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Comércio Exterior

- Publicada em 10 de Dezembro de 2015 às 17:31

Brasil e Argentina devem retomar comércio

Medidas protecionistas do país vizinho prejudicaram vários setores, como a indústria de automóveis

Medidas protecionistas do país vizinho prejudicaram vários setores, como a indústria de automóveis


ANTONIO SCORZA/AFP/JC
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro, disse, nesta quinta-feira, durante evento em São Paulo, que aguarda a extinção das medidas protecionistas impostas pelo governo argentino nos últimos anos. Segundo ele, o presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, se comprometeu a suspender todas barreiras sobre a importação e as restrições sobre as exportações do país.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro, disse, nesta quinta-feira, durante evento em São Paulo, que aguarda a extinção das medidas protecionistas impostas pelo governo argentino nos últimos anos. Segundo ele, o presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, se comprometeu a suspender todas barreiras sobre a importação e as restrições sobre as exportações do país.
"Vamos ter a compreensão de que o presidente Macri já disse que as licenças serão suspensas, mas a Argentina tem problemas cambiais. Portanto, não é algo que resolve apenas pela vontade do presidente. Há um problema do fluxo de divisas e por isso afeta o comércio. Mas nós confiamos que a Argentina vai promover os ajustes em sua economia para que possamos ter um comércio mais fluído e mais revitalizado", disse Monteiro. "O que nós esperamos é que o Brasil e a Argentina reequilibrem as suas economias para que, a partir dessa nova realidade, a gente possa expandir o nosso comércio revitalizando-o, porque somos parceiros estratégicos."
Ao longo dos últimos anos, o governo argentino adotou medidas protecionistas, entre as quais as licenças não automáticas (que, nos últimos anos, implicaram demoras de até seis meses para a liberação das mercadorias), medidas antidumping e a imposição de cotas aos empresários brasileiros que exportam para a Argentina (denominadas com o eufemismo de "acordos voluntários"). Até novembro deste ano, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), a corrente de comércio entre os dois países já caiu 17,7%, resultado que inclui todos os setores, inclusive de automóveis, linha branca e alimentos.
Segundo o ministro, com a posse do novo presidente argentino, o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) deve, finalmente, sair do papel depois de mais de 15 anos de discussão. Monteiro acredita que a troca de ofertas entre os blocos deverá acontecer, no mais tardar, no início do ano que vem.
"Acredito que neste ano devemos realizar as trocas de ofertas com a União Europeia, se não no início do ano que vem. Ocorreu uma reunião importante na semana passada dos 27 ministros da UE, e o resultado é que 22 países defenderam o acordo por entender que ele é prioritário. Portanto, há já um consenso, nossa oferta já está pronta e já estamos prontos para iniciar o processo. É uma coisa residual de países que tem uma posição mais defensiva na área agrícola", afirmou.
Monteiro também destacou que o Brasil tem uma série de problemas sistêmicos que não podem ser resolvidos no curto prazo e que, apesar de o câmbio representar, hoje, uma janela de oportunidade para os exportadores, não é este fator que dará competitividade sustentável de longo prazo para a economia do País. "Precisamos estruturar uma agência de crédito especializada para exportação. O Brasil se ressente disso", disse.
O ministro reconheceu que o País tem deficiências de infraestrutura, precisa promover uma integração mais rápida a acordos internacionais, revisão da estrutura tarifária e articulação a cadeias globais de valor. "Portanto, nós temos muito o que fazer. O Brasil ainda tem um grau de introversão muito grande para os padrões internacionais", ponderou Monteiro. Segundo ele, o Brasil exporta 10% do PIB, o que é pouco para os padrões internacionais.

Exportações de empresas apoiadas pela Apex registram queda de 3,1% neste ano

As empresas brasileiras apoiadas pela Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) exportaram US$ 55,1 bilhões no acumulado do ano até novembro, queda de 3,1% em relação a igual período de 2014, informou, nesta quinta-feira, o presidente da agência, David Barioni Neto, em evento na capital paulista. Também houve, na mesma comparação, aumento de 14,8% no número de empresas atendidas, para 12.212.
Os 10 principais destinos representam mais da metade do total exportado, com US$ 29,9 bilhões no período. A primeira colocação é ocupada pela China, com
US$ 8,9 bilhões, o equivalente a uma fatia de 16,2%. Os Estados Unidos aparecem em seguida, com US$ 6,9 bilhões, ou 12,6%. Os demais países são, pela ordem, Países Baixos (5,0%), Argentina (3,8%), Arábia Saudita (3,4%), Venezuela (2,8%), Hong Kong (2,8%), Japão (2,7%), Rússia (2,7%) e Egito (2,3%). Entre os setores que mais cresceram suas exportações, estão produtos farmacêuticos, com avanço de 35,2% em 2015 sobre 2014, e veículos e autopeças, com expansão de 7%.
Em relação aos investimentos atraídos, cinco empresas brasileiras apoiadas pela Apex passaram a ter sócios internacionais em 2015. As parcerias resultaram na atração de R$ 518 milhões. Além disso, a agência conta 30 operações em que empresas brasileiras receberam R$ 10,015 bilhões em investimentos.
Os países que mais devem aumentar sua demanda por produtos brasileiros nos próximos três anos serão a Venezuela e os Emirados Árabes Unidos, prevê a Apex. Segundo projeção feita pela agência, a demanda dos dois países por itens produzidos no Brasil deve crescer pelo menos 14% entre 2016 e 2019. A previsão foi feita com base nas necessidades econômicas dos países em relação ao que o Brasil pode oferecer. A principal demanda da Venezuela, segundo a projeção, será por construção, serviços, alimentos e máquinas e equipamentos, enquanto os Emirados Árabes Unidos precisam mais de serviços, moda e alimentos.
A Apex apontou também um segundo grupo de países cuja demanda deverá aumentar entre 9% e 14%. São eles China, Índia, Coreia do Sul, Austrália, Irã, Rússia, Polônia, Nigéria, Turquia, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Um terceiro grupo, com expansão prevista de algo entre 6% e 9%, é formado por EUA, Canadá, Colômbia, Peru, Chile, Argentina, França, Alemanha, Egito, Arábia Saudita, Angola, África do Sul e Moçambique.

Atraso portuário equivale a imposto de 13% para exportador

O atraso no embarque de produtos nos portos brasileiros tem custo equivalente a um imposto adicional de 13% e, no caso dos importadores, de 14,2%. Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que, se estes atrasos fossem reduzidos em 40%, geraria uma economia de US$ 33 bilhões por ano, levando em conta os efeitos da burocracia.
A informação foi destacada pelo professor da Escola de Economia de São Paulo (EESP-FGV) Lucas Ferraz, durante evento. Segundo ele, no caso de produtos manufaturados, produzidos pela indústria, o atraso pode representar o custo de um imposto de cerca de 30% para os exportadores e importadores. "Um dia de atraso pode significar um gasto de 0,6% a 2,1% da carga comercializada, sendo 60% maior no caso de produtos manufaturados", disse.
Ferraz afirmou que, atualmente, metade do comércio global é feito dentro de blocos comerciais. Para que isso fosse possível, foi necessário um extenso processo de redução de tarifas alfandegárias, que teve início em 1947. "Outra pesquisa aponta que 85% dos ganhos possíveis com redução de tarifas de importação já foram obtidos", disse.