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Conjuntura

- Publicada em 16 de Dezembro de 2015 às 22:04

Fitch retira o grau de investimento do Brasil

A agência de classificação de risco Fitch Ratings retirou o grau de investimento do Brasil, com rebaixamento da nota soberana do País. O grau de investimento é conferido a países considerados bons pagadores e seguros para investir. A nota do Brasil passou de BBB- para BB .
A agência de classificação de risco Fitch Ratings retirou o grau de investimento do Brasil, com rebaixamento da nota soberana do País. O grau de investimento é conferido a países considerados bons pagadores e seguros para investir. A nota do Brasil passou de BBB- para BB .
Além de rebaixar, a Fitch colocou o Brasil em perspectiva negativa. Essa é a segunda agência de classificação de risco a retirar o grau de investimento do Brasil. Em setembro, a Standard & Poor's (S&P) já havia reduzido a nota de crédito do Brasil, com perspectiva negativa.
Quando duas agências retiram o grau de investimento, fundos estrangeiros têm que retirar recursos aplicados no país. A classificação de risco por agências estrangeiras representa uma medida de confiança dos investidores internacionais na economia de determinado país. As notas servem como referência para os juros dos títulos públicos, que representam o custo para o governo pegar dinheiro emprestado dos investidores. As agências também atribuem notas aos títulos que empresas emitem no mercado financeiro, avaliando a capacidade de as companhias honrarem os compromissos.
O grau de investimento funciona como um atestado de que os países não correm risco de dar calote na dívida pública. Abaixo dessa categoria, está o grau especulativo, cuja probabilidade de deixar de pagar a dívida pública sobe à medida que a nota diminui. Quando um país dá calote, os títulos passam a ser considerados como de lixo. O mesmo vale para as empresas.
As agências mais conceituadas pelo mercado são a Fitch, a Moody's e a Standard & Poor's, que periodicamente mandam técnicos aos países avaliados para analisarem as condições da economia. Uma avaliação positiva faz um país e suas empresas levantarem recursos no mercado internacional com custos menores e melhores condições de pagamento.
Da mesma forma, uma boa classificação atrai investimentos estrangeiros ao país. Fundos de pensão estrangeiros investem apenas em países com grau de investimento concedido por pelo menos duas agências de risco.

Agora temos que defender o Brasil, diz Joaquim Levy

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, avaliou que a perda do grau de investimento do Brasil é séria e o País precisa agir para reverter o quadro com medidas de defesa. Ele cobrou do Congresso a aprovação de propostas que possam ajudar a recuperar receitas.
"A resposta a um episódio desses é tomarmos as medidas de defesa do Brasil. Temos agora que votar o que temos que votar, ter as receitas que precisamos para dar segurança a todo mundo", disse.
"O rebaixamento indica que nem tudo o que a gente tem tentado fazer tem conseguido no passo necessário, até porque a atenção de alguns tem se desviado para questões diversas que não têm necessariamente ligação com as medidas econômicas que temos que tomar", disse.
Levy se reuniu rapidamente com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pela manhã. De acordo com o ministro, o encontro foi pedido por ele para tratar da votação de pautas importantes para o governo ainda em 2015.
O Palácio do Planalto recebeu sem surpresas a notícia do rebaixamento e acredita que há possibilidades de a situação ser recuperada nos próximos três meses. A avaliação interna do governo é de que o rebaixamento não deixa de ser ruim, mas já era esperado devido à turbulência política no Congresso Nacional após a aceitação do pedido de abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
"Quem tinha que tirar dinheiro do País já tirou", analisou um dos interlocutores do Planalto. O obstáculo do governo agora é trabalhar para implantar outras medidas econômicas com o objetivo de não ver a nota rebaixada também pela Moody's.

Para economistas, medida reflete incertezas e aprofunda crise

Para o professor Luiz Carlos Prado, do Instituto de Economia da UFRJ, o rebaixamento da nota de crédito do Brasil é reflexo do atual cenário de incertezas políticas e econômicas e contribuiu para aprofundar ainda mais a crise. O economista Alberto Ramos, do banco Goldman Sachs, acredita ser bastante provável que o Brasil também perca o grau de investimento junto à agência Moody's, que no último dia 9 colocou a nota do Brasil em revisão para rebaixamento.
"Diante da atual situação, é irrelevante dizer o que deve ser feito com relação às políticas econômicas, pois o cenário não permite mudanças bruscas. O que precisa acontecer são as forças políticas da situação e da oposição acordarem pontos mínimos sobre orçamento, gastos públicos e investimentos, para que, em meio à crise, se continue operando a economia brasileira. Essa paralisação na tomada de decisão aliada a um cenário econômico internacional adverso é o que preocupa", analisa Prado.
O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, avalia que o rebaixamento da nota de crédito brasileira pela segunda agência de classificação de risco combinado com os rumores de mercado sobre uma possível saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pressiona o Planalto e a classe política em geral a parar e reorganizar as bases da economia.

Com rebaixamento, fundos globais podem tirar US$ 8 bilhões do País

A decisão da Fitch de rebaixar o Brasil para grau especulativo aciona uma regra de boa parte dos grandes fundos globais de investimento, que podem tirar mais de US$ 8 bilhões do País. Isso acontece, porque muitos fundos só podem investir em mercados que têm o selo de bom pagador de duas agências de classificação - condição perdida pelo Brasil.
A avaliação, porém, varia bastante, uma vez que a maioria dos gestores já se antecipou, e há divergência sobre a posição restante em ativos brasileiros. Dados do JP Morgan indicavam, por exemplo, que os fundos passivos - aqueles em que as posições são desfeitas só depois de ratificada a segunda perda do grau de investimento, como ocorreu nesta quarta-feira - detinham US$ 1,5 bilhão em papéis do Brasil.