O novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, também formalizou ontem a retirada de impostos à exportação de trigo, milho, girassol e carne bovina, além da redução do percentual cobrado sobre a venda de soja dos atuais 35% do faturamento para 30%.
Macri escolheu nada menos do que a cidade de Pergamino, na província de Buenos Aires, para o anúncio. Foi nesta localidade que eclodiram os primeiros protestos do setor rural contra o governo de Cristina Kirchner, em 2008, quando foram anunciados estes impostos.
Lançados em um momento em que o problema da Argentina era o excesso de dólares - o que pressionava por uma valorização do peso - estes impostos permaneceram mesmo quando a onda virou, como forma de financiar o aumento dos gastos públicos ocorridos na gestão de Cristina. Sobretaxados, os produtores abandonaram cultivos menos rentáveis, como o trigo e a produção de carne, e concentraram-se na soja, sobre a qual os elevados preços internacionais compensavam a tributação.
Com a mudança, o governo espera que o setor venda parte da última safra, que ficou estocada à espera da troca de governo. Estimativas dão aconta de que possa haver entre US$ 8 bilhões e US$ 11 bilhões em grãos guardados por produtores. Isso ajudaria o novo governo a lidar com a severa escassez de dólares, que provocou a criação de barreiras às importações na Argentina e estancou a economia.
"Não é o campo ou a indústria, nem o campo ou o país; é o campo, a indústria e o país. Porque, sem o campo, o país não vai adiante. Eu sei que aqui há um maravilhoso espírito empreendedor", disse Macri, fazendo referência aos slogans de confrontação do kirchnerismo.