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Comércio Exterior

- Publicada em 13 de Dezembro de 2015 às 17:21

Saldo comercial deve dobrar em 2016

Queda intensa das importações vai contribuir para resultado positivo

Queda intensa das importações vai contribuir para resultado positivo


WERTHER SANTANA/AE/JC
O superávit comercial deverá dobrar no ano que vem. Embora o aumento pareça positivo, ele esconde uma realidade perversa: o saldo tende a ser construído mais pela queda intensa das importações do que pelo aumento expressivo das exportações.
O superávit comercial deverá dobrar no ano que vem. Embora o aumento pareça positivo, ele esconde uma realidade perversa: o saldo tende a ser construído mais pela queda intensa das importações do que pelo aumento expressivo das exportações.
Nas previsões dos analistas consultados pelo relatório Focus, organizado pelo Banco Central, o superávit do comércio brasileiro deverá aumentar de US$ 15 bilhões para US$ 31 bilhões entre 2015 e 2016. O quadro, portanto, deverá repetir o cenário deste ano. As importações estão diminuindo e deverão continuar nessa trajetória por causa da recessão brasileira, a mais intensa desde 1990. Em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá recuar quase 4% e, no ano que vem, a queda estimada é de 3%. Com o recuo na atividade, a demanda por produtos importados, sobretudo os manufaturados, diminui.
"A recessão vai continuar, a inadimplência e o desemprego vão subir", afirma José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "Com todo esse cenário, a demanda deve cair", diz. Entre janeiro e novembro, as importações recuaram 23,1%, na comparação com o mesmo período do ano passado.
As exportações brasileiras também estão em queda, e não deverão se recuperar com força no ano que vem - neste ano, o recuo será de 14,9%. O País tem sofrido com a menor cotação das commodities - 46% da pauta de exportação brasileira é de produtos básicos.
"No ano que vem, os preços das exportações ainda devem estar em baixa. Se houver uma recuperação não será nada substancial", afirma Gabriela Szini, economista da Tendências Consultoria Integrada. "O que deve conduzir a melhora no resultado da balança de 2016 é fundamentalmente o desempenho das importações e o aumento do quantum (quantidade) de exportação", diz. Na projeção da Tendências, o saldo comercial será positivo em US$ 16 bilhões, em 2015, e chegará a US$ 33 bilhões no ano que vem.
O quadro da exportação é crítico, porque os três principais produtos básicos brasileiros comercializados - minério, soja e óleo bruto de petróleo - estão com forte queda nos preços. Um levantamento da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) mostra que, entre janeiro e novembro de 2014, o montante obtido com esses produtos foi de R$ 61,9 bilhões. Neste ano, ela é de R$ 44,4 bilhões.
Em 2015, a maior retração no valor dos produtos foi apurada no óleo bruto de petróleo (48,5%), seguido pelo minério de ferro (23,4%) e soja (23,4%). "O Brasil fica atrelado a um preço de mercado, negociado em bolsa", diz Daiane Santos, economista da Funcex. "O total exportado está caindo muito, porque a queda dos preços desses três produtos foi muito acima da média", afirma Daiane.
A redução no preço dos produtos básicos pode ser explicada pela desaceleração da China, grande demandante de commodities. O crescimento da economia chinesa deverá ficar em 7% neste ano, abaixo do resultado apurado em anos passados.
O gigante asiático também enfrenta um processo de transição: o modelo de crescimento deixou de ter como base a construção civil e a indústria e passou para o setor de serviços. No caso do minério de ferro e do petróleo, o novo patamar dos preços também reflete o aumento da oferta em relação à demanda global.
As exportações brasileiras de manufaturados também não reagiram como se esperava com a valorização do dólar ante o real - neste ano, o avanço da moeda americana é de 45,91%. Entre janeiro e novembro, os embarques de manufaturados recuaram 9,8% na comparação com o mesmo período de 2014.
"Em 2016, deve ocorrer alguma recuperação da exportação de manufaturados, mas nada excepcional", diz Castro, da AEB. "Será uma surpresa se ocorrer uma mudança excepcional."
Na projeção dos analistas, no ano que vem, a economia brasileira deverá ter uma nova redução na corrente de comércio - soma entre as importações e exportação e um indicador de como está o desempenho da atividade econômica. Em 2015, os dados até novembro mostram que a corrente de comércio foi de US$ 335,3 bilhões, o resultado mais baixo desde 2009.

Brasil vai enviar 900 missões comerciais ao exterior de janeiro a março, diz presidente da Apex

O presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), David Barioni Neto, anunciou que, entre janeiro e março do próximo ano, estão previstas 900 missões comerciais para a apresentação de produtos brasileiros em eventos no exterior.
Com o mercado interno mais retraído, o dirigente acredita que as exportações ficarão mais estimuladas e poderão ser o caminho para a retomada do crescimento econômico. "Vamos investir muito em promoção comercial porque precisamos vender, e quem precisa vender tem que gastar sola de sapato", disse Barioni ao divulgar o balanço das atividades da Apex no acumulado de janeiro a novembro deste ano.
Os dados mostram que, apesar de um crescimento de 14,8% no total de empresas apoiadas pela Apex, somando 12.212 companhias, as exportações caíram 3,1% em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo US$ 55,1 bilhões. Essa queda foi atribuída por Barioni Neto à desvalorização das commodities.
Barioni explicou que, entre as empresas não apoiadas pela Apex, o recuo foi mais acentuado, 16%. Mais da metade das vendas, 54,3%, equivalente a uma movimentação de US$ 29,9 bilhões, concentrou-se em 10 destinos liderados pela China, com participação de 16,2% e volume financeiro de US$ 8,9 bilhões.
Os Estados Unidos ocuparam o segundo lugar, com 12,6% e US$ 6,9 bilhões. Em seguida, estão: Países Baixos (5% e
US$ 2,7 bilhões); Argentina (3,8% e US$ 2 bilhões); Arábia Saudita (3,4% e US$ 1,9 bilhão); Venezuela (2,8% e US$ 1,6 bilhão); Hong Kong (2,8% e US$ 1,53 bilhão); Japão (2,7% e US$ 1,5 bilhão); Rússia (2,7% e US$ 1,46 bilhão) e o Egito (2,3% e US$ 1,25 bilhão).
Neste ano, a Apex promoveu a participação de 84 setores em 886 eventos, principalmente, nos Estados Unidos, França, Colômbia e Alemanha. Entre os setores com maior aumento em relação a 2014 estão o de arte contemporânea, com alta de 115,4%; cafés especiais (47%); produtos farmacêuticos (35,2%); veículos e suas partes (7,75%); e aeroespacial (7%).
Por meio das negociações intermediadas pela Apex, cinco empresas conseguiram parcerias para investimentos que alcançaram R$ 518 milhões. De acordo com o Plano Nacional de Exportações da agência que procura detectar novos nichos de mercado, existem chances de vendas para 32 países com negócios estimados em US$ 600 bilhões.
No período de 2016 a 2019, a previsão é de que as exportações cresçam em torno de 14% para a Venezuela e os Emirados Árabes. A estimativa aponta ainda alta entre 9% e 14% para a Rússia, China, Turquia, Irã, Índia, Austrália, Paraguai, Bolívia, México, Uruguai e Nigéria.
O presidente da Apex afirmou que, para atingir as metas de expansão da presença dos produtos brasileiros no exterior, a Apex planeja capacitar 6 mil empresas lideradas por mulheres. A política de incentivos inclui ainda investimentos na capacitação de universitários e atendimento, em especial, aos setores de engenharia, de biotecnologia e de implementos rodoviários: "Estamos focando nas exportações de serviços de engenharia; de biotecnologia, incluindo de vacinas a enzimas de alimentos; e implementos rodoviários, como produção de chassis", disse Barioni Neto.