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Mercado de Capitais

- Publicada em 02 de Dezembro de 2015 às 20:11

André Esteves está fora do controle do BTG Pactual

Banqueiro agora assume a condição de acionista usual do mercado

Banqueiro agora assume a condição de acionista usual do mercado


ROGERIO CASSIMIRO/AFP/JC
O BTG Pactual informou ontem que o banqueiro André Esteves, preso desde a semana passada, deixou o controle da instituição financeira. A saída se deu por meio de uma troca de ações do banqueiro na holding que controla o banco por papéis comuns da instituição, fora do bloco de controle.
O BTG Pactual informou ontem que o banqueiro André Esteves, preso desde a semana passada, deixou o controle da instituição financeira. A saída se deu por meio de uma troca de ações do banqueiro na holding que controla o banco por papéis comuns da instituição, fora do bloco de controle.
Esteves detinha 28,8% da holding, que por sua vez tem 80% do BTG Pactual. Com o negócio, o banqueiro segue como um acionista, mas como qualquer outro que compra ações no mercado. Logo, não participa mais das decisões da instituição.
Com a mudança, os sócios Marcelo Kalim, Roberto Sallouti, Persio Arida, Antonio Carlos Porto Filho, James Marcos de Oliveira, Renato Monteiro dos Santos e Guilherme da Costa Paes passam a ser os principais controladores do BTG Pactual. A alteração de controle societário está sujeita à aprovação do Banco Central.
A BM&FBovespa informou que suspendeu as negociações com as units (conjunto de ações) do banco BTG Pactual até as 14h (de Brasília), enquanto aguarda esclarecimentos sobre a alteração. Esteves foi detido na semana passada sob a acusação de colaborar com uma trama para atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato em conjunto com Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo Dilma Rousseff no Senado. A saída do banqueiro começou a ser discutida pelos sócios no fim de semana com a possibilidade de que sua prisão fosse mantida.
Grandes investidores, especialmente os estrangeiros, têm regras que os impedem de manter recursos se houver acusações contra o banco. A permanência de Esteves na prisão poderia ser interpretada pelo mercado como sinal de que há mais evidências de seu envolvimento no escândalo da Lava Jato. No domingo, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, determinou que a prisão fosse prolongada, o que levou à renúncia de Esteves.

Banco vende rede D'Or para CIG por R$ 2,38 bilhões

O banco BTG Pactual e o BTG Pactual Participations informam que o grupo BTG Pactual vendeu sua participação na Rede D'Or São Luiz S.A. para o fundo soberano de Cingapura, o CIG, por R$ 2,38 bilhões. Em breve comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o banco informa que o fechamento do negócio está condicionado à aprovação da autoridade concorrencial competente.
O CIG entrou na Rede D'Or em maio, ao comprar por R$ 3,2 bilhões uma fatia de 16%, em uma venda em que tanto o BTG quanto os fundadores, a família Moll, se desfizeram de participação. O BTG havia comprado 25,6% da rede de hospitais em 2010 (por R$ 600 milhões), mas, com dificuldades em sua área de private equity, começou a se desfazer de participações no início do ano. Em abril, o banco já havia tido a participação diluída quando outro sócio, o fundo de private equity americano Carlyle, investiu R$ 1,75 bilhão na DOr e passou a ter 8,3% do negócio.
O Carlyle já teria manifestado interesse, nos últimos meses, em adquirir a participação do BTG no negócio, mas o CIG acabou saindo agora na frente por ter mais liquidez. O BTG tinha pressa em fechar o negócio, após a prisão de André Esteves no último dia 25, em uma nova fase da Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras. No mesmo dia, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) também foi preso, acusado de tentar obstruir as investigações da Polícia Federal. Ao fechar a operação, o BTG tenta mostrar ao mercado que está bem capitalizado e pode atravessar o período de turbulência provocado pela prisão de Esteves.

Papéis caíram pelo sexto pregão seguido e já perderam R$ 10,2 bi

As ações do BTG Pactual registram ontem seu sexto pregão consecutivo de queda desde a prisão de André Esteves, há uma semana. Os papéis registraram recuo de 1,48%, cotados a R$ 20,00. As ações só começaram a ser negociadas no meio da tarde, pois a BM&FBovespa suspendeu transações com elas até que mais informações sobre a mudança societária no banco fossem divulgadas. Desde a quarta-feira da semana passada, o papel acumula queda de 35,25%, equivalente a R$ 10,22 bilhões em valor de mercado.
"O movimento é o começo da resolução do problema. Não sei, pode-se dizer que se tratava de um mal necessário, mas era a única opção a se fazer", disse o dono de uma gestora carioca.

Agências de risco deflagram rebaixamento de nota e status de 'observação negativa'

Depois de colocar a nota de risco do BTG Pactual em "observação negativa", em seguida à prisão de André Esteves, a agência Fitch Rating tem até seis meses para definir se a instituição será ou não rebaixada. Nada impede, porém, que, diante de um fato novo, a agência tome uma decisão a qualquer momento, antes desse prazo, afirmou, nesta quarta-feira, Claudio Gallina, diretor sênior e responsável pela área de bancos da Fitch.
"Com a prisão de Esteves, colocamos a perspectiva do banco sob observação negativa e agora acompanhamos a evolução da liquidez do banco. Fazemos também uma análise do futuro da franquia. Que banco será o BTG no futuro? Esse é um ponto muito importante nessa avaliação. Novos eventos, como uma saída forte de recursos por muito tempo, podem levar o comitê a uma revisão (da nota do banco) em um prazo mais curto", disse Gallina. A Moody's, por sua vez, rebaixou a nota do BTG Pactual de grau de investimento para especulativo. A nota de crédito do banco caiu dois degraus: passou de Baa3, última nota de grau de investimento, para Ba2, segunda nota do grau especulativo. A agência colocou o BTG em revisão para rebaixamento no último dia 25 e informou hoje que mantém o banco em análise.
Segundo a agência, o rebaixamento incorpora as dificuldades do banco em conservar a liquidez (recursos disponíveis), após a prisão do presidente do banco, André Esteves. A Moody's diz que a gestão do banco adotou medidas como venda de ativos e parada na concessão de empréstimos. "Embora as medidas se destinem a restaurar a confiança nos seus clientes e as contrapartes, o banco permanece exposto a pressões de liquidez." A agência acrescenta que o BTG irá enfrentar um custo mais elevado de financiamento, o que vai pressionar sua habilidade de gerar alta rentabilidade, que tem sido importante para construir o seu capital.
Ontem, a agência Standard & Poor's rebaixou o rating de longo prazo em moeda estrangeira do BTG Pactual de BB para BB- e o rating de longo prazo em escala nacional de brAA- para brA-. O rating de curto prazo em escala global foi mantido em B, e o rating de curto prazo em escala nacional foi rebaixado de brA-1 para brA-2. As perspectivas dos ratings, que estavam em observação, foram revisadas para negativas. "O banco tem um vácuo de liquidez substancial para cumprir suas obrigações financeiras nos próximos 60 dias, a menos que o BTG seja capaz de vender ativos ou acessar linhas de crédito dos órgãos reguladores financeiros brasileiros."