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Consumo

- Publicada em 22 de Dezembro de 2015 às 17:42

Taxa de juros do cartão bate 415,3% ao ano, diz BC

Black Friday pode ter aumentado gastos com cartões, explicou Maciel

Black Friday pode ter aumentado gastos com cartões, explicou Maciel


MARCELO G. RIBEIRO/JC
A taxa de juros do cartão de crédito segue em disparada e bateu 415,3% ao ano no rotativo em novembro, alta de 10,1 pontos percentuais (pp) em relação a outubro e de 83,7 pp no acumulado do ano, segundo relatório do Banco Central (BC). Quando se considera o pagamento parcelado do cartão e à vista, o percentual médio subiu para 99% por ano - o patamar mais elevado da série histórica do BC, iniciada em março de 2011.
A taxa de juros do cartão de crédito segue em disparada e bateu 415,3% ao ano no rotativo em novembro, alta de 10,1 pontos percentuais (pp) em relação a outubro e de 83,7 pp no acumulado do ano, segundo relatório do Banco Central (BC). Quando se considera o pagamento parcelado do cartão e à vista, o percentual médio subiu para 99% por ano - o patamar mais elevado da série histórica do BC, iniciada em março de 2011.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, avaliou que a Black Friday e a greve mais longa dos bancários neste ano podem ter feito o uso do cartão de crédito aumentar em novembro. Ele explicou, no entanto, que não há dados que possam medir efetivamente esse comportamento.
O custo do cheque especial também subiu e atingiu 284,8% ao ano, uma alta de 6,7 pontos percentuais (pp) entre outubro e novembro e de 93 pp em 12 meses. É a maior taxa desde maio de 1995, quando era de 286,2%, de acordo com o BC. Já a taxa do crédito pessoal ficou em 120,4% ao mês, caindo em relação a outubro, mas com alta de 18,5 pp em um ano.
Apesar disso, os juros dos empréstimos concedidos a pessoas físicas e jurídicas, com recursos livres e direcionados, ficaram praticamente estáveis em novembro, em 30,4% ao ano (pequena redução de 0,1 ponto percentual na comparação com o mês anterior). Já a taxa de inadimplência subiu 0,1 pp, atingindo 3,3%. Entre janeiro e novembro, os juros subiram em média 6,7% pp e o volume de crédito na economia somou R$ 3,176 trilhões - alta de 5,3% em relação ao mesmo período de 2014.
Os dados do BC mostram que, apesar da expansão das operações de crédito, o volume dos empréstimos está se desacelerando devido à queda na atividade econômica, ao endividamento das famílias, que sofrem com perda na renda e desemprego. Diante disso, o BC revisou a expansão do crédito de 9% para 7% em 2015 e manteve este patamar no próximo ano - quando o País estará sob o comando da nova equipe econômica.
"A desaceleração do crédito se deve principalmente à atividade econômica. Isso acaba refletindo em várias modalidades. Do lado das famílias, é uma tendência que já ocorre há algum tempo. De certa forma, o crédito habitacional ganhou espaço, houve ampliação do comprometimento de renda com o crédito habitacional. Claro que o mercado de trabalho se expandindo em ritmo menor é outro fator que contribuiu para essa moderação do crédito às famílias", disse Maciel.
O relatório do BC mostra que os financiamentos de veículos estão despencando, com queda de 11,4% no ano. No mesmo período de 2014, o recuo era de 4,5%. Também há uma desaceleração do crédito imobiliário, devido à piora nas condições de financiamento. Os financiamentos habitacionais subiram 14,6% no ano, a metade do percentual de alta registrado no mesmo período de 2014, que era de 28%.

Endividamento volta a crescer e chega a mais de 60% das famílias

Após dois meses seguidos de queda na comparação mensal, o nível de endividamento dos brasileiros voltou a crescer em dezembro atingindo 61,1% das famílias - resultado 0,1 ponto percentual superior aos 61% do nível de endividamento registrado em novembro e 1,8 ponto percentual superior ao de novembro de 2014. A constatação é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que divulgou ontem o resultado da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
Segundo a CNC, apesar da sazonalidade favorável do período, com o recebimento do 13º salário, todos os componentes da pesquisa apresentaram alta, aumentando a proporção das famílias que relataram ter dívidas com cheques pré-datado e especial, cartão de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal e prestação de carro e seguro.
A piora nos indicadores de endividamento e inadimplência ocorreu, segundo a economista da CNC Marianne Hansen, mesmo com a retração do consumo. "Observamos uma retração nos indicadores de consumo das famílias, sobretudo em relação aos bens duráveis, porém o aumento das taxas de juros e a redução do emprego e da renda real dos consumidores motivaram a piora nos indicadores de endividamento e inadimplência."
A pesquisa mostra que 78,3% dos 18 mil entrevistados em todas as capitais e no Distrito Federal apontaram o cartão de crédito como o principal tipo de dívida. O tempo médio de atraso com qualquer tipo de contas ou dívidas foi de 62,5 dias. Uma parcela de 26,5% das famílias afirmou ter mais da metade da renda mensal comprometida com o pagamento de dívidas.