O presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, encaminhou ontem ao Conselho Estadual do Leite (Conseleite) pedido para que o preço de referência da entidade, calculado mensalmente, seja transformado em preço mínimo do leite no Rio Grande do Sul e que, com isso, ninguém possa pagar ao produtor um valor inferior. A proposta, explica o dirigente, foi levada ao Conseleite e será pauta na próxima reunião da entidade, agendada para o dia 19 de janeiro.
"A Fetag entende que não pode existir três valores, mas sim um mínimo e a partir dele ocorra as bonificações das indústrias. Hoje, as empresas grandes buscam produtores fortes e pagam mais, em detrimento dos pequenos, que acabam sendo alijados do processo. Queremos evitar que milhares de produtores saiam do processo produtivo", justificou Silva. O preço de referência do litro de leite para o mês de dezembro ficou em R$ 0,8405 (padrão); R$ 0,7565 (abaixo do padrão) e R$ 0,9666 (acima do padrão).
Balanço anual divulgado ontem pelo Conselho Paritário do Leite (Conseleite) indica que 2015 foi de retração de preços e dificuldade ao produtor e à indústria. Em valores corrigidos pelo IPCA, o preço do litro do leite referência caiu 8,5% no último ano, passando de R$ 0,9286, em 2014, para R$ 0,8492, em 2015. A redução é ainda mais expressiva se levar em conta o valor de 2013, quando o leite valia R$ 0,9837. O presidente do Conseleite, Jorge Rodrigues, ponderou que a situação é ainda mais delicada em função do aumento expressivo de custos verificado ao longo deste ano, o que foi impulsionado pela valorização do dólar.
Em relação, especificamente, a dezembro de 2015, o Conseleite projeta leve queda de 1,33% no preço do leite, refletindo a tradicional redução de final de ano. Segundo o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, anualmente o preço tende a cair nessa época do ano. "É quando o comércio está mais focado em comprar produtos festivos", pontuou.
A análise dos dados também permite constatar o aumento da produção de leite em pó nas indústrias do Rio Grande do Sul. Em 2015, o produto absorveu 35,23% do leite captado no Estado, valor que, em 2008, era de apenas 10%. Por outro lado, houve uma redução da fatia de leite UHT, que passou de 60% (em 2008) para 49,4% (em 2015). "O leite em pó se pode estocar. Dá uma vida maior ao mercado", ponderou Rodrigues.