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Economia

- Publicada em 30 de Dezembro de 2015 às 21:54

Recessão é barreira para acessar crédito do Bndes

Sindicato do setor afirma que a agricultura quebrou com o uso de taxas variáveis; vendas serão desafio

Sindicato do setor afirma que a agricultura quebrou com o uso de taxas variáveis; vendas serão desafio


ANTONIO PAZ/JC
Patrícia Comunello
Economia em recessão e baixa confiança das empresas e produtores primários devem ser os maiores obstáculos a busca de crédito para investimento em 2016. Essa é a percepção de setores produtivos, especialistas e bancos para o impacto das novas condições de contratação de crédito junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes).
Economia em recessão e baixa confiança das empresas e produtores primários devem ser os maiores obstáculos a busca de crédito para investimento em 2016. Essa é a percepção de setores produtivos, especialistas e bancos para o impacto das novas condições de contratação de crédito junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes).
Mesmo que o ramo de máquinas agrícolas tenha reagido negativamente ao padrão de correção que vigorará no próximo ano - Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) - na atualização dos valores) o consenso é que o ânimo para buscar recursos para investimento continuará em baixa, seguindo o ambiente de retração de 2015.
O banco federal, que virou o maior caixa para aportes na área produtiva no mercado brasileiro desde 2011 e com ápice entre 2012 e 2013, ampliou percentuais de cobertura do Finame (50% para 70% a grandes negócios, e de 70% a 80% para micro, pequenos e médicos empreendimentos). Além disso, sacramentou os juros que podem ficar um pouco acima de 10% ao ano (7,5% de TJLP, 1,5% de spread do Bndes e 0,5% da intermediação de outros agentes).
Confrontando com o PSI de 9,5% em 2015 e que foi extinto a partir de 2016, as novas condições não parecem ser das piores, avaliou o vice-presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) para o Estado, Hernani Cauduro.
"É bem melhor que os 15% que chegaram a cogitar, mas é insuficiente para estimular investimentos. O cenário não estimula, há muita incerteza, tem impeachment, Lava Jato", listou Cauduro, cujo setor fecha o ano com recuo de 15% em receitas e corte de mais de 30 mil vagas formais no País. "A crise impede enxergar um cenário de longo prazo, que é o que precisa para compra de máquinas", traduziu o dirigente. O quadro é mais adverso pelo prolongamento do desinvestimento, qualifica o dirigente do ramo industrial que está ligado aos chamados bens de capital. Cauduro adverte que o Brasil ingressará no quarto ano de recuo. "Antes o câmbio valorizado prejudicava nossa indústria, agora até a importação cai (dólar mais alto). Isso é muito ruim", conclui o vice-presidente da Abimaq.
O presidente do Sindicato da Indústria de Máquinas e Implementos Agrícolas (Simers), Cláudio Bier, reagiu forte ao saber que a TJLP estaria voltando à vida dos agricultores. "A gente começa o ano com pé esquerdo. É um banho de água fria", confessou Bier. Segundo o dirigente do Simers, a TJLP é um trauma na história recente dos produtores primários. A variação, no período de inflação alta, levou a endividamento e incapacidade de pagar dívidas. "A agricultura quebrou com as taxas variáveis. Vai ser muito difícil vender com esta correção", antevê o industrial. Bier avisa que o setor deve se mobilizar para pressionar o governo a rever essa regra, baixada pelo Bndes. O presidente do sindicato de máquinas agrícolas alega que o temor da variação da taxa, enquanto os preços de grãos e outros produtos primários não são definidos pelos produtores.
O Bndes vive o enxugamento de recursos (com o ajuste fiscal e torneiras fechadas do Tesouro Nacional) e ainda contenção da liberação. O segundo semestre foi de incerteza, com linhas do Plano Safra 2015/2016 trancadas e condições e aportes sujeitos a revisões, observam Cauduro e Bier. Como o aporte do Plano Safra não atende toda a demanda, o Finame vira alternativa. "O aspecto positivo é que aumentou a faixa de cobertura", rende-se Bier. Cauduro não vê como muito problemática a adoção da TJLP, pois a taxa tem ficado estável.
O ramo de máquinas agrícolas, com 60% da fabricação no Estado, registra queda de 34% no volume vendido até novembro. Serão dois anos seguidos de recuos. Os anos de 2012 e 2013 forma de boom do setor, com demanda influenciada pela oferta de crédito com juros de 2,5% a 4,5% ao ano, taxas negativas frente a uma inflação acima desses patamares. "As fábricas não davam conta das encomendas", recorda o dirigente do Simers. Bier avalia que um efeito da queda de investimentos, que deve se repetir em 2016, é que produtores devem preferir reformar equipamentos que arriscar contraindo mais financiamento.
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