Com 16 potenciais candidatos, corrida pelo comando da prefeitura da Capital deve ser acirrada em 2016.
O turbilhão de disputas políticas em 2015 terá reflexos nas eleições de 2016. A menos de um ano para o pleito, o cenário em Porto Alegre é de imprevisibilidade, no qual muitas candidaturas despontam e poucas estão consolidadas.
Entre os partidos que atualmente integram a base do governo de José Fortunati (PDT), muitos sinalizam uma candidatura própria, mas quase todos admitem a possibilidade de integrar uma provável chapa de continuidade, encabeçada pelo vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB). Na oposição, a novidade do início do ano pode ser a retirada da pré-candidatura de Manuela d'Ávila (PCdoB) e o possível fortalecimento de Luciana Genro (P-Sol).
Melo está realizando uma série de reuniões com partidos da base aliada. Ainda que diga que o mais importante é construir uma unidade e não definir o nome, sua candidatura é dada como irrevogável. "Estamos em diálogo com os partidos, construindo um plano para a cidade que queremos", explicou.
O peemedebista já teve encontros com diversos partidos e tem buscado apoio, especialmente do PDT, PP e PTB - legendas com força na cidade e tradicionalmente formadoras de numerosas bancadas no Legislativo.
Os planos de manter a ampla coalizão que atualmente reúne uma grande gama de partidos pode ser frustrada - ao menos em um primeiro turno. O PTB, aliado de primeira hora, tem o desejo de lançar uma candidatura própria, algo que não acontece há algumas eleições.
"Queremos ser protagonistas nestas eleições", disse o presidente municipal do partido, o deputado estadual Maurício Dziedricki. Entre os possíveis nomes estão os comunicadores Gugu Streit e Sérgio Zambiasi - ex-senador e sempre cotado para disputar cargos no executivos municipal e estadual.
O PP também tem aspirações de lançar uma candidatura própria em 2016. Partido com força nas prefeituras do Interior do Estado, a sigla não consegue ter o mesmo protagonismo na Capital.
De acordo com o vereador e presidente municipal da sigla, Kevin Krieger, o interesse da legenda é de compor uma chapa majoritária com os partidos que estão na base de Fortunati. "Estamos fazendo as articulações necessárias para que, seja na cabeça de chapa ou como vice, possamos melhorar o trabalho que tem sido realizado por esta gestão", disse.
Krieger e o deputado estadual Marcel van Hattem eram os únicos cotados na disputa, mas o recente ingresso do ex-deputado estadual Cassiá Carpes no partido coloca mais um nome no tabuleiro. "A partir do ano que vem faremos pesquisas internas no partido, e isso se definirá."
Os tucanos também têm a intenção de lançar candidatura própria e, antes de decidir essa questão, precisam resolver problemas internos. O presidente estadual da sigla, deputado federal Nelson Marchezan Júnior, diz que as disputas e divisões são "pauta vencida" e que o partido trabalha para "ouvir os anseios da sociedade".
"Estamos procurando ouvir o que a sociedade quer, trazê-la para dentro do partido e apresentar uma candidatura que seja desvinculada do governo federal", disse. Apesar do otimismo, uma ala dissidente lançou a pré-candidatura da ex-governadora Yeda Crusius, o que ainda deve gerar discussões no início de 2016.
Até o momento, o PDT parece ser o partido com mais alinhamento à candidatura de Melo. Apesar da intenção de lançar uma candidatura própria - defendida por alguns setores -, o mais provável é que o partido continue a dobradinha com o PMDB.
O secretário estadual da Educação, Vieira da Cunha, nome sempre lembrado para a disputa, já declarou ter comprometimento com o cargo atual e não sinaliza para o desejo de disputar o Paço Municipal.
"Estamos começando os diálogos, as coisas estão se encaminhando, mas ainda não tivemos conversas mais contundentes para definir como será a atuação do partido", disse o presidente municipal e vereador Nereu d'Ávila.
Ainda no campo de apoiadores que podem lançar candidaturas próprias estão o DEM e o PSD, com os deputados federais Onyx Lorenzoni e Danrlei, respectivamente. Há ainda o ex-deputado federal Beto Albuquerque (PSB).
Danrlei seria a única novidade, já que Beto e Onyx participaram de pleitos anteriores. Dos três nomes, o socialista é o com menos chances de disputar, em decorrência da proposta de atuar como liderança nacional, após ter tido a visibilidade ampliada, em 2014, com a campanha de vice-presidente na chapa de Marina Silva (na época PSB, hoje Rede).
Na oposição, a grande mudança deve ser a não concretização da candidatura de Manuela d'Ávila. Considerada a principal força desse espectro político e aquela que conseguiria, pela primeira vez, ter o apoio do PT como vice - os petistas nunca abriram mão da cabeça de chapa -, a tendência é de que a deputada não confirme a candidatura.
"O cenário de 2016 é de grande indefinição, diferentemente das outras eleições que tivemos. O partido tem procurado fazer uma ampla articulação em torno do campo político de esquerda", afirma o presidente municipal do PCdoB, Márcio Cabral.
A possível opção de não disputar a prefeitura, que ainda não foi confirmada, ocorreria em decorrência da escolha de Manuela em se dedicar à vivência da maternidade sua primeira filha tem poucos meses de vida.
Nesse cenário, o PT pode lançar novamente uma candidatura. O partido que vinha sinalizando apoio para Manuela, agora trabalha com a possibilidade de ter que encabeçar uma chapa - a decisão da deputada só será conhecida após o término de sua licença-maternidade, possivelmente em janeiro.
A deputada federal Maria do Rosário e o ex-prefeito Raul Pont figuram como prováveis candidatos. "Ainda estamos em diálogos internos e com o PCdoB", disse o presidente municipal, Rodrigo Oliveira.
Das candidaturas de oposição, a mais consolidada é a da ex-deputada Luciana Genro (P-Sol). Alavancada pela boa performance na disputa pela presidência, em 2014, ela aposta na aglutinação de militantes de esquerda descontentes com a política do governo federal.
O PSTU e o PPL já encaminharam o apoio, assim como o Raiz Movimento Cidadanista e Unidade Popular pelo Socialismo. "Essa coalizão não terá a participação daqueles que fazem parte dos esquemas políticos. Também teremos uma frente que acredita que a democracia não pode se resumir ao voto", afirmou Luciana.
Os próximos meses devem ser de indefinições e muitas idas e vindas entre os partidos, em busca da formação de alianças. As primeiras definições de nomes para a disputa ao Paço Municipal devem ocorrer nas pré-convenções, nos meses de março e abril.
A consolidação do cenário em Porto Alegre só será oficializada com a inscrição das chapas na Justiça Eleitoral, na metade do próximo ano.