A presidente Dilma Rousseff (foto, PT) poderá ter de enfrentar outra crise política em 2016, mas, dessa vez, interna e com muita turbulência. Na última reunião do ano, ela tratou com os ministros de seu governo de temas espinhosos, como a reforma da previdência e a simplificação tributária. A reforma da previdência é praticamente uma pauta-bomba que vem do Planalto. A aceitação do tema entre os parlamentares do PT é quase nula. Quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentou, o PT rachou com o governo e houve uma debandada de parlamentares. Com Dilma, a ameaça do impeachment uniu os petistas em torno da presidente. Mas mudar a previdência poderá ter consequências políticas terríveis. Dilma, que antes do processo de impeachment estava mal vista por setores de seu partido, poderá implodir o consenso que se construiu ao seu redor. Já a simplificação tributária poderá ser outro vespeiro. Enquanto todos querem mudanças nos impostos, não há consenso sobre o que mudar. E qualquer modificação na estrutura tributária enfrenta ferrenha oposição dos governadores e prefeitos. Como 2016 é ano de eleições municipais, os governadores e prefeitos poderão retirar o tão precioso apoio para 2018.
A continuação da CPMF
Dilma também se encontrou com governadores para tratar, entre outros assuntos, da recriação da CPMF. Mais de 10 foram, entre eles, Rodrigo Rollemberg, do Distrito Federal; Luiz Fernando Pezão, do Rio de Janeiro; Geraldo Alckmin, de São Paulo; Fernando Pimentel, de Minas Gerais; e Flávio Dino, do Maranhão. A CPMF, que já havia sido tratada com os ministros, é outro tema que poderá gerar crise entre aliados. A base governista já brigou por conta do tema, está rachada e poderá ficar ainda mais dividida com o novo e velho imposto.
Governo cruel
O senador gaúcho Paulo Paim (PT) vem alertando o governo sobre as ações contraditórias que vem tomando. "O governo federal propõe reformas trabalhista e da previdência social. Nem os governos antidemocráticos e neoliberais foram tão cruéis com os trabalhadores brasileiros", disse. "O objetivo do governo é revogar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) - uma conquista histórica dos brasileiros. Isso é lamentável. Não aceitamos o negociado acima do legislado. Essa proposta mancha o currículo de qualquer governo. Uma vergonha. Entra governo e sai governo, e os ataques à Previdência continuam. A Previdência não é desse ou daquele governo. Ela é dos trabalhadores. Mais uma vez, querem que os trabalhadores e os aposentados brasileiros paguem a conta."
Contas de Dilma
De qualquer forma, Dilma terá que segurar essas pautas até março. Nesse mês, o Senado irá votar as contas de 2014 de Dilma. Pelo cronograma elaborado pela Comissão Mista de Orçamento (CMO), o relator das contas, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), tem até o dia 28 de fevereiro para apresentar parecer sobre as emendas de deputados e senadores enviadas a seu parecer. O relatório final deverá ser votado na comissão até o dia 6 de março. No parecer apresentado à CMO, Gurgacz propõe a aprovação das contas de 2014 da presidente com três ressalvas.