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operação lava jato

- Publicada em 15 de Dezembro de 2015 às 22:10

Presidente da Câmara é alvo de ação da PF

Agentes apreendem computadores da residência de Eduardo Cunha

Agentes apreendem computadores da residência de Eduardo Cunha


MARCELO CAMARGO/ABR/JC
Em nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada ontem, a Polícia Federal (PF) mirou os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Também foram alvo o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) e os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Edison Lobão (PMDB-MA) e Fernando Bezerra (PSB-PE).
Em nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada ontem, a Polícia Federal (PF) mirou os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Também foram alvo o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) e os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Edison Lobão (PMDB-MA) e Fernando Bezerra (PSB-PE).
Outros dois inquéritos ainda são sigilosos. Ao todo, 53 mandados de busca e apreensão foram emitidos para endereços de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Pará, Ceará e Alagoas.
Dois ministros filiados ao PMDB também foram alvo da ação: Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Henrique Eduardo Alves (Turismo). A ação também atingiu Fábio Cleto, um dos principais operadores de Cunha e que ocupava uma das vice-presidências da Caixa Econômica Federal até a semana passada, além de Altair Alves Pinto, apontado como responsável por transportar valores para o parlamentar.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), são nove os políticos com foro privilegiado alvos desta operação.
Foram emitidos mandados de busca e apreensão que atingiram inclusive imóveis de Cunha, incluindo endereços no Rio, sua residência oficial em Brasília e a diretoria-geral da Câmara dos Deputados, órgão responsável por fechar contratos e ordenar despesas. Três celulares de Cunha foram apreendidos.
Os policiais foram autorizados a acessar dados de computadores, smartphones, celulares em geral, tablets e outros dispositivos eletrônicos e a apreender aparelhos eletrônicos, anotações, registros contábeis e comunicações realizadas entre os investigados.
Não há, ao menos por ora, prisões na etapa atual da operação, chamada Catilinárias. O nome da operação é referência a uma série de discursos proferidos pelo cônsul romano Cícero por volta de 63 a.C. contra o senador Catilina, acusado de tentar derrubar a República.
Buscas ocorreram ainda na sede do PMDB em Alagoas e em endereços do deputado Aníbal Gomes, apontado como interlocutor do presidente do Senado.
Outros atingidos pelas buscas são o senador e ex-ministro Edison Lobão (PMDB-MA) investigado pela Lava Jato ; Nelson Bornier (PMDB-RJ), prefeito de Nova Iguaçu e aliado de Eduardo Cunha; Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro; o deputado do Rio de Janeiro Áureo (SD); e o deputado federal Alexandre Santos (PMDB-RJ) ele foi foi citado nos depoimentos do delator Fernando Soares por suposta influência em uma das diretorias da Petrobras.
Segundo a PF, as buscas ocorrem em endereços funcionais de investigados, sedes de empresas, escritórios de advocacia e órgãos públicos, com o objetivo de "evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados". Ainda segundo a PF, também foi autorizada apreensão de bens "que possivelmente foram adquiridos pela prática criminosa".
Cunha foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal pelo suposto recebimento de propina ligada a desvios na Petrobras há cerca de quatro meses, mas o STF ainda não decidiu se acolhe ou não as denúncias. Sem o acolhimento, Cunha não é réu, somente investigado.

Agentes procuram provas de lavagem em contas na Suíça

Uma das razões para a busca feita na residência oficial em Brasília do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelos agentes da PF é a tentativa das investigações de comprovar o crime de lavagem de dinheiro no episódio das contas ocultas mantidas pelo deputado na Suíça, segundo fontes com acesso às apurações.
Parte do dinheiro movimentado nas contas é oriunda do esquema de desvios de recursos da Petrobras, conforme um primeiro mapeamento feito sobre a transação do dinheiro. Cunha usou empresas offshore e trusts para movimentar as contas e manter oculta a titularidade desses ativos.
Os mandados de busca e apreensão nas casas de Cunha foram autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Além de continuar reunindo elementos que podem levar a um pedido junto ao STF de afastamento de Cunha da presidência da Câmara, a PGR se prepara para denunciar o deputado pelo crime de evasão de divisas no caso das contas bancárias mantidas na Suíça. Para esse crime já há evidências suficientes, segundo procuradores da República que atuam no caso.
O grupo de trabalho que auxilia o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também investiga as supostas práticas de corrupção e lavagem de dinheiro no episódio. Essas acusações ficariam para um segundo momento. Um inquérito investiga todos esses crimes.
Cunha já foi denunciado em 20 de agosto por corrupção e lavagem, num outro inquérito. Ele é formalmente acusado de receber US$ 5 milhões em propina a partir de contratos da Petrobras para operação de navios-sonda.
O cálculo feito na PGR é que o STF só deve aceitar essa denúncia depois do Carnaval a terça-feira de Carnaval é dia 9 de fevereiro. Se o STF aceitar a acusação, Cunha vira réu, complicando sua permanência na presidência da Câmara.

Deputado peemedebista diz que não pretende renunciar

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), partiu para o ataque na tarde de ontem ao chegar em seu gabinete. O peemedebista disse "estranhar" uma ação da Polícia Federal concentrada em seu partido, justamente no dia em que seria votado o parecer contra ele no Conselho de Ética e às vésperas do julgamento do rito do impeachment no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele defendeu que seu partido decida, o mais rápido possível, sobre a saída do governo.
Para Cunha, tentam jogar sobre ele o "roubo que foi feito pelo PT". "Só é sujeito a operações os que não são do PT", reclamou. Ele informou que continuará "firme" em sua posição e que não pretende renunciar ao cargo.
"O PT é responsável por esse assalto que aconteceu no Brasil, o assalto da Petrobras. Todo dia tem a roubalheira do PT sendo fotografada e de repente fazem uma operação com o PMDB", disparou o deputado, se referindo aos depoimentos do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Cunha disse não ver "nada de mais" na busca e apreensão em seus três endereços e disse considerar que os mandados fazem parte do processo de investigação. Ele disse não estar preocupado com a operação, que em sua avaliação é "normal" e "natural".
No entanto, ele considerou que há "algo estranho no ar" sobre o dia e o contexto da operação policial. "Isso tudo causa estranheza a todos nós", comentou. Ele reclamou que os petistas não são alvos da operação. "Não me parece que ninguém do PT, que tem o foro que eu tenho, está sujeito a algum tipo de operação", declarou o peemedebista, para, em seguida, ser lembrado de que o senador Delcídio Amaral (PT-MS) foi preso por obstruir as investigação da Operação Lava Jato.

Não tem ninguém do PMDB preso, alerta Eliseu Padilha

Ex-ministro da Aviação Civil e um dos auxiliares mais próximos do vice-presidente Michel Temer (PMDB), Eliseu Padilha (PMDB) minimizou ontem o impacto em seu partido da Operação Catilinárias, pela Polícia Federal (PF) nova fase da Lava Jato.
"Tem muita gente presa já, e não tem ninguém preso do PMDB. É um processo que está em andamento, não vejo nada demais", afirmou após encontro com Michel Temer.
Ele disse que o partido apoia a ação da PF e diz ter "certeza absoluta" de que as ações de busca e apreensão de ontem não causam "nenhum tipo de preocupação" ao PMDB.
A ação envolveu buscas na casa do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), além dos ministros Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Henrique Eduardo Alves (Turismo).
"O PMDB existe nas 27 unidades da federação brasileira, é o maior partido do Brasil. Temos alguns nomes que estão sendo investigados, por enquanto só investigados. Não tem ninguém nosso preso", destacou.
Na segunda-feira, a Casa Civil oficializou a saída de Eliseu Padilha do governo depois que indicação feita por ele para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) foi retirada pelo próprio Planalto.
Sua saída do governo foi vista pelo Planalto como primeira sinalização de que o grupo de Temer pode desembarcar do governo num momento em que foi aceito o processo de impeachment.
Ontem, Temer se reuniu com deputados da legenda, favoráveis ao impeachment de Dilma. Entre eles, estão Lelo Coimbra (ES), Baleia Rossi (SP) e o gaúcho Osmar Terra.