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Varejo

- Publicada em 30 de Dezembro de 2015 às 21:37

Filiais do Nacional fecham em meio a grande tumulto

Na unidade da Francisco Trein, clientes foram atendidos com senhas

Na unidade da Francisco Trein, clientes foram atendidos com senhas


fotos JOÃO MATTOS/JC
Na terça-feira, a auxiliar de enfermagem Alair Simão saiu do Supermercado Nacional da avenida Francisco Trein, às 18h38min, levando nas sacolas carnes - entre costelas bovinas, coxa de frango e bife de fígado - pela metade do preço. Saiu da loja com a sacola cheia e a promessa de que no dia seguinte não só produtos perecíveis seriam vendidos pela metade do preço, como todos os produtos da loja.
Na terça-feira, a auxiliar de enfermagem Alair Simão saiu do Supermercado Nacional da avenida Francisco Trein, às 18h38min, levando nas sacolas carnes - entre costelas bovinas, coxa de frango e bife de fígado - pela metade do preço. Saiu da loja com a sacola cheia e a promessa de que no dia seguinte não só produtos perecíveis seriam vendidos pela metade do preço, como todos os produtos da loja.
Ainda era madrugada quando ela voltou ao local na quarta-feira, por volta das 5h, para esperar a abertura da loja. A auxiliar de enfermagem deixou o estabelecimento apenas às 15h20min, com produtos adquiridos por valores atrativos, como um pacote de salame fatiado a R$ 2,50 e postas de salmão por R$ 7,00, mas não era o que esperava. "Ontem, o gerente falou que todos os produtos da loja seriam vendidos com 50% de desconto", reclama. Como ela, outros clientes se aglomeravam na entrada da loja no início da tarde desta quarta-feira. A informação desencontrada gerou confusão que precisou ser contida pela Brigada Militar no período da manhã. Depois do tumulto, a loja distribuiu senhas e controlou a entrada dos clientes. Só permaneciam no interior do estabelecimento 10 consumidores por vez.
Do lado de fora, os que aguardavam se queixavam da situação e tentavam conferir com os consumidores que saiam com carrinhos de compras e sacolas o que estava em promoção. Todos confirmavam o que os demais já sabiam: apenas produtos perecíveis, como congelados, iogurtes e outros itens resfriados, estavam com preços reduzidos. Outra consumidora que chegou cedo à loja, Muriel Muraro, aguardava desde às 9h. Passava de 15h30min e a senha dela ainda não havia sido chamada. "Não duvido que não remarcaram  o preço para mais quando fecharam as portas depois do tumulto", comentou.
Dentro da loja, dois agentes do Procon acompanhavam as operações desde o início da tarde. Estavam ali para garantir que o acordo firmado entre o órgão, a empresa e a Brigada Militar seria cumprido. O combinado era que seria garantido aos clientes a aquisição de produtos perecíveis com desconto. Embora o trato estivesse sendo cumprido, como relataram os agentes, os consumidores que ainda assim se sentirem prejudicados podem recorrer ao Procon.
No dia em que fecharia as portas, a loja não parecia trazer saudosismo ou representar uma perda significativa para os clientes que compareceram ao último dia de operações. "Já devia ter fechado há muito tempo", concluiu Alair. Instalado em frente ao Grupo Hospitalar Conceição, o local vai fazer falta para os funcionários do hospital, ponderou Muriel. As declarações dela foram interrompidas por uma consumidora que, inconformada com o reduzido número de produtos ofertados, escancarou a porta da loja e vociferou: "é tudo enganação".
A exclamação efusiva, que aparentemente resultaria na invasão do supermercado, foi seguida da concordância dos que continuavam esperando para entrar. Perto dali, no Supermercado Nacional da avenida Plínio Brasil Milano, a situação estava mais controlada. Clientes não precisavam de senhas para entrar, mas enfrentavam filas de três horas nos caixas. "Valeu a pena esperar", disse um comprador mostrando dois carrinhos cheios de compras.
Lá a disputa também era pelos produtos perecíveis, mas um funcionário comentou que artigos de bazar também estavam com preços reduzidos. Ele não soube precisar porque a loja estava fechando, disse apenas que era uma estratégia da empresa. Outro confirmou que a loja tinha um custo alto de manutenção e mencionou que o aluguel do prédio é elevado. A operação da avenida Plínio Brasil Milano foi aberta em 2009. Enquanto falava com a reportagem do Jornal do Comércio, o funcionário ordenou o cerramento das portas da loja e confirmou que as outras cinco lojas da rede em Porto Alegre também seriam fechadas naquele mesmo horário. Era por volta das 16h, uma hora antes do que a empresa havia anunciado, mais uma informação divulgada que não se confirmou. O término das operações das outras quatro lojas em Porto Alegre (Venâncio Aires, Protásio Alves, Francisco Trein e Miguel Tostes) foi, da mesma forma, truncado.

Walmart cria alternativas e diz que funcionários poderão ser realocados em outras unidades do grupo

Na unidade da Francisco Trein, clientes foram atendidos com senhas

Na unidade da Francisco Trein, clientes foram atendidos com senhas


fotos JOÃO MATTOS/JC
Por volta das 15h30min, o Nacional localizado na avenida Plínio Brasil Milano estava repleto de compradores que se aglomeravam ao redor de funcionários que abasteciam as seções de carnes e congelados de produtos em oferta. Perecíveis, esses itens tinham seus preços consultados de imediato pelos empregados, munidos de um leitor de código de barras portátil e de muita boa vontade para responder a cada um dos clientes que os rodeavam.
Entre peças de carnes que iam e vinham, ele conversou brevemente com a reportagem do Jornal do Comércio, sem se identificar, enquanto realizava o trabalho que, embora não parecesse extenuante, era, sem dúvida, bastante cansativo diante do tumulto, das perguntas intermináveis e das tarefas que se sobrepunham.
"Nem todos serão demitidos. A empresa ofereceu opção para os que quiserem sair se manifestarem. Os demais poderão ser aproveitados em outras lojas", comentou, dizendo que, por conta disso, os funcionários estavam tranquilos. Por nota, o grupo Walmart assegurou que não irá fazer demissões. "Estamos oferecendo a possibilidade de transferência para todos os funcionários que têm interesse em continuar trabalhando em outras lojas e, quando não houver interesse, oferecemos apoio para recolocação profissional", cita o documento. O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, confirmou a informação. Ele se reuniu com o presidente do Walmart no Brasil, Guilherme Loureiro, para tratar da situação. "O compromisso da rede conosco é de que nenhum trabalhador será demitido", confirma. "Esses funcionários serão absorvidos por outras unidades do Walmart. Os que não concordarem com a transferência serão demitidos, mas receberão curso de capacitação."
O grupo Walmart, controlador da marca Nacional, justificou que, "por conta do atual ambiente econômico no Brasil, a empresa tomou a decisão de fechar algumas unidades com baixo desempenho". Uma ordem da matriz americana, que começou a ser cumprida na terça-feira, acarretará o fechamento de cerca de 30 lojas da rede Walmart no Brasil até o início de janeiro - o equivalente a 5% do total de unidades no País. Além das cinco lojas do Nacional fechadas em Porto Alegre, unidades de outras bandeiras encerraram operações em Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Alagoas, São Paulo e Mato Grosso do Sul.