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conscientização

- Publicada em 29 de Dezembro de 2015 às 21:56

Abandono de animais aumenta nas férias

Seda possui 300 bichos vacinados e castrados disponíveis para adoção

Seda possui 300 bichos vacinados e castrados disponíveis para adoção


FREDY VIEIRA/JC
Apesar de configurar crime por leis federais e municipal, a prática do abandono de animais ainda aumenta consideravelmente em época de férias de verão. O descaso ocorre, especialmente, quando se trata de cães e gatos que precisam de mais cuidados, como portadores de doenças crônicas, idosos e filhotes. Atualmente, segundo dados da Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda), mais de 30 milhões vagam sozinhos nas ruas do País, sendo 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães.
Apesar de configurar crime por leis federais e municipal, a prática do abandono de animais ainda aumenta consideravelmente em época de férias de verão. O descaso ocorre, especialmente, quando se trata de cães e gatos que precisam de mais cuidados, como portadores de doenças crônicas, idosos e filhotes. Atualmente, segundo dados da Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda), mais de 30 milhões vagam sozinhos nas ruas do País, sendo 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães.
Os dados sobre quantos bichos de estimação são largados em estradas, casas e em frente a entidades protetoras durante esta época são imprecisos. "Não há um local específico para o abandono. Aqui, percebemos o aumento de casos de animais atropelados ou com bicheira, mas não temos como saber quando, exatamente, foram parar nas ruas. Entretanto, infelizmente, todos sabem que nesta época há mais casos desse tipo", afirma Joice Peruzzi, médica veterinária da Secretaria Especial de Defesa dos Animais (Seda) de Porto Alegre.
Para Joice, é preciso uma forte campanha de responsabilização das pessoas para esse crime. "Muita gente não tem noção de que o animal vai viver 13, 14 anos e, mesmo se a pessoa casar, tiver filhos ou se mudar, aquele bicho de estimação continua sendo sua responsabilidade. Falta conscientização sobre isso. A consciência da população tem melhorado bastante em relação a adotar, e não comprar, e também à castração, mas falta a questão da guarda responsável", ressalta.
A fim de conscientizar, a Seda possui o programa "Essa escola é o bicho", na qual uma pedagoga vai a escolas municipais e, se solicitado, em estaduais e particulares, falar sobre a guarda responsável. As informações são passadas, também, aos que buscam a secretaria para adotar algum cão ou gato. Hoje, a Seda possui 300 animais disponíveis para adoção, todos castrados e vacinados.
Conforme a diretora do Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Stella de Faria Valle, embora a instituição tenha uma política de coibir o abandono, alertando sobre a presença de câmeras de segurança no local, e que deixar animais em frente ao estabelecimento é crime, ainda há casos. "A existência das leis reduziu um pouco o número de ocorrências, mas vemos, pelo relato de nossos parceiros de ONGs, que há muitas pessoas largando bichos como se eles fossem descartáveis, e não são", pondera.
Stella salienta que os abandonos ocorrem, muitas vezes, porque as pessoas não percebem, ao adotar, que terão custos com alimentação, vacina, medicamentos e que, quando forem viajar, precisarão definir se levarão o animal ou designarão alguém para cuidá-lo. "Quando eles pegam um filhote, acham tudo muito bonito, mas, depois, reparam no aumento do gasto mensal e, nas férias, veem o tamanho da responsabilidade", argumenta. O Hospital de Clínicas Veterinárias da Ufrgs realiza cerca de 4 mil atendimentos por mês, entre cães, gatos, equinos e bovinos, bem como 800 cirurgias mensais.

Para voluntária, é preciso denunciar

A protetora Magliane de Oliveira é voluntária na Associação Riograndense de Proteção aos Animais (Arpa) há dez anos. Nesse tempo, percebeu que ocorre um aumento de cerca de 80% nos abandonos entre dezembro e fevereiro. "As pessoas adotam animais, depois querem viajar e os largam na freeway ou na praia. Aconselhamos que, quando o cidadão ver o carro parando na estrada e abandonando um animal, tire foto e anote o número da placa, para denunciar", afirma.
Magliane relata que muitos animais chegam à Arpa com fratura, sarna, gestando e agressivos, devido a traumas. "Ressocializá-los é bem complicado, diante do descaso de tantas pessoas. Na semana passada mesmo, uma senhora ligou perguntando se tínhamos filhotes, pois ela queria 'trocar' seu cachorro de 12 anos. Eu perguntei se ela tinha filhos, pois, se tivesse, talvez eles quisessem trocá-la por uma mãe mais nova", conta.
Gabriela Pereira da Silva, voluntária da ONG Patas Dadas há três anos, percebe um aumento de cerca de 30% nos resgates nas férias de verão. "Os bichos resgatados geralmente estão em condições precárias, com doenças, parasitas e desnutridos", ressalta.
Sob a ótica de Gabriela, o abandono está relacionado à falta de informação e de responsabilidade com o animal que, muitas vezes, foi companheiro da família por anos. "Há falta de conhecimento sobre o tempo de vida, o custo para deixá-lo saudável, a quantidade de ninhadas que ele poderá ter não estando castrado e o grande número de doenças que podem se manifestar nessa situação insalubre de cuidados", pondera. Para a voluntária, o problema é de saúde pública, mas não recebe a devida atenção.
Nível Federal

Lei de Crimes Ambientais - Artigo 32 da Lei Federal nº 9.605 de 1998
O abandono e maus-tratos é punido com pena de multa ou detenção de três meses a um ano.
Código Penal - Artigo 164
Pena de multa ou detenção de 15 dias a seis meses.

Nível Municipal
  • Lei Complementar nº 694 de 2012 de Porto Alegre, que prevê advertência e multa.
  • Na Capital, a denúncia pode ser feita pelo telefone 156, por Boletim de Ocorrência (BO) em delegacias ou no site www.delegaciaonline.rs.gov.br, pela Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, do Ministério Público do Estado (rua Santana, 440) ou pelo Batalhão Ambiental da Brigada Militar, nos telefone (51) 3326.1165 e (51) 3288.5147.