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Opinião

- Publicada em 21 de Dezembro de 2015 às 17:21

Compositores e políticos

Além de "estar onde o povo está", como poética e musicalmente Milton Nascimento recomendou nos bons tempos da MPB, o artista deve se antecipar às coisas do seu tempo. Os compositores brasileiros, desde a primeira metade do século passado, não têm decepcionado, pois, ainda que retratassem situações dos seus dias, há uma vasta gama de jargões e versos antigos e do passado recente plena e profundamente adaptáveis aos dias de hoje, sobretudo na relação música/política.
Além de "estar onde o povo está", como poética e musicalmente Milton Nascimento recomendou nos bons tempos da MPB, o artista deve se antecipar às coisas do seu tempo. Os compositores brasileiros, desde a primeira metade do século passado, não têm decepcionado, pois, ainda que retratassem situações dos seus dias, há uma vasta gama de jargões e versos antigos e do passado recente plena e profundamente adaptáveis aos dias de hoje, sobretudo na relação música/política.
Três refrões de antigas e quase esquecidas marchinhas de Carnaval cabem como luva nos dias de hoje. Um deles repetia "Me dá, me dá, me dá um dinheiro aí" e outro assegurava "Daqui não saio, daqui ninguém me tira". E o próprio Noel Rosa (1910-1937) compôs música, cuja letra dizia: "e o povo já pergunta com maldade, onde está a honestidade, onde está a honestidade".
Mais recentemente, o recado dos compositores de MPB para os poderosos de então, parecem bem adaptados aos poderosos de hoje. Em "Travessia", Milton Nascimento observava: "Vou seguindo pela vida/me esquecendo de você/ Eu não quero mais a morte/tenho muito que viver". A dupla Ivan Lins e Ronaldo de Souza pedia paz, cantando: "Me deixa em paz/que eu não aguento mais/Vai para onde Deus quiser/Já é bom de você partir/Não adianta mais ficar". E Chico Buarque observou: "O que não tem vergonha, nem nunca terá/ O que não tem governo, nem nunca terá/O que não tem juízo". E, em "Apesar de Você", o compositor carioca foi definitivo: "Você que inventou o pecado/Esqueceu-se de inventar/O perdão/Você que inventou a tristeza/Ora, tenha a fineza/De desinventar/Apesar de você/Amanhã há de ser/Outro dia". Tudo muito atual, não é verdade? Bom 2016, se este ano conseguir terminar.
Jornalista e escritor
 
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