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Governo Federal

- Publicada em 16 de Dezembro de 2015 às 18:43

No Senado, Renan acusa Temer por crise política

Em entrevista, Renan Calheiros responsabilizou a cúpula do partido

Em entrevista, Renan Calheiros responsabilizou a cúpula do partido


JANE DE ARAÚJO/AGÊNCIA SENADO/JC
Tido como um dos principais e, ao mesmo tempo, um dos últimos aliados do governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), responsabilizou o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), por grande parte da crise política que assola o País.
Tido como um dos principais e, ao mesmo tempo, um dos últimos aliados do governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), responsabilizou o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), por grande parte da crise política que assola o País.
Para Renan, o partido perdeu uma oportunidade de "qualificar sua participação no governo", porque, quando Temer assumiu a coordenação política do Planalto, no início do ano, ele se preocupou "apenas com o RH" uma alusão direta à negociação de cargos feita pelo vice.
"O PMDB tem muita culpa. Quando foi chamado para coordenar o processo político do governo, da coalizão, o PMDB se preocupou apenas com o RH. Eu adverti sobre isso na oportunidade", declarou.
"O PMDB perdeu a oportunidade de qualificar sua participação no governo. O governo tem culpa, mas o PMDB também tem muita culpa com o que está acontecendo", disse Renan, ao chegar ao Senado ontem.
Questionado sobre a responsabilidade pela crise que o País atravessa, Renan foi explícito: "O presidente Michel é o presidente do partido. Se alguém tem responsabilidade com relação a isso, é o presidente Michel".
Desde que o processo de impeachment foi deflagrado, no início de dezembro, Temer iniciou um processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT).
Na semana passada, o peemedebista enviou uma carta para a mandatária em que reclamou da falta de confiança dela e do seu entorno em relação a ele e ao PMDB. Ele chegou a dizer que passou os quatro anos do governo como um "vice decorativo".
Renan também comentou o episódio. "Aquela carta do presidente Michel, que muitos criticaram, a maior crítica que cabe a ela é que, em nenhum momento, ela demonstra preocupação com o Brasil", disse.
Desde então, Temer tem operado para distanciar o PMDB do núcleo central do governo. Ele trabalhou para a destituição do agora ex-líder do partido na Câmara Leonardo Picciani (RJ) e deu aval à escolha do novo líder, Leonardo Quintão (MG).
A executiva da sigla se reuniu ontem e, por ampla maioria, decidiu barrar filiações que sejam consideradas "oportunistas".
A estratégia visa frear a articulação apoiada pelo Palácio do Planalto para reconduzir reconduzir Picciani à liderança da legenda. A decisão foi tomada por ordem de Temer.
"Fazer reunião para proibir. Um partido democrático, que não tem dono, que se caracteriza por isso, fazer reunião para proibir a entrada de deputado é um retrocesso que deve estar fazendo o doutor Ulysses tremer na cova", criticou Renan, ao fazer referência a um dos principais líderes que o partido já teve, Ulysses Guimarães, que liderou a Constituinte.
Em resposta às críticas de Renan, Temer, por meio de uma carta, disse que qualquer filiado ao PMDB sabe que o corpo de Ulysses "repousa no fundo do mar".
A operação para barrar a filiação de deputados alinhados a Picciani no PMDB contou com o aval de Michel Temer. Aliados dele trataram a decisão como uma forma de "impedir uma intervenção do governo Dilma no PMDB".

Vice-presidente também é alvo de críticas do ministro Marcelo Castro

Em discurso semelhante ao adotado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), o ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB), criticou ontem o vice-presidente Michel Temer (PMDB) por ter atuado pela derrubada do deputado federal Leonardo Picciani (RJ) da liderança do PMDB na Câmara.
Castro foi um dos deputados que ganharam vaga no ministério na reforma ministerial de outubro, justamente por indicação de Picciani, e em uma das vagas mais vistosas do ponto de vista de manejo de recursos da Esplanada.
Segundo ele, o vice uniu-se ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e tomou partido para a substituição pelo deputado federal Leonardo Quintão (PMDB-MG), o que gerou "um conflito desnecessário" na legenda.
Para o ministro, Temer tinha a obrigação, como presidente nacional da sigla, de ter se posicionado de maneira isenta e deveria ter se colocado "acima das brigas" internas do partido.
"Com relação à liderança do PMDB na Câmara, ele (Temer) tomou partido. Ele e Cunha estão juntos para tirar a liderança do Leonardo Picciani", criticou. "Acho que um presidente de partido tem o dever e a obrigação de ser isento e neutro dentro das disputas internas."

Constrangidos, Dilma e Temer ouvem 'Amigos para sempre'

Desconforto entre ambos era visível durante a solenidade militar

Desconforto entre ambos era visível durante a solenidade militar


ANTONIO CRUZ/ABR/JC
Postados de pé lado a lado por cerca de 20 minutos durante o cumprimento a oficiais das Forças Armadas promovidos a generais, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o vice Michel Temer (PMDB) não trocaram uma só palavra. O desconforto entre ambos era visível.
Ao fim dessa parte do evento, a banda do Exército, aparentemente alheia aos desentendimentos entre ambos, tocou "Amigos para Sempre", de Andrew Lloyd Webber e Don Black. Esse é o primeiro encontro público entre os dois após a divulgação da carta de Temer a Dilma, em que ele reclama de falta de confiança. Na segunda parte da agenda, um almoço de confraternização com os oficiais e suas famílias, novamente Dilma e Temer tiveram que sentar lado a lado. Enquanto o general Villas Bôas (comandante do Exército) e o ministro da Defesa, Aldo Rebelo (PCdoB), discursavam, Dilma e Temer sequer se olharam. O único contato que tiveram ocorreu após o discurso de Dilma, que, ao voltar à mesa, foi recebida por Temer com dois beijinhos. Em sua fala, a presidente destacou o papel das Forças Armadas na construção de um País forte e democrático. Este foi o terceiro discurso consecutivo em que Dilma não mencionou o processo de impeachment contra ela deflagrado na Câmara dos Deputados.