprou exclusivamente energia solar.
Das 31 plantas de geração de energia solar que estão previstas para serem construídas nos próximos anos, 14 serão erguidas na Bahia. Ao todo, a capacidade total negociada no leilão foi de 1.048 MW. Neste ano, novos leilões de geração devem contratar mais projetos solares.
Estudos recentes feitos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que a utilização plena do potencial solar do País poderia gerar até 287 mil gigawatts-hora por ano somente com instalação de placas no ambiente residencial. Essa capacidade equivale a mais de duas vezes o consumo residencial de energia contabilizado atualmente no País.

Aneel facilita microgeração e minigeração distribuída

 Paraná -Com uma capacidade instalada de 361 MW, a Usina Hidrelétrica de Mauá, localizada no Paraná, inaugura duas de suas cinco turbinas. Foto Usina Hidrelétrica de Mauá  Divulgação  ATTT não deletar após o uso

Paraná -Com uma capacidade instalada de 361 MW, a Usina Hidrelétrica de Mauá, localizada no Paraná, inaugura duas de suas cinco turbinas. Foto Usina Hidrelétrica de Mauá Divulgação ATTT não deletar após o uso


ATTT/DIVULGAÇÃO/JC
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a Resolução Normativa nº 482/2012, que facilita e estimula a microgeração e minigeração distribuída de energia no Brasil. O texto inclui, por exemplo, os conceitos de "autoconsumo remoto" e "geração compartilhada".
Esses conceitos permitem que um gerador possa usufruir de créditos em outra unidade consumidora ou que consórcios possam ser constituídos, distante de seus locais de consumo, e possam definir o percentual da energia destinada a cada unidade consumidora que compõe esses consórcios.
"Essa é a decisão que colocará o Brasil na vanguarda da geração distribuída em termos mundiais e representa um fator importante para atrair investimentos, inclusive fabricantes de equipamentos", analisa o diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar), Rodrigo Sauaia. "Com a nova regra, é possível atingirmos mais de um milhão de sistemas fotovoltaicos instalados até 2025", projeta.
De acordo com o especialista, o Brasil possui aproximadamente 1.300 sistemas operando, sendo quase a totalidade oriunda do aproveitamento dos raios solares. Para multiplicar esse número em quase 1.000 vezes nos próximos 10 anos, será fundamental não apenas a regulação favorável, mas a instalação de fabricantes no Brasil e a existência de opções de financiamento.
"Também estamos solicitando aos governos a redução da carga tributária", afirmou Sauaia. Além do fim da incidência do PIS/Cofins, conquistada no âmbito federal, a ABSolar também pleiteia a desoneração de ICMS, um compromisso já assumido por 10 estados, entre eles São Paulo e Bahia. "Os estados que assinaram o convênio (contra a cobrança do ICMS) respondem por mais de 50% da população brasileira", complementou. Juntos, ICMS e PIS/Cofins representam 40% do custo da energia.
O texto aprovado pela Aneel permite, por exemplo, que propriedades contíguas, termo que caracteriza condomínios residenciais, comerciais e industriais, possam instalar sistemas de micro e minigeração distribuída e serem beneficiados por um modelo compartilhado. "É possível, portanto, que os condôminos instalem um sistema de micro ou minigeração distribuída no condomínio e utilizem os créditos para diminuir a fatura de suas unidades consumidoras", explica o relatório da Aneel.
Na prática, o aval ao autoconsumo remoto e à geração compartilhada ampliam a flexibilidade dos geradores, em termos geográficos, e reduzem o custo, uma vez que um único sistema poderia ser usufruído por diferentes unidades consumidoras. Outro aspecto importante, destaca Sauaia, está relacionado à simplificação e padronização dos formulários. Além disso, até o início de 2017, as distribuidoras de energia serão obrigadas a instalar sistemas eletrônicos que permitam ao consumidor o envio da solicitação de acesso ao sistema de distribuição.

Eólicas vão produzir 12% da oferta

 Paraná -Com uma capacidade instalada de 361 MW, a Usina Hidrelétrica de Mauá, localizada no Paraná, inaugura duas de suas cinco turbinas. Foto Usina Hidrelétrica de Mauá  Divulgação  ATTT não deletar após o uso

Paraná -Com uma capacidade instalada de 361 MW, a Usina Hidrelétrica de Mauá, localizada no Paraná, inaugura duas de suas cinco turbinas. Foto Usina Hidrelétrica de Mauá Divulgação ATTT não deletar após o uso


ATTT/DIVULGAÇÃO/JC
A força dos ventos mudou de vez a matriz elétrica nacional. Em 2016, as usinas eólicas, tradicionalmente conhecidas como "fonte alternativa", entram de vez para a base do sistema de geração do País. Ao todo, serão adicionados mais de 2,7 mil megawatts (MW) de energia eólica ao parque elétrico, o equivalente a 36% de toda a capacidade já instalada pelas usinas de vento do País.
O volume da geração eólica se amplia em 2017, com mais 2,9 mil MW. A expansão eólica só não será superior em relação à fonte hidrelétrica por conta do acionamento de Belo Monte, usina em construção no Rio Xingu, no Pará, que tem previsão de começar a ligar suas turbinas neste primeiro trimestre.
Os dados fazem parte do Plano Anual da Operação Elétrica (PEL), relatório elaborado em dezembro pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e que apresenta os projetos de expansão de geração previstos de janeiro de 2016 a abril de 2018.
A capacidade total de energia do Brasil atualmente é de 140 mil MW, dos quais 91 mil MW, ou 65%, são retirados das usinas hidrelétricas. A segunda maior fonte de geração elétrica, apontam os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), são as usinas térmicas movidas a gás natural, que representam cerca de 10% de cada watt gerado no Brasil, seguidas pela usinas a óleo e biomassa.
As eólicas, que hoje acendem 5% de cada lâmpada do País, caminham para chegar a 12% nos próximos cinco anos. "Até 2020, seremos a segunda maior fonte de geração de energia do Brasil", diz Élbia Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). "Do ponto de vista político, este ano deverá ser péssimo, mas não deve ter grande impacto sobre nosso setor."
As eólicas não estão imunes aos efeitos da crise econômica e política. Com cerca de 30% de seus componentes importados, os projetos sentem os efeitos do câmbio. Com seus projetos em leilão desde 2009, essas usinas chegaram a ter preços de contratação inferiores a R$ 100,00 o megawatt-hora. No último leilão realizado, porém, essa cifra saltou para R$ 210,00 o megawatt-hora. "Ainda assim, ficou bem abaixo dos projetos de biomassa, com preço em R$ 280,00; e o de usinas solares, com preço na casa dos R$ 320,00", afirma Élbia.
Concentrada na região Nordeste do País, a expansão eólica tem contribuído para garantir o abastecimento de energia elétrica em um momento em que os principais reservatórios das hidrelétricas daquela região sofrem com a ocorrência da pior seca dos últimos 84 anos. "Em 2015, as eólicas chegaram a gerar 30% da energia consumida no Nordeste, e esse desempenho deve prosseguir neste ano. Têm muitos parques gerando acima da expectativa", comenta o especialista Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia.