Ano novo com as contas em dia

"Muito dinheiro no bolso" é um daqueles votos de fim de ano que, não raro, fica só na intenção. Na prática, encher o bolso não é tão simples, principalmente em um cenário que indica alta de impostos, o que torna ainda mais imprescindível o controle do orçamento em 2016. As sugestões dos especialistas em finanças pessoais, nesse sentido, são muitas, incluem cortes de despesas e escolha de formas de pagamento mais vantajosas, entre outros pontos, mas há um aspecto central: planejamento.

O educador financeiro Reinaldo Domingos, autor do livro Terapia Financeira, destaca que o controle é o melhor caminho para fugir do endividamento e fazer com que o dinheiro seja um aliado na realização dos desejos pessoais. Em geral, os financiamentos que levam às dívidas são tomados para viabilizar os sonhos, explica. "É fundamental evitar parcelamentos", lembra o especialista.

Reconhecendo que nem sempre é possível fugir do parcelamento, Domingos orienta, nesse caso, que seja feita uma planilha com os valores já comprometidos previstos nos meses correspondentes. "Sem controle, é certo o acúmulo de dívidas e o risco da inadimplência. É assim que inicia-se o ciclo de endividamento", destaca.

A maneira mais adequada de alcançar os desejos é colocando-os em evidência no orçamento mensal. O especialista sugere que seja feita uma reunião com a família para definir os desejos de curto (um ano), médio (até cinco anos) e longo (mais de 10 anos) prazos - vale também para o que se pretende realizar em 2016. Os valores vinculados aos sonhos devem ser incorporados no orçamento mensal. "Subtraia o valor desses sonhos da receita. O saldo restante é o orçamento para as demais despesas mensais", indica o educador financeiro.

No decorrer do ano, uma série de práticas precisam ser adotadas para garantir que o orçamento seja cumprido conforme o planejado. Evitar as compras por impulso, por exemplo, é um dos hábitos que tem que ser incorporado.

Vale sempre a pena pesquisar o preço à vista, reforça. "Tudo que se compra em prestações paga-se mais caro. Já quem pesquisa o melhor preço paga menos e aumenta a chance de comprar à vista e obter desconto." O especialista recomenda: peça desconto. "Se um produto custa R$ 1 mil e pode ser parcelado em 10 vezes de

R$ 100,00, certamente à vista custará de 10% a 20% menos."

Outra regra de ouro da educação financeira é poupar parte dos rendimentos. Domingos aconselha que 10% do que se ganha seja reservado, todos os meses. Inicialmente, essa reserva poderá ser aplicada na poupança, mas, com o tempo, é possível partir para outras modalidades de investimentos, ampliando a rentabilidade do dinheiro.

Sobre o pagamento dos tributos do início do ano, como IPVA e IPTU, Domingos orienta que, se a pessoa estiver endividada, ou mesmo com as finanças equilibradas (sem projeção de sobras), só terá opção de parcelar o débito. "Lembrando que se deve evitar ao máximo recorrer a empréstimos, limites do cheque especial ou qualquer outra maneira de crédito", frisa.

Para quem já vem poupando e investindo, as condições são melhores. "Recomendo, sem dúvida nenhuma, que o pagamento seja feito à vista, já que obterá 3% de desconto no IPVA e 6%, em média, no IPTU", orienta, ressalvando que, ainda assim, é importante ficar atento aos compromissos futuros.

Com planejamento financeiro é mais fácil colocar as finanças em dia e controlar melhor o orçamento, orienta o especialista Reinaldo Domingos, que sugere uma avaliação geral da situação econômica familiar para que em 2016 seja possível alçar voos mais altos.

Anote aí

Registre mês a mês numa agenda, caderno ou de forma eletrônica os compromissos financeiros que ocorrerão em 2016, como pagamento do IPVA, IPTU, outros tributos, compra de material escolar, prestações já assumidas, aniversários e datas comemorativas. Para cada evento, registre o valor de intenção do investimento e gasto.

Reúna a família

No começo do ano faça reuniões com a família, inclusive com as crianças, e converse sobre os sonhos que querem realizar. Cada integrante deve estabelecer três desejos a serem realizados em curto prazo (até um ano), médio (até 10 anos) e longo (acima de 10 anos). Para as crianças sonhos têm o tempo diferente: curto até um mês, médio até seis meses e longo, até um ano. Registre o custo, o quanto será guardado e em quanto tempo será concretizado cada objetivo.

Corte desperdícios

No orçamento das famílias brasileiras, em geral, há excessos de despesas em média de 20% (energia elétrica, água, alimentação, telefone, entre outros). Fazer um diagnóstico financeiro minucioso por categoria de despesa pelo período de 30 dias, incluindo até mesmo o cafezinho e as gorjetas, mostrará para onde está indo o seu dinheiro e o que pode ser reduzido.

Planeje

Elabore um orçamento financeiro diferente dos anos anteriores. Componha os dados considerando os ganhos, a reserva para a realização dos sonhos e as despesas. Priorizar os sonhos antes das despesas é o segredo para realizá-los.

Invista

Tenha bem claro aonde investir o dinheiro. Embora a poupança não seja um investimento rentável, é uma opção viável para quem logo precisará sacar o dinheiro. Para o médio prazo, há alternativas como CDB, Tesouro Direto e fundos de investimentos. Já alguns títulos do Tesouro Direto, previdência privada e ações são algumas das modalidades que devem ser escolhidas quando é possível esperar um longo prazo para obter o rendimento.

Ajuste as finanças

Se estiver endividado é hora de buscar a causa do problema. Não é aconselhável renegociar com credores sem antes descobrir porque você gasta mais do que recebe.