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economia | comércio

- Publicada em 17 de Dezembro de 2015 às 19:04

Crise econômica e política engessa varejo e serviços

Aumento de impostos na entrada do ano que vem deve ser repassado aos preços dos produtos

Aumento de impostos na entrada do ano que vem deve ser repassado aos preços dos produtos


JOÃO MATTOS/JC
Elevação da carga tributária, inflação e desemprego derrubam o consumo e preocupam empresários do setor; aumento das alíquotas de ICMS no Estado deve elevar preço dos produtos
Elevação da carga tributária, inflação e desemprego derrubam o consumo e preocupam empresários do setor; aumento das alíquotas de ICMS no Estado deve elevar preço dos produtos
Os lojistas ainda vão sofrer por um bom tempo os impactos da crise política e econômica do País, agravada pelo aumento da carga tributária no Rio Grande do Sul a partir de janeiro de 2016. O consumo tende a continuar em queda, uma vez que a inflação deverá se manter em dois dígitos, encarecendo o preço dos produtos. "Além disso, haverá mais repasses para o consumidor, a partir da elevação da alíquota básica do ICMS de 17% para 18% e da elevação das alíquotas de energia elétrica e gasolina, que subirão de 25% para 30%", sinaliza o economista da FEE-RS, Alfredo Meneghetti Neto. "Com o aumento da carga tributária para os comerciantes gaúchos, será inevitável uma elevação de pelo menos 5% no preço dos produtos em geral", completa. Para o especialista, o próximo ano será "muito difícil" para o comércio e para os serviços, com redução também dos negócios e dos investimentos.
O aumento do ICMS em janeiro ainda afetará o imposto de fronteira, que vai passar de 5% para 6%, lembra o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn. Ele prevê que o setor promoverá demissões, a exemplo do que já ocorreu em 2015. "No Rio Grande do Sul, já perdemos milhares de vagas, e o desemprego deve aumentar no ano que vem", ressalta o dirigente. Para Bohn, no primeiro semestre de 2016, a economia deve chegar ao fundo do poço, começando a retomar lentamente o crescimento a partir de julho. "As vendas devem cair. Em números absolutos, pode haver uma ilusão, com empresas vendendo até mais que no ano passado. Mas, descontando a inflação, o saldo não será tão positivo", sentencia. Para o dirigente da Fecomércio-RS, antes de 2018, esta situação não deve melhorar muito.
O presidente da CDL-POA, Gustavo Schifino, concorda que, de janeiro a março do ano que vem, o ritmo das vendas no varejo dever ser pior do que o registrado em 2015. No entanto, ele acredita que há como estimular o consumo e a produtividade das empresas, a partir da reação organizada de entidades representativas do setor. "Queremos incentivar os lojistas a lembrarem de que este é um período de cuidar das despesas, mas também de trabalhar o encantamento dos clientes." Para Schifino, o cenário deve melhorar a partir do segundo semestre. "Será uma retomada lenta do crescimento, mas não o suficiente para aplacar o prejuízo do primeiro semestre negativo, ficando no máximo em zero a zero", opina.
Na visão do presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch, 2016 será um período em que os lojistas precisarão ter habilidade de negociação com os fornecedores, para apertar margens, garantindo fluxo de mercadorias e rotatividade de produtos. "Tem que avaliar estoques, observar quais itens vendem mesmo em meio à crise e readequar os pedidos, de forma que se aumente o volume destes produtos no mix das lojas, em detrimento de outros que não venderão", sugere o consultor de varejo, Gildo Sibemberg. Ele acredita que empresas com "gordura em fluxo de caixa" podem usar estes valores para expansão. "Será um período de muitas oportunidades, em vista da queda de preços nos negócios imobiliários", justifica.

Shoppings jovens tendem a sofrer mais

Em abril de 2016, Iguatemi inaugura ala com 100 novas lojas, anuncia Marcia Ferla, gerente de marketing do empreendimento

Em abril de 2016, Iguatemi inaugura ala com 100 novas lojas, anuncia Marcia Ferla, gerente de marketing do empreendimento


CHRISTIANO CARDOSO/ESTÚDIO SPORTS MAG/DIVULGAÇÃO/JC
Representando 20% do varejo nacional, as lojas de shoppings devem enfrentar cenário semelhante ao deste ano em 2016. "O que está acontecendo no mercado reflete também nestes empreendimentos - o que explica por que já vemos muitos shoppings em processo de adequação", avalia o coordenador estadual da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Marco Aurélio Jardim Neto. Segundo o dirigente, a tendência é que os shopping centers com menos de cinco anos de mercado sofram mais com a crise do que os já consolidados. "Nos mais recentes, pode haver queda de vendas, aumento de inadimplência e vacância. Mas acredito que serão situações pontuais, dependendo da cidade", pondera Jardim.
No Rio Grande do Sul, a situação pode ser um pouco mais complicada, acredita o coordenador da Abrasce. "A perspectiva é de que vá ser um ano de muito trabalho, muita negociação, com uma disputa grande pelos clientes, principalmente em Porto Alegre", opina. A boa notícia é que nenhuma expansão ou inauguração deverá ser adiada. Segundo a gerente de marketing do Iguatemi Porto Alegre, Marcia Ferla, o empreendimento inaugura no dia 14 de abril uma nova ala com 100 lojas, e, em junho, uma torre comercial de 14 andares. "Já temos 90% da ocupação garantida", assegura. Entre as novas empresas chegam Zara Home, Cobasi (supermercado pet), Sephora Perfumes e os restaurante Coco Bambu e Madero Burger e Grill. "A expansão do Iguatemi vai impactar a zona Norte, onde a disputa é mais apertada", avalia o dirigente da Abrasce-RS. Na zona Sul da Capital, há uma inauguração prevista para 2018, com a implementação do Praça Cavalhada Shopping Center.
Outros empreendimentos devem somar-se aos 38 shoppings existentes no Estado (16 estão em Porto Alegre) nos próximos anos. Em setembro de 2016, ocorre a inauguração do Alvorada Shopping, que está dentro do prazo estabelecido de execução. E em 2017, os moradores da Região Metropolitana poderão contar também com o Park Shopping Canoas. Atualmente, o empreendimento da Multiplan está com 72% da ABL comercializada. Serão 275 lojas ao todo. De acordo com a assessoria de imprensa do grupo, a crise interferiu na diminuição da velocidade das locações, mas os negócios não foram interrompidos. Ainda assim, "a situação econômica é um fator que preocupa, principalmente no curto prazo", informa nota da empresa. Também para 2017, estão previstas inaugurações do Praça Nova Santa Maria (em Santa Maria) e do Passo Fundo Shopping (em Passo Fundo).