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Opinião

- Publicada em 22 de Dezembro de 2015 às 18:09

As mesmas promessas para antigos problemas

O ministro Nelson Barbosa substituiu Joaquim Levy na Fazenda, cujo "prazo de validade", na opinião do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tinha acabado.
O ministro Nelson Barbosa substituiu Joaquim Levy na Fazenda, cujo "prazo de validade", na opinião do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tinha acabado.
Mas, de fato, tanto o novo ministro quanto a presidente Dilma Rousseff (PT) afirmaram metas corretas, mas paradoxais, para quem criticava a ortodoxia econômica de Levy. Combater a inflação é correto, mas não elevando os juros, como já está sendo, nas entrelinhas, anunciado para 2016.
Ora, a inflação tem vindo dos preços administrados pelo governo, e que foram represados artificialmente em 2013 e 2014, com vistas a não prejudicar o projeto de reeleição da presidente em 2014.
Neste ano de 2015, o governo federal pagou algo na casa de R$ 1 trilhão de juros da dívida pública, que já ultrapassa R$ 2,7 trilhões. Ora, isso é uma demasia, um descalabro financeiro que não tem Tesouro Nacional que aguente.
Em tom de otimismo, o novo ministro da Fazenda afirmou que 2016 será um ano repleto de boas notícias, investimentos e concessões no País. Barbosa também disse que, nos últimos 12 meses, foi possível avançar bastante na área fiscal e também na áreas de gestão e planejamento.
Mas o fato é que estamos com juros elevadíssimos, em 14,25% ao ano, inflação chegando em 11% em 2015, déficit nas contas públicas externas em US$ 60 bilhões e trocamos o ministro da Fazenda para que o novo, com respaldo da presidente, afirme, alto e bom som, que as metas continuam as mesmas, ou seja, combater a inflação e gerar desenvolvimento. Disso ninguém discorda.
A dívida do governo federal é, basicamente, com a rede bancária, mas o novo ministro da Fazenda não especificou, no Congresso, quem são os beneficiados, nem valores, alegando sigilo bancário. Porém o dinheiro é público, não privado. O irônico é que os juros são elevados para combater a inflação. Mas, com o desemprego, os baixos salários e a recessão consequente, o consumo vem caindo, derrubando a arrecadação.
Mesmo que o Banco Central (BC) tenha por tarefa monitorar a inflação, o câmbio e as contas do governo central, em busca do superávit primário com o qual o governo paga os juros da sua astronômica dívida, algo vai mal, com os maiores juros desde muito tempo.
O Comitê de Política Monetária (Copom) é formado por representantes inclusive do setor financeiro, que ganha com juros altos. Agora, para o Copom, "os mercados estão calmos". Quem não estaria ganhando tanto dinheiro com juros? Para combater a inflação, os governos têm que gastar, no máximo, apenas o que arrecadam. Isso é acaciano, óbvio, básico.
O problema é que a elevação dos juros não tem surtido o efeito desejado, o de segurar os preços. Não em 2014 e menos ainda em 2015, e, pelo menos no quesito alimentos, quem vai ao supermercado nota a alta. A projeção da inflação, segundo a pesquisa semanal Focus, do Banco Central, apontou para mais de 10% neste ano, para um teto da meta de 6,5%.
Desde 2013 o Copom do BC vem aumentando a Selic, que está nos citados 14,25%. Ora, juros altos inibem o consumo e, em consequência, deveriam seguram os preços. A inflação brasileira desmente essa teoria.
O efeito correlato é que nem todo dinheiro tomado visa ao consumo, mas também ao investimento empresarial e à infraestrutura. A indústria brasileira precisa investir para se modernizar e competir.
Trocamos o ministro da Fazenda e, em realidade, foi o folclórico mudar o seis por meia dúzia. Ficou tudo como antes. Barbosa terá "prazo de validade"?
 
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